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Artistas Unidos dizem adeus à Politécnica e convidam todos a desmontá-la numa tarde

Era para regressar ao antigo edifício d’A Capital, no Bairro Alto, onde esteve até 2002, mas a companhia vai sair da Politécnica sem ter casa à vista. O dia 16 de Julho é de desmontagem colectiva.

Rute Barbedo
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Rute Barbedo
Jornalista
Teatro da Politécnica
Mariana Valle LimaTeatro da Politécnica
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A data já se desenhava no horizonte desde 2022: no Verão de 2024, a companhia fundada por Jorge Silva Melo teria de sair das actuais instalações na Rua da Politécnica, onde estão desde 2011. O que mudou foi a perspectiva futura: voltar ao edifício d'A Capital, no Bairro Alto, onde os Artistas Unidos estiveram até 2002, era a hipótese mais provável e chegou a ser garantida pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) no ano passado. “Tínhamos um projecto de renda acessível para o antigo edifício d’A Capital, no Bairro Alto, e conseguimos adaptar os pisos inferiores para um espaço [para os Artistas Unidos]”, confirmou em Dezembro o então vereador da Cultura, Diogo Moura (que entretanto se demitiu, tendo Carlos Moedas ficado com esta pasta), ao Observador. Mas as obras n'A Capital estão longe de terminar e a companhia vê-se agora, "uma vez mais, sem um espaço de trabalho e de representação", na sequência do fim do contrato do Teatro da Politécnica com a Reitoria da Universidade de Lisboa”, conforme anunciou através de um comunicado em Maio, cuja mensagem inicial se repetiu esta quinta-feira, 20 de Junho.

Depois de 130 espectáculos na morada junto ao Jardim Botânico, fecham-se agora as portas, "sem qualquer perspectiva" futura de espaço. "O Teatro da Politécnica/Teatro Paulo Claro, infelizmente, veio a confirmar-se como mais um lugar de passagem, quando, no dia 9 de Março de 2022, o reitor da Universidade de Lisboa, Prof. Doutor Luís Ferreira, comunicou aos Artistas Unidos que o contrato não seria renovado e que a companhia teria até Fevereiro de 2023 para encontrar uma nova casa. Com a intervenção da Câmara Municipal de Lisboa, fez-se uma adenda ao contrato em vigor, onde se prolongava a estadia da companhia até 31 de Julho de 2024, com o compromisso, da parte da CML, de finalização das obras de requalificação do edifício A Capital, ao qual regressaríamos no segundo semestre de 2024. Depois de dois anos de reuniões e projectos, as obras no edifício não começaram e nenhuma outra solução viável surgiu", explica a companhia.

O gabinete de Carlos Moedas, por sua vez, confirmou ao jornal Público, no final de Maio, que a CML “continua empenhada na resolução deste processo e em encontrar uma solução, consensualizada com os Artistas Unidos, que permita a continuidade do seu trabalho”. A hipótese do edifício d'A Capital ainda não foi descartada, mas não se espera que as obras terminem antes de 2026, por isso, a Câmara "tem procurado soluções, ainda que temporárias, junto de outros espaços municipais”. Mesmo assim, "até ao momento, nenhuma das hipóteses identificadas pela CML, ou sugeridas pelos Artistas Unidos, foi considerada viável", nota a companhia.

Assim, a terça-feira de 16 de Julho está marcada na agenda do colectivo como um dia de desmontagens, que se pretende aberto e em comunidade. "Venha despejar o Teatro da Politécnica connosco. A partir das 15.00, dizemos 'Adeus, Politécnica juntos'", convidam os Artistas Unidos, que contam com 28 anos de história. 

Regresso em Setembro, mas não se sabe onde

Não ter casa não implica parar, pelo menos a curto prazo. "Em Setembro, contamos abrir a temporada com 'Búfalos', a última parte da trilogia de Pau Miró que temos vindo a apresentar e, simultaneamente, repor 'Girafas e Leões' para a apresentação conjunta das peças do autor catalão. Mas não sabemos onde e a pergunta mantém-se: Onde Vamos Morar?", afirmam os Artistas Unidos, citando o nome de uma peça recente. 

Já a longo prazo, a companhia acredita que não ter um teatro onde criar, ensaiar e apresentar espectáculos "condenará a sua acção e intervenção, mais uma vez, a uma situação de itinerância e precariedade insustentáveis às características da sua actividade, impossibilitando tanto a permanência da equipa contratada, como a continuidade da sua acção cultural e artística".

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