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Na sexta-feira, o rapper norte-americano que agora vive em Lisboa reúne DJs e performers na noite Festive Femme, uma homenagem à feminilidade. Imperdível.
Desde 2016 que Mykki Blanco chama casa a Lisboa. O norte-americano, pioneiro do queer rap, mudou-se em 2016, depois de ter deixado o seu apartamento em Los Angeles, e é normal vê-lo nas festas mais underground da cidade, como a noite “mina”, uma das suas preferidas.
E por falar em “casa”, é lá que volta esta sexta-feira, diz na sua página de Instagram. Desta vez estamos a falar do Lux, onde faz a curadoria da noite Festive Femme, com o apoio da Red Bull. Trata-se de uma “homenagem à feminilidade” com uma série de artistas escolhidos por si. “Escolhi a dedo este line-up de artistas, produtores, performers e DJs, com a música mais original, excitante e dinâmica”, explica.
Além de um live-act seu, com sorte com músicas do próximo álbum – que chegará em 2020 e com colaborações de artistas como Devendra Banhart –, o Festive Femme conta com Nídia, Odete, Lyzza e Trypas Corassão.
Mykki Blanco, que na verdade se chama Michael Quattlebaum Jr., assumiu-se como artista não-binário e em 2011, durante o mês Pride, confessou na sua página de Facebook que era seropositivo. Em Junho deste ano sentava-se no sofá da Red Bull, instalado no Centro Cultural de Belém, numa conversa aberta ao público em que falava da sua vida pessoal e de como o seu alter ego artístico tinha nascido. “Através da escrita comecei a criar pequenas narrativas e um dia tive esta ideia de uma peça sobre uma adolescente que queria ser rapper”, contava. “Os meus traços de personalidade eram os seus.” Mykki Blanco, em drag, reinventou os estereótipos masculinos do hip-hop, sem se preocupar muito com isso. “Não interessava se estava a ser rejeitado pelo hip-hop”, continua.
No ano passado, quando estava a passear no IKEA de Alfragide, recebeu uma mensagem de Madonna a convidá-lo para gravar o videoclipe de “Dark Ballet”, música do último álbum da cantora, filmado entre o Mosteiro da Batalha e o Cabo Espichel, onde aparece de peruca, no papel de Joana d’Arc. A peruca é, aliás, uma imagem de marca dos seus fogosos concertos, uma mistura de performance com hip-hop queer.
Na sexta-feira, a noite abre com a dupla brasileira Trypas Corassão, composta por Cigarra e Tita Maravilha, com uma performance disruptiva e ruidosa que celebra “corpos urgentes de mulheridades marginais e fúria travesti”, dizem. Segue-se a portuguesa Nídia, uma das princesas da editora Príncipe Discos, com um álbum de estreia lançado em 2017, Nídia é Má, Nídia é Fudida, que chamou a atenção da Pitchfork e de várias publicações internacionais.
A noite continua ainda com um nome emergente da música experimental lisboeta, Odete, produtora e performer trans que quer imprimir nos seus beats “a história da música queer” com um statement de resistência, diz. Por fim, Lyzza, DJ e produtora a viver em Amesterdão, combina as suas raízes brasileiras através do baile funk com heavy bass, hip-hop e grime.
O Festive Femme dura até de madrugada e, segundo Mykki Blanco, a ideia é transformar o piso de cima do Lux num “freaky festive playground”. Vamos a isso.
Sexta, 00.00-06.00, no Lux Frágil (Santa Apolónia)