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Arroios e Santo António retiram esplanadas e devolvem lugares de estacionamento

Licenças eram provisórias e surgiram na pandemia. Mas nem todas as juntas de freguesia quiseram retirar esplanadas.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
Jornalista
Restaurante Zazah retirou esplanada em Setembro
Francisco Romão Pereira Restaurante Zazah retirou esplanada em Setembro
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E se em vez de lugares de estacionamento tivermos esplanadas? A pergunta desenrolou-se durante a pandemia da Covid-19, quando o ar livre e a distância eram sinónimos de maior segurança sanitária — e era necessário apoiar o comércio local , e culminou na medida do programa Lisboa Protege, que permitiu isentar, provisoriamente, de taxas de ocupação da via pública os comerciantes que quisessem aumentar a área de funcionamento com esplanadas. A acção partiu dCâmara Municipal de Lisboa (CML), cabendo às diferentes juntas de freguesia decidir sobre a continuidade das esplanadas.

Ao todo, a Direcção de Mobilidade da CML diz ter autorizado, desde Dezembro de 2020, 365 esplanadas temporárias em lugares de estacionamento. A maior parte foram na freguesia de Arroios (68) e de Santo António (51), precisamente as que não pretendem continuar com estas estruturas no espaço público. Para isso, têm enviado cartas a proprietários de cafés, bares e restaurantes, impondo um prazo para eliminarem as esplanadas que ocupam lugares de estacionamento. A Mensagem de Lisboa refere 49 cartas enviadas pela Junta de Freguesia de Arroios. O mesmo órgão conta, ainda, o caso da Cafetaria da Esquina, cujo proprietário “sempre soube que a licença era apenas a título provisório, mas pensou que depois de a iniciativa acabar oficialmente pudesse pagar pela ocupação do espaço e mantê-lo – seriam 3 143,70 euros por ano (preço estipulado na Tabela de Taxas Municipais 2023 para a ocupação com atribuição de “estacionamento privativo” em zona amarela de tarifação)”. A decisão da Junta foi, no entanto, não permitir a manutenção de esplanadas deste género.

Na sequência das cartas enviadas, um grupo de proprietários lançou uma petição online (Pelas esplanadas em Lisboa, que tem mais de 2500 signatários), dirigida à Junta de Arroios e à CML, onde se pode ler o seguinte: “Esta medida acarreta a perda de um avultado investimento que nos obrigou a um enorme esforço, com contracção de empréstimos na maioria dos casos e assinatura de contratos de trabalho (...) E isto num momento em que os custos subiram mais de 20% para a restauração por causa da guerra.” Por último, defende-se que “a troca de um carro por uma esplanada é um caminho para uma cidade mais saudável, mais amigável e mais vivida”. 

Já em Santo António, foram distribuídas 39 cartas, para todos os estabelecimentos que ainda mantinham esplanadas em lugares destinados a estacionamento. Vasco Morgado, presidente daquela Junta de Freguesia, explica à Time Out que o regresso à normalidade fez com que a medida perdesse o sentido. “Todos sabiam que era provisório, foi dito desde o início. E neste momento a minha prioridade é proteger quem aqui mora”, afirma, referindo-se ao ruído associado às esplanadas (a Junta recebeu várias queixas de moradores) e à falta de lugares para estacionar na freguesia. "Há muitos carros e temos de fazer um caminho para os reduzir. Não podemos deixar as pessoas sem ter onde os pôr." O mesmo argumento foi utilizado, há mais de um ano, por Carla Madeira, deputada socialista na Câmara Municipal de Lisboa (CML) e presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia. Para a responsável, “tornou-se imperativo devolver esses lugares de estacionamento às famílias”.

A terceira freguesia com mais “esplanadas-Covid” é a Penha de França, no entanto, neste caso, a Junta é a favor da continuação da medida, por considerar que “promove a manutenção de postos de trabalho e responde à procura de esplanadas como local de lazer”, informa o jornal Público

A decisão de prorrogar a autorização para que restaurantes, bares e cafés pudessem ter esplanadas em lugares de estacionamento foi aprovada em Assembleia Municipal em Janeiro deste ano. No entanto, na altura, a Câmara esclareceu que tal não garantiria a manutenção nem incentivaria a criação deste tipo de espaços na cidade. Caberia às juntas de freguesia decidir em cada caso, tendo em contas as suas realidades. A Time Out contactou outras juntas de freguesia por e-mail para obter esclarecimentos mas ainda não obteve resposta.

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