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A primeira noite suspension acontece esta sexta na ZDB com DJ sets, workshops, performances e até um debate sobre electrónica e saúde mental. Falámos com os fundadores da nova label que quer representar uma geração queer e talentosa.
“Pedimos desculpa pela nossa ausência mas temos estado de luto pelo presente estado da vida nocturna lisboeta.” Assim começava a carta escrita em Junho na página de Facebook da mina, a festa queer techno da Rabbit Hole, que é uma lufada de ar underground na noite da cidade desde 2017, mas que tem encontrado muitos obstáculos para se realizar mensalmente. Começou por ser no Fontória, “antigo bordel, agora transformado em bar de gin”, conta marum (Pedro Marum), um dos residentes, e à medida que foi ganhando popularidade e cada vez mais ravers foi difícil descobrir um espaço que a acolhesse sem reservas nem problemas com os seguranças (como dizem ter acontecido anteriormente noutras edições, as últimas no Titanic Sur Mer).
“Enquanto a cidade se molda às necessidades turísticas e o centro se despovoa de locais, conseguir organizar eventos comunitários sem patrocínios, como a mina, torna-se numa tarefa cada vez mais árdua”, suspiravam na carta.
Depois de um hiato forçado neste Verão, a 14.ª edição da mina regressa finalmente a 17 de Novembro num novo espaço, afastado do centro. Antes disso, há novidades fresquíssimas vindas do colectivo queer feminista que criou a festa. Marum e Bleid (Mariana Fernandes), dois dos DJs residentes da mina, lançam esta sexta a suspension, a primeira noite de eventos da label e agência com o mesmo nome, “uma estrutura independente”, sublinha marum, que quer dar visibilidade a novos artistas.
“O colectivo cresceu, novas produtoras e DJs nasceram da mina e começámos perceber que estávamos a ser bastante requisitados para showcases e que era interessante começar a editar e lançar música, pensar numa label para representar e lançar projectos de pessoas associadas e não só”, explica.
Sediada entre Lisboa e Berlim, onde Bleid e marum vivem, a suspension quer ser uma plataforma de lançamento para o trabalho desta nova geração de DJs, artistas e produtores que nem sempre encontram representatividade em Lisboa.
“Nas agências de artistas na área da música electrónica não há praticamente mulheres representadas nem pessoas queer”, salienta Bleid. Além de colmatar isso, o objectivo da suspension é também reunir pessoas que se preocupem com a política do espaço e dos eventos onde tocam e reflectir sobre aquilo a que chamam de “clubbing politics”.
Aliás, a primeira suspension, sexta, a partir das 18.00, na Galeria Zé dos Bois, terá um debate sobre saúde mental e precariedade na música electrónica. Acolherá também a projecção de vários filmes sobre clubbing, performances e um workshop de CDJ dado por Violet, da Radio Quântica, das 18.00 às 20.00.
Os sets estão a cargos de nomes habitués da mina (PREC e os próprios Bleid e marum), além de Gyur e Lou Drago, este último de Berlim. A suspension regressa na semana seguinte em Berlim e deverá acontecer em Lisboa “duas/três vezes por ano”, dizem.
Sexta, 18.00-03.00, na Galeria Zé dos Bois. Rua da Barroca, 59 (Bairro Alto). 4€ até às 20.00, 7€ depois das 20.00