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Von Di sentia “uma necessidade de criar mais espaços seguros de clubbing”. Foi por isso que, inspirada pelo “Dengo Club de Saint Caboclo”, organizou a primeira Digital Destiny em Lisboa em 2022, e desde então já replicou o conceito no Porto e no Algarve. Mas a próxima edição é especial: realiza-se pelas 21.00 de sábado, 14, num parque infantil, com escorregas e uma piscina insuflável.
Nascida há 29 anos e DJ “há 13 [anos], desde os 17”, começou recentemente a organizar eventos e a criar a sua “própria comunidade”, detalha. “Já há algum tempo que queria fazer festas em lugares que não associarias ao clubbing. Num supermercado ou numa lavandaria, por exemplo. Entretanto lembrei-me do parque onde costumava fazer as minhas festas de aniversário quando era pequena, e liguei para lá. Desenvolveu-se tudo a partir daí.”
“Foi uma coisa super-impulsiva”, confessa. Mas começou a fazer cada vez mais sentido à medida que o tempo ia passando. “Porque para mim as experiências de clubbing têm de ser mais leves. E, para as pessoas se divertirem mais, é fixe mudar o ambiente.”
Parece que o público concorda com ela. O local que vai acolher Digital Destiny Playground ainda não foi anunciado, mas a primeira fornada de bilhetes esgotou num ápice. Entretanto, foram colocados à venda online mais alguns ingressos, “mas em quantidade muito limitada”, por isso é pouco provável que durem até sábado. Até porque, explica, prefere ganhar menos dinheiro com a bilheteira, mas “garantir que todas as pessoas têm espaço para dançarem e para irem um bocado ao playground”.
Além de Von Di, vão passar pela cabine deste Playground Saint Caboclo e Umafricana. “A primeira Digital Destiny em Lisboa teve o mesmo alinhamento”, recorda. Também estavam os três no cartaz da estreia no Algarve. “E é especial ter estas pessoas comigo no início desta nova etapa”, adiciona. “Adoro o clubbing e quero continuar a colaborar com clubs. Mas queremos proporcionar uma experiência diferente e chegar a outro tipo de pessoas. Acho que isso nos vai diferenciar imenso.”
O essencial, contudo, não vai mudar nesta nova etapa do projecto. “Continua a ser um espaço seguro, onde as pessoas se podem apresentar livremente, dançar e divertir”, sublinha. Com cartazes compostos por “mulheres e [membros das comunidades] BIPOC e LGBTQ+”, acrescenta. São pessoas que – sabe por experiência própria – têm mais dificuldade em arranjar clubes e discotecas onde tocar, porque, quando estabelecem os primeiros contactos, “há sempre um pé atrás”.
A conversa parece ter terminado, e já nos estamos a despedir, quando a DJ e promotora lança um alerta: “Cheguem cedo”. “As portas abrem às nove, e têm de estar fechadas às duas da manhã.” É que “o parque vai ser usado no dia seguinte para festas de crianças”, e a organização precisa de deixar tudo nos trinques antes de entregar a chave. “Queremos que, durante cinco, seis horas, as pessoas possam ser elas mesmas.” Aproveitem.
Local secreto (Área Metropolitana de Lisboa). Sáb 14. 21.00-02.00. 15€-20€
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