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A partir de segunda-feira, durante seis dias, o Instagram da Arruada transforma-se numa espécie de café de portas abertas a conversas informais. Dino D'Santiago, Branko, João Manzarra, Márcia ou Kalaf Epalanga encontram-se sem guiões, às 21.30.
Quando o surto de Covid-19 começou a forçar fechos e adiamentos na indústria da cultura, Pedro Trigueiro, director da agência de música e comunicação Arruada, sabia que o momento para reagir tinha chegado. E ele tinha um jogo invulgarmente valioso na mão: em talento, os nomes que fazem parte do cardápio de artistas representados incluem, entre outros, Branko, Dino D'Santiago, Márcia ou Cristina Branco.
Com o prolongar do estado de emergência, chegava a altura de olhar para dentro e perceber que havia um código genético omnipresente, capaz de se materializar. "Quando a Arruada se formou, a identidade era 'Tudo é Arruada'", diz Pedro Trigueiro do lado de lá da linha. "Pensámos: 'estamos em que momento neste momento?'. Um momento em que os lives foram importantes, uma altura em que as pessoas estão a desligar-se das notícias – ou nós assim o percebemos –, porque não mudam muito. As pessoas querem ouvir conversar. É mais acompanhar a conversa, ouvir alguém falar de alguma coisa. Depois sim, ver um filme, uma série."
Desse agregar de vontade e talentos nasceu a ideia de transformar o Instagram da Arruada num café, um espaço de portas abertas a colocar frente a frente personalidades de diversas áreas da cultura: músicos, programadores culturais, fotógrafos, cineastas, apresentadores, todos unidos sob o tecto Arruada para 30 minutos de conversa sem guião.
A programação estender-se-à ao longo de uma semana, com início a dia 20, segunda-feira, e fim no dia 26, domingo. Os músicos Branko e Cristina Branco abrem a rubrica. Terça-feira é o jornalista Bruno Martins (Antena 3) a conversar com Pedro Fradique, programador cultural do Lux. Na quarta, o realizador João Pedro Moreira senta-se com o fotógrafo Pedro Mkk. Márcia e João Manzarra ocupam a noite de quinta-feira. O programador cultural Luís Sagado (Maus Hábitos, Porto) e a realizadora Joana Linda encontram-se sexta-feira. No sábado o autor e músico Kalaf Epalanga entra em conversa com o empresário e produtor brasileiro Mário Canivello. A fechar, no domingo, Dino D'Santiago e o fotógrafo Daryan Dornelles.
"O critério é que haja um ponto de ligação", esclarece Pedro Trigueiro. "Por exemplo, o [Daryan] Dornelles é uma pessoa meticulosa na sua profissão, que capta o momento, e o Dino tem esse momento, com tudo o que está a acontecer e lançou um disco. É a junção de dois momentos: um capta e o outro cria. Que conversa é que estes dois sacanas, em 30 minutos, vão ter?"
O plano passa por evitar o formato debate ou entrevista e focar a meia hora numa conversa fluída, que possa tanto percorrer a actualidade como o trabalho de cada um, sempre sem limites. "Não queríamos pôr pessoas a gladiar-se. Estamos a convidar gente com experiência acumulada. Essas pessoas são diferentes. Mesmo no arranque, o Branko faz a carreira num sítio, a Cristina Branco noutro. A Cristina ficou sem 19 datas, por exemplo. O Branko tem-se reinventado com os lives, tem tido conversas com o Dino. É perceber o que se está a fazer. Não queremos confronto ou debate, é juntar peças". "E no fundo é café Arruada porque é ir ao café. Uma conversa de onde possa sair um sumo, que entretenha as pessoas".
O Café Arruada acontece todos os dias, de 20 a 26 de Abril, pelas 21.30, no Instagram da Arruada.
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