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Arte no hotel: a natureza viva de Márcio Vilela chegou ao Tivoli Avenida

"Superflora" leva seis fotografias de grande formato para o lobby do hotel. Um trabalho de paciência que capta a mata atlântica do nordeste brasileiro em todo o seu esplendor.

Mauro Gonçalves
Escrito por
Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
Exposição "Superflora"
© Márcio Vilela
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Márcio Vilela viajou para o Brasil em 2020. A ideia não era visitar a família, mas sim chegar à parte argentina do Atacama, onde iniciaria um projecto fotográfico. A pandemia rebentou na América do Sul e começou na fechar fronteiras por todo o continente. Em poucos dias, o artista brasileiro ficou sem poder entrar na Argentina e sem poder sair do Brasil. Restou-lhe permanecer na sua cidade natal, Recife. "Voei de Portugal para estar fora durante quatro semanas e acabei por ficar cinco meses", refere.

Encomendou filme dos Estados Unidos e começou a sair de casa para fotografar todos os dias. O cenário? A faixa de mata atlântica que circunda a cidade. "Cheguei a ir dez vezes ao mesmo local e numa delas fiquei lá durante três horas. A luz na floresta muda muito depressa, é quase como a luz de teatro – é uma luz pontual", explica o artista brasileiro com estúdio no Bairro Alto.

Exposição "Superflora"
© Márcio Vilela

O método analógico só lhe permitiu ver o resultado no final, no momento de revelar as imagens. O processo é conduzido na primeira pessoa, incluindo a impressão e a construção das molduras. Em cinco meses, Márcio tirou 80 fotografias. Entre Janeiro e Março deste ano, o trabalho viu a luz do dia na galeria Foco, no Intendente. Nove imagens (120x150 cm e 150x200 cm) e um vídeo transportaram os visitantes para a quietude da floresta. Sem recurso a luz artificial, o artista dependeu apenas da natureza.

Um trabalho de paciência – sempre com um segurança armado por perto –, à espera da luz ideal. O resultado é um jogo de luz e sombras que esconde e revela à medida que nos aproximamos e nos demoramos diante das imagens. "Vamos descobrindo os detalhes em cada imagem, tal como acontece na floresta. Quando se entra, não conseguimos ver muito bem por causa da luz pontual, mas quando os olhos se habituam, descobrimos todos os pormenores", continua.

Exposição "Superflora"
DRMárcio Vilela

O trabalho de Márcio Vilela divide-se entre o estudo da paisagem e o cruzamento de arte e ciência. Actualmente, o autor dedica-se ao projecto "Previsão de Deriva". Em Setembro de 2021, deixou-se mover ao sabor das correntes e marés ao largo da ilha de São Miguel, nos Açores, durante 56 horas. Dentro de uma balsa salva-vidas, e constantemente monitorizado pelo Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo de Ponta Delgada, percorreu 86 quilómetros. O desenho dessa deriva (registado através de GPS), tal como os mapas, notas, desenhos e imagens captados e recolhidos durante todo o processo, vão integrar a próxima exposição do autor.

Por enquanto, pode ver seis das imagens de grande formato no lobby do hotel. "Superflora" marca o retomar do programa Tivoli Art Collection Make Room for the Masterpieces, que no passado já expôs trabalhos de artistas como Ana Pérez-Quiroga, Pedro Calapez e Rui Calçada Basto.

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