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Teatro, cinema, música e dança. Tudo irá encontrar o seu espaço no Edifício Cruzeiro, construído no Estoril para albergar o primeiro centro comercial do país, em 1951. Após décadas ao abandono, foi adquirido pela Câmara Municipal de Cascais (CMC) em 2016 para se transformar num dos mais importantes pólos culturais do concelho. Depois do Bairro dos Museus, nasce a Vila das Artes – e esta será uma das paragens obrigatórias, dando casa a várias estruturas da cultura da zona.
A obra arrancou há cerca de dois anos e não falta muito para estar concluída: embora numa entrevista em Maio ao Diário de Notícias, Carlos Carreiras, presidente da CMC, tenha previsto a inauguração para Setembro, o município confirma à Time Out que a abertura será no final deste ano, como previsto anteriormente.
No Edifício Cruzeiro será instalado um auditório municipal com 400 lugares, uma biblioteca especializada em obras cinematográficas e ainda instalações destinadas à Escola Profissional de Teatro de Cascais, propriedade da CMC e do Teatro Experimental de Cascais (TEC), a poucos passos de distância. O edifício tem ainda na vizinhança o Conservatório de Música de Cascais, a Escola de Dança, o Museu da Música Portuguesa e o Casino Estoril – que juntos vão compor a chamada Vila das Artes. “O Cruzeiro vai ser a âncora da Vila das Artes dedicada às artes performativas, tal como o Bairro dos Museus é dedicado às Artes Plásticas”, disse Carlos Carreiras, em Janeiro, no âmbito de uma visita à obra, acrescentando que “será um equipamento que vem reforçar a oferta de teatro, cinema, música e dança no concelho, mas também formar todo o talento que vai passar por aqui”.
A intervenção, que representou um investimento de oito milhões de euros, passa primeiro pela preservação da fachada do icónico edifício desenhado pelo arquitecto Filipe Nobre de Figueiredo. Tudo o resto foi abaixo para dar lugar a uma estrutura desenhada com o traço do arquitecto Miguel Arruda, que no seu portfólio conta com espaços como a Biblioteca de Vila Franca de Xira (2014), o Centro Cultural do Bom Sucesso (2009), também em Vila Franca, ou o Pavilhão Multiusos do Arade (2009), no Algarve.
Entre a Rua do Viveiro e a Avenida das Acácias, o edifício começou por acolher o Centro Comercial Cruzeiro, inicialmente frequentado por “monarcas europeus e gente endinheirada que ficou por Portugal no período pós-guerra”, diz a CMC. Com o avançar dos anos, foi definhando lentamente até sobrar apenas uma popular pizzaria que abriu nos anos 80. “O edifício foi perdendo vida, ao ponto de não ter mais qualquer actividade coadunante com a finalidade com que havia sido construído.” Em 2016, o município comprou o edifício ao então proprietário, o Fundo de Pensões do Banco Português de Investimento (BPI), por 121 mil euros.
Segundo a descrição do novo projecto, partilhada pelo ateliê de Miguel Arruda, “o programa do novo edifício tem como elemento aglutinador o espaço de ‘Praça’, que permite através do efeito de descompressão, a transição das diversas realidades da proposta”. Num espaço anteriormente vedado, será criada “uma área de fruição pública”, permitindo “uma reconversão urbanística genuína associada a uma forte componente social e cultural, procurando contribuir assim, sob o ponto de vista urbanístico, para uma intencional relação entre espaço público e privado''.
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