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Depois do Lumiar, é a freguesia da Misericórdia que está a formar um coro roqueiro. Falámos com o maestro João Sebastião.
Se é seguidor de concertos de música erudita, é provável que este nome lhe diga alguma coisa. João Sebastião é cantor solista desde tenra idade, tendo já emprestado a sua voz de tenor ao Coro Gulbenkian, Coro do Teatro Nacional de São Carlos e a importantes coros internacionais. E é dele a voz masculina do projecto Rodrigo Leão & Vox Ensemble. É ainda professor de canto em aulas privadas e neste momento é maestro de três coros em Lisboa: Coro Staccato, Coro do Clube Ferroviário e Coro Rock do Lumiar. No meio disto tudo, quis fundar mais um, que teve o primeiro ensaio esta segunda-feira, o Coro Rock da Misericórdia. É que João Sebastião está numa espécie de missão: criar em Lisboa um coro semelhante ao London Ensemble, que junta todos os coros da cidade britânica num só e com um repertório que vai de Pavarotti e bandas sonoras de filmes a Queen e Paul McCartney. “Estamos a falar de realidades diferentes, mas é uma possibilidade pensar grande para atingir metade dessa gente”, diz à Time Out, referindo-se aos cerca de 400 elementos que compõem o London Ensemble.
O primeiro coro que fundou foi o Staccato, em 2014, por vontade dos seus alunos privados que o desafiaram a fazê-lo. “Foi por aí que comecei a dirigir coros meus”, explica. Dois anos depois criou o do Lumiar, mas com um repertório diferente, entre a pop e o rock, inspirado noutros coros semelhantes que existem por esta Europa fora. O Coro Rock do Lumiar começou logo com uma grande adesão, com cerca de duas dezenas de pessoas no primeiro ensaio (hoje são 40). Algo “assinalável” para o maestro cantor. “Achei que era uma receita que estava a resultar e seria interessante formar um ou mais coros rock”, adianta.
O segundo passo está dado na Misericórdia e há a possibilidade de fazer nascer um terceiro e último coro rock, talvez na Amadora, uma cidade de tradição roqueira. “Mas isso ainda está em projecto e tenho de me organizar, porque pode ser demasiada coisa”, desabafa. O repertório pode ser Abba, David Bowie e por aí fora, com temas que podem vir dos anos 50 pois acabam por ser relativamente transversais a diversas gerações. E não precisa de ser uma Elisabete Matos para participar. Mas atenção também não convém ser uma Natália de Andrade. “Eu nunca fiz audições, a não ser para perceber se vai mais para as vozes agudas ou graves. O objectivo não é criar um coro de imensa qualidade, é abranger o maior número de gente possível”, explica, ressalvando que pode haver sempre um ou outro caso perdido.
A escolha da Misericórdia para um segundo coro rock na cidade, prende-se não só com a tradição do rock no Bairro Alto nas décadas de 80 e 90, mas também por estar longe do território do Lumiar. O Coro Rock da Misericórdia já arrancou com duas mãos cheias de gente e ainda aceita inscrições dos cidadãos interessados que tenham mais de 18 anos. Os ensaios decorrem no Pólo de São Marçal da Junta de Freguesia às segundas-feiras, entre as 21.30 e as 23.00 e a participação custa apenas 5€ por mês. Um valor quase simbólico e uma espécie de investimento antifaltas. A ficha de inscrição encontra-se em www.jf-misericordia.pt.
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