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Por fora confunde-se com um dos muitos restaurantes tradicionais de Alfama, mas quando finalmente entrarmos e damos de caras com uma cozinha aberta de onde sai vapor, não temos dúvidas: vamos comer dim sum. Só não esperávamos tanta diversidade. O novo Aura Dim Sum abriu há pouco mais de um mês, no número 88 da rua das Escolas Gerais, e é residência de inúmeras variedades do petisco cantonês, seja cozinhado ao vapor, salteado ou frito. Aqui, tudo é artesanal e preparado à vista de todos.
A proeza é da brasileira Catarina Goya, do marido espanhol Jose Luís Suárez, e da amiga francesa Nadine Torterot, que em 2019 lançaram o projecto, embora noutra colina. “Quando abrimos na Bica a ideia nunca foi a de ter um restaurante, servia mais para eventos e para take-away e delivery, mas os clientes obrigaram-nos a ter um restaurante. O lugar da Bica não estava preparado e por isso decidimos mudar para Alfama”, explica Catarina, que é a mente criativa por trás das receitas do Aura, enquanto o marido se ocupa da gestão e Nadine aconselha o casal em decisões importantes.
O amor destes três sócios pelo dim sum deve-se a um feliz acaso. Tudo começou quando Nadine organizou um jantar para celebrar o aniversário Jose Luís num restaurante de dim sum em Londres, onde viviam. Catarina, que nunca antes tinha provado tal coisa, ficou “completamente obcecada por essa comida”, conta-nos. Coincidência das coincidências, acabou por ir trabalhar para esse mesmo restaurante, onde aprendeu o ofício. “Mais tarde comecei a ter aulas particulares com um professor chinês em Londres, com a ideia de abrir um restaurante de dim sum no Brasil. Quando saímos de Londres, ficámos um ano na Ásia, e fui especializar-me lá com a mestre do meu mestre, em Singapura”, detalha. Antes de aterrarem em Lisboa, o casal ainda esteve à frente do “primeiro restaurante de dim sum na Bahia”, no Brasil.
Em Alfama o espaço é, então, maior do que o da Bica, com assentos para quase 40 pessoas no interior, e a carta é bem mais extensa. “Aqui fizemos um menu maior de dim sum, com muitas variedades para todo o tipo de público. Há opções vegan, de marisco, de carne, de tudo. E também vamos começar a introduzir outros pratos. Vamos sempre ter os tradicionais e os preferidos, mas trocamos o menu com muita frequência”, diz Catarina. Começámos a refeição com uma salada de pato crocante (10,50€), à qual se seguiu um dim sum frito de frango, lemongrass e espinafres (9,50€) e outro a vapor, de camarão (9,50€). Depois vieram os baos: um de porco caramelizado (9,25€) e outro de cogumelos shiitake (9,50€). Seguiu-se um guo tie de pato e cogumelos shiitake (11€) e um chaoshou de borrego (9,50€). Terminámos com um pudim de tapioca com leite de coco e banana caramelizada (6,50€). Estes são os favoritos do momento. Para acompanhar tudo isto, o melhor é deixar-se levar pela carta de cocktails desenhada pela Living The Drink. Nós fomos pelo wasabi mule (9,50€); mas também há o buko pandan (9,50€), um cocktail com rum, matcha e coco; ou o nana high (9,50€), com licor de banana e flor de sabugueiro.
Para já, com excepção dos sábados, o Aura só abre aos jantares, mas está nos planos alargar o horário. “Futuramente queremos abrir ao almoço e ter uns menus especiais”, revela Catarina.
Rua das Escolas Gerais, 88. Ter-Sex 18.00-23.00. Sáb 12.00-15.00, 18.30-23.30
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