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Ana Margarida Prado: o melhor concerto do fim-de-semana acontece segunda à noite

No Maria Matos apresenta-se ‘Laço’, notável disco de estreia escrito por João Monge. Em palco Mário Laginha, Carlos Bica, Camané e o trabalho de Pedro Cabrita Reis. E ainda um fado inédito.

Ana Margarida Prado
Lena Kern
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“É a grande estreia do meu disco de estreia, mas está longe de ser a minha estreia.” Quando perguntamos a Ana Margarida Prado pelo concerto que vai dar no Maria Matos, ela sai-se com este jogo de palavras certeiro. Simplifiquemos: esta segunda-feira, 21 de Outubro, faz-se a primeira apresentação numa grande sala de Laço, o primeiro registo de estúdio de uma voz já amadurecida por anos de estrada e casas de fado e com uma carreira internacional que se começou a desenhar ainda em 2011. O disco foi integralmente escrito por João Monge.

A primeira razão para adivinhar uma grande noite de segunda-feira é esse Laço e o encontro a dois. De um lado Ana Margarida Prado, que é dos segredos mais mal-guardados do fado de Lisboa e que andou muito para aqui chegar. Desde que para aqui se mudou, vinda de Oliveira de Azeméis, ganhou lugar no melhor circuito da cidade, passando pela A Severa, Sr. Vinho, Adega Machado, o Fado ao Carmo (onde é residente às quartas-feiras) ou a Maria da Mouraria (quintas-feiras). Do outro lado, João Monge, um dos poetas mais celebrados no cancioneiro português dos últimos 40 anos – nome que soa vagamente familiar a tanta gente, mas que já devia ser topónimo de praça. Depois vêm as outras razões todas.

Ana Margarida Prado diz que quis “apostar as fichas todas nesta noite”. E são muitas. Pelo palco, em diferentes momentos e formatos, vão passar Mário Laginha (que assina um dos fados do disco), Camané e Carlos Bica – um ilustre trio de talento e amizades cruzadas que há muitos anos se conjuga em diferentes projectos, mas que não nos recordamos de alguma vez ver reunidos ao vivo de uma assentada.

Com a fadista estará ainda o trio que a acompanha em todos os momentos do caminho e com ela assinam a produção musical deste Laço: Bernardo Couto (guitarra portuguesa), Bernardo Saldanha (viola de fado) e Fernando Gaspar (baixo). 

Na cenografia vamos encontrar a assinatura de Pedro Cabrita Reis e a iluminação fica por conta de Pedro Domingos, o homem dos Artistas Unidos, que há anos faz da luz grande protagonista do melhor teatro. Duas contribuições para um trabalho cénico que anda a ser laboriosamente engendrado há vários meses.

E depois ainda o alinhamento do espectáculo, que respeita o subtítulo do disco – Ana Margarida Prado canta João Monge – mas não se resume aos 17 fados que ali se escutam (sim, 17, há uma faixa oculta, não se deixem enganar). O mesmo é dizer que a noite servirá também para apresentar um tema inédito. E aí vai mais uma ficha.

Laço é um projecto a dois, mas não pára de coleccionar pessoas – e nos créditos já encontramos um livro de presenças invejável. Estão lá Vitorino (“Saias de Chita”), Mário Laginha (“Se Ele Passar”), Marco Oliveira (“Dia a Dia”), Luísa Sobral (“Mistérios do Destino”) e Agir (“Dois Altares”). Para esse lote de originais contribuíram ainda Bernardo Couto (“Quem me Dera”), Pedro de Castro (o único que repete assinatura, com “A Ver as Vistas” e “Estrela da Vida”)  e o próprio João Monge (“Café”) – o poeta que alega que não é músico, mas ninguém acredita nele.

Teatro Maria Matos, 21 de Outubro, 21.00. Bilhetes 13€ a 17€

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