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Não é um bar, não é uma discoteca, (ainda) não é um restaurante. O Ferroviário reabriu a 100% depois de um ano em renovação total. Fomos conhecer o novo espaço com comida, bebida e uma vista incrível sobre a cidade.
“A nova lisboa está a começar aqui”, diz Nuno Correia Pereira, um dos sócios do grupo que detém as Espumantarias e o Peixola e ganhou a concessão do Clube Ferroviário, em Santa Apolónia, há um ano. Acima está a Graça e Alfama, zona antiga, aos nossos pés a estação ferroviária e o rio Tejo, do outro lado o Beato e Marvila, a tal zona da cidade em crescimento. O novo Ferroviário, que reabriu há dias e em Junho tem já programação ecléctica variada, quer ser um marco entre estas duas zonas e um sítio de paragem obrigatória para lisboetas, para comer e beber, dar um pé de dança ou ficar simplesmente a contemplar.
O espaço tem 800 metros quadrados, mas é inevitável começarmos pelo último piso: uma esplanada tropical, que nos faz esquecer onde estamos. Antes estava meio despojado, agora tem plantas tropicais, mesas e candeeiros em verga, almofadas, muito verde nos balcões ou no palco ao fundo, que será tela para o cinema ao ar livre ou poiso para músicos.
É neste piso, projectado pelo arquitecto Ricardo Seguro Pereira, que vão explorar a parte gastronómica, primeiro numa vertente pop-up, com o chef colombiano Nico Martinez Villalba que a partir de dia 7 serve um género de finger food fresca mas composta – há ceviche de cogumelos com raddichio e floretes de brócolos (7€), shots de ceviche com camarão da costa (três unidades, 12€), um capuccino de camarão com espuma aioli e croutons (4€) ou uma sanduíche de barriga de porco cozinhada a baixa temperatura, ananás fresco, coentros, cebola e salsa verde, acompanhado por uma banana pão frita (10€).
“Não quisemos transformar isto num bar de hotel. Isto é uma estação. Assumimos essa lógica industrial com orgulho”, reforça Nuno. A ideia é ter uma programação muito diversa e com projectos de várias áreas, especialmente de pessoas que estejam a começar, seja um artista plástico ou um músico. “A base é poder estar a beber um copo e ficar, o resto são coisas que acrescentam valor ao projecto”, continua. Desde que ganharam a concessão foram fazendo pequenos ajustes aqui e ali, mantendo um e outro espectáculo sem nunca fechar o espaço por completo mas sem nunca o comunicar e tendo sempre presente que este é um equipamento público – o Clube Ferroviário de Portugal é uma colectividade criada por trabalhadores do sector ferroviário há mais de meio século e é neste edifício que têm aulas de tango, de ginástica e de yoga.
A parte da gastronomia é um desses complementos do projecto. “Entra na lógica global de escolha de projectos, de curadoria de elementos diferentes. Andámos a pesquisar diferentes possibilidades, até porque temos o know how, com as Espumantarias e o Peixola, mas achámos que neste caso particular era importante dar espaço também a algum chef que não o nosso, que esteja a começar e que esteja a propor uma coisa diferente”, diz, referindo-se às propostas orgânicas de Nico Martinez Villalba, o colombiano que por agora estará à frente da cozinha. “A segunda fase do projecto será uma coisa mais fixa em termos de restauração”, adianta, com o chef Victor Hugo, das Espumantarias e do Peixola, no comando, e uma ideia de experiência diferenciadora, mas ainda sem datas. “Se percebermos que faz mais sentido continuar com uma coisa efémera durante uns tempos, continuamos”, assegura.
Enquanto a carta de comidas só entra em pleno funcionamento dia 7 – está neste momento em afinações finais, parte do soft opening –, a de bebidas já está completa. E traz, novamente, os conhecimentos adquiridos nos outros espaços do grupo: há 12 cocktails, como o Cabaré da Roxa, uma bebida agridoce com vodka, ginjinha, sumo de beterraba, puré de morango, sumo de lima, aipo e vinagre balsâmico (9€), ou o mais clássico Bellini Ferroviário, com champanhe e puré de meloa e pepino (13,50€), e uma carta de bebidas muito completa, dos gins ao whiskey japonês, sangrias e cervejas artesanais.
A luz pede que se chegue cedo (por enquanto o espaço abre às 18.00 mas tantos já foram os pedidos que os responsáveis já ponderam abrir mais cedo) e se deixe ficar para o pôr-do-sol, sempre com o Tejo aos pés.
Rua de Santa Apolónia, 59 (Santa Apolónia). Qua-Qui e Dom 18.00-02.00, Sex-Sáb 18.00-03.00.
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