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Alagados em obras em 2023: a nova edição do jornal Lisbon by Time Out chega este sábado às bancas

Este ano, começam a ser construídos os grandes túneis do Plano Geral de Drenagem, projectado para evitar que períodos de chuva intensa inundem a cidade. Mas a subida do nível do mar está a aumentar ainda mais o perigo de cheias, e as novas construções junto ao rio não estão a ajudar. Nesta edição, fomos percebê porquê.

Vera Moura
Escrito por
Vera Moura
Directora Editorial, Time Out Portugal
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Arlei Lima
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Santa Engrácia foi uma desgraçada. Martirizada e torturada até à morte no ano 303, veio dar nome a uma das mais importantes igrejas de Lisboa séculos depois. Nunca ouviu falar? Percebe-se porquê: é mais conhecida como Panteão Nacional. 

Santa Engrácia foi uma desgraçada. É que, além de uma igreja, deu à cidade – e a Portugal inteiro – um infeliz dizer, dito e repetido entre suspiros e olhos revirados sempre que alguma coisa demora demasiado tempo a acabar. As obras da Igreja de Santa Engrácia, no Campo de Santa Clara, levaram, nada mais, nada menos, que 398 anos a chegar ao fim. Leu bem – trezentos e noventa e oito.

E ei-nos aqui, mais de 1700 anos depois da morte da mártir portuguesa (e mais de 50 depois da construção do Panteão estar concluída), a trazer Engrácia novamente à baila. A razão: as obras previstas para 2023 em Lisboa. Bem sabemos que é assim em todas as grandes metrópoles do planeta, mas o novo ano ainda agora arrancou e o sobrolho já se nos levanta, e os ombros já se nos encolhem só se pensar: vai ser pior do que as obras de Santa Engrácia. 

É a linha circular do metro a remexer com as entranhas da terra e os nervos de quem tenta sobreviver ao trânsito à superfície; são as cheias que todos os Invernos dão cabo de Lisboa, mas que em Dezembro passado foram mais monstruosas do que o costume, obrigando a repensar (mais uma vez) o plano de drenagem da cidade; são os jovens de todo o mundo que, por mais preces que tragam à capital à boleia das Jornadas da Juventude e da visita do Papa Francisco, trazem também um imbróglio de construções especiais para o super-mega evento; e são os empreendimentos de luxo que muito antes de serem luxo são lixo e destruição e caos e atrasos, quase sempre atrasos – os atrasos que nos levam a mais um desabafo sobre as obras de Santa Engrácia. 

Desgraçada, mais um ano em Lisboa. 

Lisboa em obras
João Fazenda

Com ilustração de João Fazenda, o destaque da segunda edição do jornal em inglês Lisbon by Time Out é acompanhado de outras boas leituras: o projecto na Doca da Marinha do chef Miguel Rocha Vieira, que voltou a Portugal e deixou o fine dining para trás; os locais para andar à pêra em Lisboa; ou o projecto Letreiro Galeria, que continua à espera de um museu.

Lisboa é vossa. Lisboa é nossa. Lisboa é by Time Out.

+ As caixas 2por1 Deluxe da Time Out Lisboa estão de volta

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