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A galeria perdeu parte da sua amplitude, tudo por conta da parede branca que se ergue agora a poucos metros da entrada. É uma forma de criar um primeiro momento em "Phenomena, Color Spaces, Structural Honesty", exposição que inaugura esta sexta-feira, pelas 19.00. Com ela, Felipe Pantone regressa à Underdogs, sete anos depois da última (e até agora única) passagem pela galeria lisboeta. Numa jornada de mais de duas décadas, onde a luz e a cor o têm acompanhado sempre, o artista espanhol, de origem argentina, tem encontrado sempre uma frecha para a experimentação. As telas bidimensionais são um capítulo já escrito – os novos trabalhos, dez ao todo, trazem-no para o campo da tridimensionalidade.
"Já estava a tentar fazer este tipo de trabalho há algum tempo. Tinha algumas ideias e achei que seriam perfeitas para este espaço", começa por explicar o artista durante uma conversa com a Time Out, na véspera da inauguração. O que durante as próximas semanas vai mostrar entre quatro paredes é o culminar de um percurso que começou na rua e, em simultâneo, nas Belas Artes, que evoluiu com uma incursão autodidacta pela informática e com a entrada – como muitos da sua geração – no circuito das galerias de arte. "É uma exposição bastante especial para mim. Venho do graffiti, mais tarde comecei a trabalhar com pintura. Trabalhei a duas dimensões durante a maior parte da minha vida. Fui acrescentado isto e aquilo e, de repente, estava no território da escultura. Depois, ainda introduzi uma quarta dimensão, o tempo, através de peças que se movem – e se há movimento há tempo", refere.
Suspensas, as obras de Pantone exigiram focos de luz neutra. Ao incidirem sobre as variações cromáticas, os objectos assumem as suas tonalidades mais vibrantes. "Estas peças em particular estão entre o 2D e o 3D. São pinturas, no sentido em que estão emolduradas, mas estão suspensas. Podem ser vistas de todos os ângulos. E juntas, as peças formam uma espécie de constelação. Por isso é que achei logo que este seria o espaço perfeito", conclui.
Materiais como o aço e o acrílico são já velhos conhecidos, embora haja pequenas marcas de inovação, como o uso de aço inoxidável e de laser para gravar as peças a cores. "Há elementos que, conscientemente, coloco nas peças, numa tentativa de que o público sinta alguma coisa, que se questione. Acho que ao usar novos materiais, novas técnicas, faço as pessoas pensarem sobre o presente, quem sabe sobre o futuro. Muitas das imagens são geradas por computadores e isso põe-te automaticamente perante a era digital. Quero que olhem para a minha arte e tentei reflectir sobre o que está a acontecer", resume.
"E sempre que desenvolvemos coisas novas, o meu estúdio transforma-se numa espécie de laboratório", assinala. O trabalho acontece em Valencia, onde Felipe Pantone, artista que não se deixa fotografar, decidiu instalar-se numa casa dos anos 70, onde está a construir um espaço de trabalho. "Está quase pronto e já estamos em mudanças. Metade desta exposição já foi feita lá. Aliás, inclui um espaço para exposições e um club onde vamos receber eventos de música e DJs."
A inauguração da nova exposição está marcada para esta sexta-feira, a partir das 19.00. A exposição pode depois ser visitada até 26 de Outubro. Felipe Pantone produziu ainda peças de edição limitada que estarão à venda na galeria.
Na próxima semana, voltará para a rua, para assinar um mural de arte pública na zona das Janelas Verdes – que o autor classifica como "disruptivo". Fica a pronto a 19 de Setembro. "Já andava a graffitar por aqui antes de vir para fazer exposições. Por isso, estou muito ligado à comunidade local do graffiti. Lisboa é uma casa."
Rua Fernando Palha, armazém 56 (Braço de Prata). Ter-Sáb 14.00-19.00. Até 26 Out. Entrada livre
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