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António Lobo Antunes já não escreve, está em “exílio da realidade”

A biografia do escritor, de João Céu e Silva, vai ser reeditada. O ‘Expresso’ teve acesso à nova versão do livro, onde se lê que Lobo Antunes está “irreconhecível”.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
António Lobo Antunes
© Georges Seguin/ WikipediaAntónio Lobo Antunes, em 2010, no Salon du livre de Paris
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António Lobo Antunes anunciou várias vezes que deixaria de escrever, mas foi sem aviso que a demência dominou, por fim, o vício da escrita. Quem o afirma é João Céu e Silva, que acompanha o escritor há mais de década e meia. Segundo o Expresso, o jornalista dá a notícia, de que se impôs o “silêncio no reino da polifonia”, no texto de entrada de Uma Longa Viagem com António Lobo Antunes, que está prestes a reeditar pela Contraponto. A obra, revista e aumentada, chega às livrarias a 3 de Outubro, e avança que o eterno candidato ao Nobel da Literatura vive em “exílio da realidade”.

Durante duas centenas de horas, em dezenas de entrevistas realizadas nos últimos 15 anos, João Céu e Silva teve oportunidade de fazer uma revisitação completa à vida de António Lobo Antunes, incluindo ao estado de demência “que o foi invadindo” e que o tornou “irreconhecível”. O jornalista afirma que o escritor, além de não escrever nem fumar (algo que, para si, seria como respirar), também já não reconhece os seus próximos, tendo perdido, ao longo do último par de anos, “a noção do mundo que o rodeava e de si próprio”.

Lançado originalmente pela Porto Editora, em 2009, a nova edição de Uma Longa Viagem com António Lobo Antunes adiciona informação às entrevistas, anotações e reflexões que João Céu e Silva foi fazendo ao longo dos anos, incluindo a descrição mais detalhada do telefonema em que confirmou a degradação da saúde mental de António Lobo Antunes. Estávamos em Dezembro de 2021 e o escritor “estava como os personagens de muitos dos seus romances, que repetem ao longo do livro um mesmo pensamento, como se absortos da vida continuassem a viver”. Para Céu e Silva ficou então claro que muitos dos episódios de excentricidade de Lobo Antunes eram, na verdade, “sinais da doença”. “Foi durante esses 27 minutos que antevi o desfecho em curso da vida de António Lobo Antunes”, cita o Expresso, que teve acesso antecipado ao livro.

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