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Depois de funcionar de forma intermitente nos últimos meses, no final de Janeiro Leopoldo Calhou acabou mesmo por anunciar o fecho da Taberna do Calhau, na Mouraria. Agora, criou um menu especial com alguns dos pratos mais emblemáticos para chamar clientela enquanto celebra a história do restaurante. Custa 30€ e está disponível até domingo. Depois disso, a Taberna fecha para férias e quando regressar, em Março, volta o mesmo menu. O fecho definitivo está marcado para a Páscoa.
A falta de clientes numa zona que se tem vindo a transformar e cujas notícias não abonatórias têm contribuído em parte para essa viragem são a principal razão para Leopoldo Calhau deitar a toalha ao chão e optar por seguir outro caminho. Mas não só. “Eu quero ter tempo para a família. Tenho que estar com os meus filhos”, diz à Time Out, admitindo “algum cansaço”. “São muitos anos. Já não vou para novo”, ri-se, ao telefone, confiante na decisão tomada. “Estas notícias de agora complicaram muito, vieram dar cabo ainda mais do negócio, mas isto é um processo que já tem um ano e meio. Há quase dois anos que estou a tentar trespassar [o espaço] e não consigo”, revela.
“Os nossos clientes hoje em dia – os que fizeram com que a Taberna existisse – vão com muito menos frequência e, economicamente, deixou de ser um projecto apetecível porque é preciso outras dinâmicas, mudanças de conceitos e outras coisas. A Taberna do Calhau, em si, pela zona em que está, não está a conseguir angariar os clientes necessários”, aponta o chef, referindo também a dificuldade em fixar equipas, talvez por “falta de compromisso”, defende, mas não sem fazer um mea culpa. “É o meu grande handicap e, digo-o sem problema nenhum. Não conseguimos formar uma equipa boa para eu poder também estar com os meus filhos e descansar. Há algumas coisas também da minha responsabilidade, se calhar alguma falta de apoio”, reflecte.
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A data inicialmente apontada para o fecho foi de 14 de Abril, mas neste momento Leopoldo Calhau prevê somar-lhe mais uma semana. Depois disso, praticamente logo a seguir, vamos poder acompanhá-lo em Alvalade, onde tem o espaço Chez Chouette, agora numa pequena transformação. “Eu continuo com o espaço e está a apetecer-me ir para Alvalade”, afirma. “Gostava de, efectivamente, tentar implementar almoços, que é uma coisa que me agrada. A minha ideia é abrir aos almoços como garrafeira, loja e também uma tasca e, eventualmente, fazer uma ou duas noites por marcação. No fundo, o que eu quero é tentar cuidar-me, ter outro tipo de vida e conseguir eventualmente viver disto”, reforça.
Já na porta ao lado da Taberna do Calhau, onde o chef chegou a ter o Bla Bla Glu Glu, um bar de vinhos com petiscos, é possível que ainda venham a acontecer coisas. “Provavelmente, manteremos o Bla Bla para fazer alguns jantares temáticos. Não estava previsto, mas foi uma coisa que surgiu”, antecipa, justificando com um “compromisso” que obrigará “a manter ali uma actividade”. Eu idealmente queria sair, mas não havendo essa possibilidade temos que manter.”
Enquanto uma e outra coisa não acontecem, o chef aposta num menu de clássicos. “São seis momentos, com o couvert, e a ideia é que as pessoas não se preocupem em escolher. Nós servimos os pratos que sempre saíram mais, como a pescada, ovo e coentros”, explica. “Vamos ter o camarão e tremoço, vamos ter foie, vamos provavelmente também ter as açordas, vamos ter o bacalhau, a cebola e caramelo, o pudim da minha mãe… Vamos ter os pratos que fizeram estes cinco anos e meio, quase seis. É uma pequena viagem de sabores sobre o projecto”, atesta.
O preço do menu, sem bebidas, será de 30€. Está anunciado só para esta semana, mas Leopoldo Calhau admite que depois das férias, deverá voltar. “Vamos manter o mesmo perfil”, conclui.
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