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A recuperação aconteceu à boleia da renovação do edifício adjacente. Falámos com o proprietário da agora chamada Casa Chafariz.
Sempre que um investidor estrangeiro compra um imóvel, o bom português olha com alguma desconfiança. Desde o início do ano que está de portas abertas a Hermitage Castelo – Casa Chafariz, mais um edifício antigo agora dedicado ao alojamento temporário. Colado à fachada do prédio e virado para a movimentada Avenida Dom Carlos está um gigante chafariz que dá pelo nome oficial de Chafariz da Esperança, um projecto iniciado em 1752 por Carlos Mardel, terminado em 1768 por Miguel Ângelo Blasco, e Monumento Nacional desde 1910. E porquê tanta prosa à volta deste assunto? A razão é a seguinte: até ao final do mês o chafariz vai voltar a brotar água como nos bons velhos tempos.
O mote para o seu restauro por parte da Câmara Municipal de Lisboa (CML), porque o monumento é propriedade pública, foi mesmo a recuperação do edifício ao qual está colado, adquirido por Antoine Monnier a um cavalheiro português. “Entenderam que era uma boa oportunidade para a cidade refazer o Chafariz da Esperança”, avançou o francês, adiantando que a CML fez “um projecto sério” que irá não só devolver-lhe a água como iluminá-lo.
Antes da venda da Casa Chafariz, aberta desde o início do ano, havia um apartamento ocupado, um escritório e pouco mais. Agora tem cinco apartamentos espaçosos, com nomes bem portugueses como Santos, Estrela, ou Miradouro, e toda a obra foi feita sob o olhar atento da DGPC. As janelas continuam a ser de madeira, as portas dos apartamentos, os tectos trabalhados e as escadas do edifício foram restaurados e os azulejos antigos foram preservados. Antoine só discordou de ter de manter as portas de entrada para os apartamentos, ou como nos disse, concordou “em 95% das coisas”. Afinal, é um apaixonado por Lisboa e não acredita no conceito de “cidade museu”. “Não comprei pelos metros quadrados, comprei o que eu gosto. Só depois é que medi”, explicou.
Este acaba por ser um negócio familiar: Katarina, a esposa de Antoine, fez a decoração de interiores (entre móveis antigos restaurados e outros de design) e o filho, fotógrafo, espalhou Lisboa pelas paredes da casa. A fachada também recuperou uma cor que já tinha vestido no passado.
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