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Ameaça Vegetal: Diogo Noronha abre restaurante virtual “flexitariano”

Novo projecto gastronómico do chef Diogo Noronha e do colectivo Foodriders tem uma base vegetal. Está disponível em exclusivo no Uber Eats, mas no futuro haverá food trucks e um restaurante-mãe.

Escrito por
Inês Garcia
Diogo Noronha
DR
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A “dieta do futuro” tem uma base vegetal, capaz de atrair consumidores de produtos de origem animal, vegetarianos e veganos. Explorará diferentes produtos de época e as suas texturas, terá conjugações improváveis, e em segundo plano estará a proteína animal, sem grandes fundamentalismos, mas com muita atenção à sustentabilidade e à saúde. É esta a visão do chef Diogo Noronha, que embarca num novo projecto gastronómico, o Ameaça Vegetal, numa primeira fase exclusivamente virtual, em parceria com o Uber Eats.

É uma ameaça que vem por bem – o nome, Ameaça Vegetal, quer ser “uma provocação para aquilo que será uma ameaça no futuro, mas no bom sentido e não no sentido da ameaça dos food systems como os conhecemos, com muito recurso animal e destruição dos ecossistemas”, explicou o chef esta quarta-feira, 17 de Março, em directo da sua nova cozinha operacional. Vamos começar por aí: como é que se dá a conhecer um novo projecto gastronómico e um novo colectivo criativo em plena pandemia? A plataforma Zoom tornou-se resposta para tudo e o chef Diogo Noronha e os outros co-fundadores do colectivo Foodriders, Damian Irizarry e Marta Fea (criadores da extinta taqueria Pistola y Corazón), bem como Diogo Aires Conceição, director-geral do Uber Eats em Portugal, juntaram-se para um almoço de imprensa tudo menos tradicional, mas com a comida a tocar à porta dos jornalistas à hora do início da refeição, pronta a provar.

A alimentação flexitariana é considerada uma das dietas do futuro, baseando-se essencialmente em vegetais mas permitindo a introdução de carne e peixe, em menores quantidades e com especial atenção à sua proveniência. “O Ameaça Vegetal vem no seguimento da minha identidade não só como cozinheiro mas como pessoa. O meu primeiro contacto com a dieta vegetariana foi muito novo”, conta o chef, cujo último projecto, o restaurante Pesca, que fechou no primeiro confinamento, se focava muito nos produtos de mar e nos legumes, já com a sustentabilidade acima de tudo. As “paixões pelo mar, pelo Médio Oriente e cultura mexicana” também estão reflectidas neste restaurante.

Ameaça Vegetal
DRSanduíche de ostras empanadas

O menu deste Ameaça Vegetal, que não se pretende estático, divide-se entre sanduíches, sopas, “não sanduíches” e sobremesas. Na primeira categoria há quatro sanduíches servidas ora em focaccia de fermentação lenta, ora em buns de trigo e centeio, entre as quais a de couve-flor assada (9,15€), de beringela em tempura (8,55€), ostras empanadas (18,30€) ou bacalhau em polme (9,50€). A complementar, quatro sopas, sempre com texturas extra ao caldo: de cogumelos da temporada com folha de shiso e arroz selvagem tufado (9,70€), de batata doce bio com gengibre e jalapeño e noodles de batata doce estaladiços (6,80€), de cherovia com tostadas de milho bio (7,93€) ou a de bisque de camarão com cabeças de camarão crocantes (8€).

Entre as propostas de “não sanduíches” está uma mistura de beterrabas assadas com tofu e milho painço, molho de ervas frescas e folhas verdes de temporada (9,76€), as alcachofras confitadas com feijão de soja, pak choy, crocante de alga nori e miso e pancetta ibérica, que pode tirar para ser um prato vegetariano a 100% (10,98€), ou ainda o bolo de amora e gordura de pato com rábanos e rabanetes assados, cevada perolada e escabeche de laranja com sementes de mostarda (9,15€).

A fechar a carta há apenas duas sobremesas. “Há bastantes anos que tento tirar o lado mais interessante das sobremesas, que para mim é o açúcar”, diz Diogo, justificando a criação do bolo de avelã e trigo sarraceno com mousse de chocolate 55% e abacaxi em calda de especiarias (6,71€) e o bolo de gengibre e limão com maçã assada, creme pasteleiro e sementes (6,10€).

Ameaça Vegetal
DRBolo de avelã e trigo sarraceno

Também disponível para encomenda estão os cocktails criados por José Pedro Oliveira, ex-bartender do Pistola y Corazón, que criou bebidas feitas a partir da maceração de fruta a frio, com ou sem álcool, mas também kombuchas. Há ainda chás e vinhos naturais e de baixa intervenção e uma selecção de sakes e mezcal.

O centro de operações é uma cozinha na Penha de França, que serve também de palco para as gringas do Las Gringas, o primeiro projecto de comida do colectivo Foodriders, e nesta primeira fase o restaurante estará disponível no Uber Eats, a plataforma de entrega de comida ao domicílio que tem lançado alguns conceitos exclusivamente virtuais em parcerias com chefs, como é o caso do Kiko ou do chef Miguel Castro e Silva. 

Para celebrar o lançamento do novo restaurante, entre 18 de Março e 3 de Abril a taxa de entrega é gratuita, bastando para isso inserir o código AMEACAVEGETAL no separador “Promoções” da aplicação Uber Eats.

Ameaça Vegetal
DRSopa de batata doce


Os foodriders

Mas não se pode falar do Ameaça Vegetal sem falar do colectivo Foodriders, cujo núcleo fundador inclui Damian Irizarry e Marta Fea, os criadores da extinta taqueria Pistola y Corazón, e engloba parcerias com a East Side Radio, rádio independente que aliás deu música aos jornalistas durante a apresentação do projecto via Zoom.

Este colectivo é composto ainda por profissionais das áreas de design e criação de experiências, para além da gastronomia. “Estamos a abordar o mundo da comida pelo lado da experiência. Já provámos que sabemos produzir algo que seja saudável, saboroso, sustentável e entregue quente, ao mesmo tempo que vamos criando um culto pelo design, música, e experiências à sua volta”, defende Damian Irizarry.

Enquanto grupo que engloba dois conceitos de restauração exclusivamente virtuais, tanto Diogo como Damian acreditam que o take-away e o delivery fazem parte do futuro da restauração, e embora o chef tenha “saudades dos clientes”, num espaço físico, este projecto quer criar uma “proximidade através da tecnologia”. No futuro o negócio será complementado com uma food truck, que querem estacionar em diferentes pontos, e um restaurante “flagship”, diz Damian, sem acrescentar muitos mais pormenores ou timings

Em desenvolvimento estará também uma app que permitirá a rastreabilidade dos produtos, conseguindo o cliente perceber exactamente de que produtor veio determinado ingrediente. Nessa aplicação, que será desenvolvida por Tiago Pinto, da dupla Funkamente, também disponibilizarão promoções ou menus especiais.

O crescimento do colectivo deve-se também a fundos provenientes de diversas entidades e investidores como a lisboeta Semeia Ventures de Nancy e Paulo Brito, Simon Schaefer do Factory.com, e Philipp Moehring, esclarecem numa nota à imprensa.

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