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Agora sim, aparece o IndieLisboa, do princípio ao fim

Quase um mês após a primeira fuga de informação (oficial), a programação completa do IndieLisboa foi libertada. Entre 1 e 11 de Maio, o festival de cinema independente regressa a casa.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
Universal Language
©Oscilloscope Laboratories | 'Universal Language'
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Já sabíamos o que nos iriam trazer as secções Retrospectiva, Foco e Director's Cut e também as principais notas das secções IndieMusic e Boca do Inferno. Agora, sabemos tudo. Da sessão de abertura, com notas de realismo mágico num Canadá irmanado com o Irão, à sessão de encerramento, sobre um romance falhado na China, o IndieLisboa tem muito para ver. Entre as fitas, há muito cinema português em destaque, mas também um dos filmes mais badalados do último ano, com Pamela Anderson a mostrar como se faz. E ainda uma série portuguesa e cinema para ver a flutuar.

É com Universal Language que se inaugura a programação desta que é a 22.ª edição do festival de cinema independente de Lisboa. O filme é a segunda longa-metragem de Matthew Rankin, cineasta canadiano experimental que se destacou em 2019 com a sátira política The 20th Century, e faz mais uma viagem por uma realidade paralela à nossa. Desta vez, Rankin realiza, escreve e interpreta uma comédia passada num Canadá (com excepção do Quebeque) onde a cultura é partilhada com a iraniana. O enredo é dividido entre três histórias aparentemente não relacionadas, como a de duas meninas que tentam resgatar dinheiro congelado no chão para ajudar uma colega da escola; a de um grupo de turistas que fazem uma visita guiada muito peculiar; e a de um homem que deixa o emprego e segue em busca da sua mãe. Foi esta a produção que o Canadá candidatou aos Óscares 2025, para a categoria de Melhor Filme Internacional, e embora não tenha chegado às nomeações, Universal Language tem conquistado alguns prémios no circuito de festivais de cinema.

Caught by The Tides
©DR'Caught by The Tides'

O filme que encerra o IndieLisboa é ​​Caught by the Tides, drama do cineasta chinês Jia Zhang-ke que esteve nomeado à Palma de Ouro na última edição do Festival de Cannes. O enredo versa sobre Qiao, uma cantora e bailarina que se envolve com Bin, um produtor musical que se afasta para procurar oportunidades noutro local, com a promessa de a chamar quando tiver dinheiro. O atraso da promessa leva Qiao a partir em busca de Bin. A história decorre ao longo de 20 anos, num filme que é uma espécie de colagem impressionista com recurso a imagens de filmes anteriores de Jia Zhang-ke, acompanhando a evolução da sociedade chinesa nas últimas décadas.

São 238 os filmes que integram a programação deste ano, mas entre eles há dois filmes de culto que vão envolver muita água. É o regresso da secção Cinema na Piscina, que volta a ocupar a Piscina Municipal da Penha de França, este ano com O Grande Lebowski (1998), dos irmãos Coen, e Que Fiz Eu para Merecer Isto? (1984), de Pedro Almodóvar. Uma extensão do festival que também integra a programação do IndieJúnior, com seis curtas-metragens dedicadas aos mais novos.

Cinema, em português

Além da Competição Nacional e da secção Novíssimos, dedicada aos nossos talentos emergentes, os filmes portugueses encontram particular expressão nas secções Rizoma e Silvestre.

Na Silvestre, que inclui filmes marcados pela rejeição de fórmulas e que apostam em novas linguagens, encontra-se Ariel, co-produção que junta Espanha em Portugal, em torno de uma produção de Shakespeare. Realizado pelo galego Lois Patiño, o filme acompanha uma actriz que chega aos Açores para se juntar à digressão da peça A Tempestade, mas descobre que o palco é toda uma ilha e as peças do dramaturgo inglês são interpretadas ao longo do dia, onde o mundo real se confunde com o teatral.

Where Do You Call Home?
©DR'Where Do You Call Home?'

Na secção Rizoma, marcada por obras que abordam questões relevantes do mundo actual, encontramos três produções portuguesas, mas documentais. É o caso de Where Do You Call Home?, de Ana Pérez Quiroga, documentário sobre os milhares de crianças espanholas exiladas na União Soviética durante a Guerra Civil Espanhola, em particular o caso de Angelita Perez, que viveu num colégio interno russo dos quatro aos 24 anos. Será também exibido Memórias do Teatro da Cornucópia assinado por Solveig Nordlung, cineasta sueca radicada em Portugal há largos anos e que realizou vários filmes em colaboração com a companhia de teatro, entre os anos 1970 e 1980. Neste documentário, Nordlung e Luís Miguel Cintra, co-fundador da Cornucópia, fazem uma viagem ao passado com a ajuda de testemunhos de alguns dos protagonistas desta história que terminou em 2016.

Memórias do Teatro da Cornucópia
©DR'Memórias do Teatro da Cornucópia'

Por fim, Nós, Povo das Ilhas, uma co-produção entre Portugal, Cabo Verde e Moçambique, assinada pelo cabo-verdiano Elson Santos e pela moçambicana Lara Sousa. Uma investigação que parte de uma descoberta de Elson: uma fotografia de um grupo de guerrilheiros clandestinos nas montanhas de Cuba, que embarcou numa operação secreta que tinha como objectivo receber formação militar para libertar o país do colonialismo. O documentário parte em busca de alguns dos heróis da independência de Cabo Verde. A Rizoma guarda um espaço para uma série, que passa pelo IndieLisboa em ante-estreia, antes de chegar à grelha da RTP1. Falamos de Casa Abrigo, de Márcio Laranjeira, uma série de seis episódios sobre violência doméstica, com Maria João Pinho, Leonor Silveira, Rita Cabaço e Victoria Guerra.

Longe da lusofonia, na secção Rizoma também se destaca The Last Showgirl, que se estreia em Portugal no IndieLisboa. Filme de Gia Coppola, marca o renascimento de Pamela Anderson nos ecrãs, num papel que lhe valeu o Prémio Especial do Júri no Festival de San Sebastián e também nomeações nos Globos de Ouro e nos Screen Actors Guild Awards. Um filme sobre uma showgirl que após 30 anos de carreira tenta planear um futuro diferente e que no elenco conta ainda com Jamie Lee Curtis ou Dave Bautista.

A programação completa pode ser consultada no site do IndieLisboa.

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