Notícias

A nova Browers Beato é uma pequena cervejeira, mas uma grande cervejaria

A microcervejeira do Super Bock Group abriu finalmente as portas ao público, no Beato Innovation District. Fomos lá beber uns copos e comer uns cachorrinhos.

Luís Filipe Rodrigues
Editor
Browers Beato
DRBrowers Beato
Publicidade

O longo balcão é a primeira coisa que chama a atenção quando entramos no novo bar e cervejaria do Super Bock Group, no Beato Innovation District. Prolonga-se por 30 metros, quase tantos como a largura da sala, com 40 bancos à frente e uma vista privilegiada para a cozinha e para os tanques carregados de cerveja da Browers, a mais recente microcervejeira da zona oriental da cidade, de portas abertas desde 11 de Novembro.

Já não era sem tempo. O espaço foi apresentado ao público ainda em 2018 e recebeu, no mesmo ano, a primeira edição do festival Beer Generation. Só depois começaram as obras de renovação da antiga central eléctrica da manutenção militar de Lisboa. O projecto dos arquitectos Eduardo Souto Moura e Nuno Graça Moura tentou “respeitar muito daquilo que era a traça original do espaço. Até houve alguns materiais e estruturas que foram mantidas, como o gerador que está aqui”, de acordo com o director de marca da Browers, Rui Mota. Todavia a pandemia e outras circunstâncias “acabaram por atrasar um bocado a abertura”.

Enquanto a fábrica do Beato não abria, os responsáveis pela marca não estiveram de braços cruzados. Desde pelo menos 2019 que encontramos as suas cervejas em restaurantes, nalguns bares – especializados em cerveja artesanal, mas não só – e em festivais, incluindo o Beer Ato, organizado de dois em dois pela marca. Também são eles que produzem a India pale ale (IPA) das cervejarias portuenses Brasão, por exemplo. E fizeram um par de bebidas em colaboração com pequenas cervejeiras, incluindo uma baltic porter com a KUNHA e uma imperial stout com a Lupum.

Agora, contudo, estão concentrados na Browers Beato – apesar de continuarem a fornecer cerveja a alguns restaurantes e bares, sobretudo no norte do país. O projecto, desenvolvido em parceria com o grupo de restauração Plateform, tem múltiplas vertentes. É uma fábrica com capacidade para produzir mil litros de cerveja, que pode ser provada in loco, do meio-dia à meia-noite, de quinta-feira a sábado, e até às 23.00, de domingo a quarta-feira. Mas também é um restaurante, com 250 lugares: 166 no interior (incluindo 40 ao balcão) e mais 84 na esplanada. E um palco para concertos e workshops, com programação regular.

Uma cervejaria portuguesa, com certeza

A carta do novo espaço foi desenvolvida pelo chef Luís Gaspar, responsável por restaurantes como a Sala de Corte ou o Pica-Pau, que integram o portefólio da Plateform. “Ele já teve outras marcas em que também trabalha a gastronomia portuguesa”, sublinha Soraia Mangi, a brand manager do grupo de restauração português. “Aqui, juntou aquilo que é icónico de Portugal com o que também são as cervejarias habituais portuguesas, um segmento muito específico.”

Browers Beato
DRBrowers Beato

“O chef chegou a ir fazer uma cerveja connosco a Leça, antes de termos a fábrica aqui. Creio que uma nitro stout, ou uma oatmeal stout. Esteve envolvido no projecto desde o início”, acrescenta o director de marketing da Browers. “Nesse primeiro momento, provou também as outras cervejas que queríamos ter aqui e, inspirado nelas, desenvolveu uma proposta de carta. Acho que ainda em 2019, se não estou em erro. Obviamente foram feitos afinamentos, mas sempre houve uma noção muito de quais seriam as cervejas que teríamos aqui e que propostas gastronómicas podiam ir ao seu encontro.”

A carta actual abre com uma coluna de petiscos frios, como o casco de sapateira (12€), a gamba da costa (9), as saladinhas de polvo (12€) e de orelha de porco (5€), o presunto alentejano (8€) ou queijo de Nisa (5€). E quentes, incluindo gambas ao alho (9€), choco frito com maionese de limão (12€), ovos rotos com presunto de porco preto alentejano (8€); ovos mexidos com alheira de caça e espargos (8€), rissóis de leitão (6€), croquetes de novilho (4€), pica-pau do lombo (18€), o cachorrinho do Beato (6€), inspirado nos seus congéneres da Batalha, e duas opções vegetarianas: pimentos padrón (6€) e peixinhos da horta (6€).

Entre os pratos principais estão o bacalhau à Brás (18€) e à minhota (19€), o polvo à lagareiro (19,5€), a açorda de gambas (16€), o Brás de cogumelos (14€) e opções típicas de qualquer cervejaria, como o bife à cervejeira de vazia (18€) ou de lombo (26€), o prego de novilho, também de vazia (12,5€) ou de lombo (15€), e a francesinha (16€). Tem ainda hambúrguer de novilho com cheddar e bacon (16€), bitoque (16€) e alheira de caça (14€). Para a sobremesa, há clássicos como a baba de camelo, natas do céu, bolo de bolacha, pudim de ovos, mousse de chocolate ou fruta da época (custam todas o mesmo, 4€).

Simão Nisa é quem executa a carta pensada por Luís Gaspar. De acordo com o chef, nestas primeiras semanas, “muitos dos pedidos são petiscos, quer sejam frios ou quentes”. Não é o único que se destaca, porém. “Temos alguns [pratos] que, até por estarmos envolvidos com a Super Bock, remetem um bocadinho para o norte do país, como os cachorrinhos do Beato”. Ou o bacalhau à minhota. Ou a francesinha, cujo molho “tem a particularidade de ser feito mesmo com a cerveja da Browers, o que lhe dá um gosto e uma textura completamente diferentes”. O mesmo aplica-se ao bife à cervejeira.

Por agora, o menu é este. Se bem que isso pode mudar. “Ainda estamos a afinar a carta”, reconhece Simão. “Quando pensamos em cerveja, associamos a marisco, e foi algo que nós não implementámos muito. No futuro queremos pensar além da gamba da costa e dos cascos de sapateira. Mas temos de ver a operação a funcionar para podermos ir depois para a parte do marisco, porque é sempre um produto sensível”, justifica. E é importante, para ele, “não se fazer um stock de material e o produto ir perdendo qualidade”.

Browers Beato
DRBrowers Beato

Então e a cerveja?

A carta de bebidas também vai sofrer alterações. Por agora, há apenas oito cervejas da casa, servidas em copo ou caneca: uma lager, uma kellerbier, uma blanche, uma APA, uma IPA, uma brown ale, um barleywine e uma nitro stout. “Vamos também ter um tasting tray, porque reduz a barreira à experimentação", promete Rui Mota. “Estamos a projectar ter cerca de quatro opções para prova. Tipicamente, é o que as pessoas pedem.” Além disso, vão começar a ter cervejas convidadas, ou produzidas em colaboração com pequenos produtores, em sete das 15 torneiras. Para aumentar a diversidade da oferta. 

Um dos objectivos deste projecto é educar o público para esta variedade. “Há muita gente em Portugal que diz não gostar de cerveja”, nota o director de marketing. Mas isso é porque só bebeu lagers industriais. Para lá do que conhecem, há cervejas para todos os gostos. “Queremos oferecer às pessoas maior conhecimento sobre cerveja. Como é que é feita e a diversidade cervejeira que poderão encontrar”, continua. “Não estamos necessariamente focados na construção de volume, estamos mais focados na construção de valor.”

Muitos dos produtores de cerveja artesanal que nos últimos anos se impuseram no mercado partilham este espírito de missão. E a Browers não pretende substituí-los, garante Rui Mota, mas complementá-los. “Para nós o importante é trabalharmos todos para a construção da categoria. Tal como acontece com os vinhos, em que há uma lógica muito cooperativa, se calhar nas cervejas também seria importante colaborar”, defende. “A nossa perspectiva aqui é muito essa, trabalhar em colaboração, em parceria. Não é por acaso que temos uma relação bastante saudável, entendo eu, com os nossos vizinhos. E queremos mantê-la.”

Travessa do Grilo, 1 (Beato). Dom-Qua 12.00-23.00, Qui-Sáb 12.00-00.00

🎄Milagre de Natal – uma festa com TUDO à discrição

🏃 O último é um ovo podre: cruze a meta no Facebook, no Instagram e no Whatsapp

Últimas notícias

    Publicidade