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A nova carta do 92º melhor bar do mundo entra em vigor neste domingo, dia 15. Prossegue os twists dos cocktails clássicos, só que agora fá-lo com alguns menos conhecidos.
Educação. Convém educar. Convém saber que um clássico é um clássico e que cada clássico leva x ingredientes e é feito sempre de uma certa maneira. É quase como a literatura, onde há livros que temos de ler. E é esse trabalho de workshop-in-progress (esperemos que ninguém se importe com esta aglutinação estranha), de formação ou pós-gradução, que o Red Frog tem feito desde sempre.
A partir de domingo, o bar do sapo vermelho, dá-nos uma nova carta que Paulo Gomes, um dos donos do projecto (a meias com Emanuel Minez), garante ser uma transição saudável entre o primeiro volume da carta (que tem seis meses). Daí que esta nova se chame “The Modern Speakeasy vol.1.5”: “É um 1.5 porque é um upgrade do volume 1, isto porque estamos a pensar no início do próximo ano mudar o conceito mais a sério e aí sim será um volume 2. Por agora estamos antes a rectificar algumas coisas que não correram tão bem e a arriscar outras que achamos fazerem sentido”.
A aposta está agora na desconstrução de alguns clássicos, uns mais conhecidos do que outros, até porque, como sabemos, até o mais clássico dos cocktails é originário de outro cocktail. “Os twists nos clássicos é algo que tem resultado e que os clientes, que já conhecem bem os clássicos, começaram a perceber. E como não queremos recuar estamos a fazer twists de cocktails pouco conhecidos até para quem conhece cocktelaria”, avisa Paulo Gomes.
Outro dos dados para esta nova carta é a forte introdução do vermute, que além de estar na moda é “amplamente desconhecido em Portugal”, garante. A isto juntam alguns ingredientes algo estranhos para estar num cocktail, ou, pelo menos pouco habituais: urtigas, folha de figo, folha de ostra, feno, carvão.
Então e os cocktails? Começamos com o Modern Talk (11€, vodka, vermute rouge, vermute seco, azeitonas e alcaparras), um 50/50 Dirty Vodka Martini twist e que tem 24% de volume alcoólico.“Estamos a falar de um cocktail que leva vodka, vermute rouge, vermute seco, azeitonas e alcaparras", explica Paulo Gomes. "Mas quando olhamos para o copo é transparente. Através de um processo de destilação conseguimos ter os aromas do vermute rouge mas sem a cor e com menos intensidade, também. E também fazemos uma destilação da azeitona e da alcaparra. Chama-se Modern Talk por isso mesmo, é o twist de um clássico, mas utilizamos toda a tecnologia, é linguagem moderna”, continua. Tudo isto com um pairing de folha de ostra, azeitona, vol au vent com tapenade de azeitona – sendo um cocktail tão intenso e que muda de cinco em cinco minutos, o Red Frog sentiu a necessidade de ir buscar esses aromas com estes pairings.
O Decadence Legs (11€, Martini, vermute, gin, arando, louro, hibiscus) vem do clássico Cosmpolitan: “Toda a gente pede devido à série [O Sexo e a Cidade] e quando vão a experimentar, se for bem feito, é muito menos doce do que se espera”, clarifica o barman. “Nós agarramos na receita do Cosmopolitan, mas servimo-la de outra maneira, numa versão highball. Queríamos que fosse ainda mais generoso. O nome é uma brincadeira. A geração que bebeu Cosmopolitans quando ele surgiu está neste momento com 50, 60 anos.”
Outro dos cocktails deste volume 1.5 é o To Famous to Be Naked (11€, tequila, Chartreuse verde, bitter amaro, toranja salgada e acids affair), que vem de um cocktail pós-moderno chamado Naked & Famous. “Desconstruimos isto e quisemos introduzir a tequila – os famosos nos EUA bebem todos tequila – e o original é feito com limão e nós estamos a utilizar toranja porque liga melhor”, conclui Paulo Gomes. Como vê, a partir de domingo, não lhe faltam razões para tocar à campainha do número 5A da Rua do Salitre.