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Bairro das Artes pode vir a ocupar os sete hectares da antiga Manutenção Militar

O plano foi apresentado na última quinta-feira por José Sá Fernandes. Durante este fim-de-semana, o espaço abre ao público com duas exposições pop-up, uma de fotografia e outra de ilustração.

Helena Galvão Soares
Jornalista
Casa do Teatro e da Dança, Bairro do Grilo
HGSCasa do Teatro e da Dança, Bairro do Grilo
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Na última quinta-feira, 20 de Novembro, José Sá Fernandes apresentou, na antiga Manutenção Militar Norte, no Beato, o plano de um grande bairro das artes para os sete hectares das antigas instalações militares. As mesmas onde o Exército Português fabricava e armazenava básicos para alimentação de todos os ramos das Forças Armadas, forças de segurança e Protecção Civil em Portugal e, desde a II Guerra, também nas ilhas e colónias.

O coordenador do Grupo de Projecto para a Jornada Mundial da Juventude '23 conheceu o local em 2021, quando o edifício começou a ser preparada para alojar peregrinos. Alertou o Governo para a importância e qualidade do edificado, lançando o desafio de lhe dar novos usos que passassem pela habitação e alojamento de estudantes a preços acessíveis, e de um pólo que congregasse várias artes. A proposta teve eco e a resolução do Conselho de Ministros de 16 de Janeiro de 2024 desafectou os imóveis do domínio público militar e integrou-os no domínio privado do Estado, com o objectivo de "utilização dos referidos imóveis com vista ao desenvolvimento do projeto-piloto de valorização e reabilitação para, designadamente, habitação, alojamento estudantil, alojamento urgente temporário [...] pequena agricultura e criação de espaços de fruição cultural". 

Casa da Música, Bairro do Grilo
HGSCasa da Música, Bairro do Grilo

A proposta agora apresentada à população por Sá Fernandes, antigo vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Lisboa, contempla tudo isto, com 200 fogos de habitação de arrendamento acessível – "o sonho era ter mil pessoas a viver aqui, se se construísse nos três hectares acima da linha do comboio", diz –, 200 alojamentos para estudantes e alojamento urgente temporário, mas sobretudo um grande – um enorme – foco nas artes.

E sim, são sete hectares (três vezes a Lx Factory, por comparação) onde ainda existe uma vila operária, um reservatório de água, refeitórios, gigantescos silos de azeite, depósitos de vinho, armazéns e oficinas várias, creche e escola primária (que está em funcionamento), um cineteatro de 500 lugares, hortas, campos de jogos e até uma estação ferroviária. Preservar este património industrial e a memória do lugar é outro dos objectivos do projecto. São 15 edifícios, mais de metade deles com pés-direitos generosos e áreas a rondar os 1500 metros quadrados, o equivalente a três Cordoarias Nacionais.

Casa do Azeite,  Bairro do Grilo
HGSCasa do Azeite, Bairro do Grilo

Desde Janeiro deste ano, com a definitiva saída dos militares, "o nosso trabalho tem sido fazer levantamentos, limpar, mostrar e ouvir", diz Sá Fernandes. Foram feitos estudos técnicos – sondagens, levantamentos topográficos, arquitectónicos e de infraestruturas – para sustentar a proposta. A 31 de Dezembro, no fim do seu mandato como coordenador do grupo já referido, todos os estudos feitos e a proposta serão entregues ao ministro da Coesão Territorial, que tutela o espaço. "Espero que continuem o projecto."

Foram eliminadas pragas, retirado o lixo, e o espaço pôde assim ser mostrado. "Uma das coisas mais importantes é mostrar isto às pessoas. As pessoas têm de conhecer isto, para dizerem: 'Uau! Nós temos isto?', continua. Foram-se reunindo pessoas das áreas artísticas, incluindo colectivos relevantes que foram despejados das suas instalações, como o Sonora, de Raquel Castro, ou a Casa Independente. Para dar a conhecer o local à população, dois dos espaços projectados por Sá Fernandes ganham vida durante dois dias: Casa da Fotografia, pelas mãos da Narrativa, e a Casa da Ilustração, com uma exposição organizada por Jorge Silva.

Fim-de-semana aberto ao público

No fim-de-semana de 23 e 24 de Novembro o espaço vai estar aberto ao público com duas exposições pop-up, uma da Casa da Fotografia, pela Narrativa, com inauguração às 11.30, e outra da Casa da Ilustração, com a exposição "Para o Boneco", de Jorge Silva, com 106 ilustradores portugueses, às 15.00, que assim ilustram o potencial daqueles espaços, mesmo antes de recuperados. Estas casas não querem ter só exposições. Outros planos e ideias vão ser partilhados nas visitas guiadas, durante as inaugurações deste sábado.

Casa da Ilustração, Bairro do Grilo
HGSCasa da Ilustração, Bairro do Grilo

À entrada de cada um dos espaços, estão painéis desenhados pela silvadesigners com um mapa em que se identifica a localização do edifício, a área do espaço em causa e a explicação do projecto para cada uma das casas previstas: Casa da Ilustração (1500 metros quadrados), Casa da Fotografia (1740), Casa do Teatro e da Dança (1470), Casa da Música (3087), Casa das Artes Plásticas (2500), Casa do Som (620), Casa da Informação (988), a Casa Comum (espaço expositivo comum, com 1470 metros quadrados) e ainda a Casa da Inovação (com projectos sociais, como o Manicómio), Casa dos Fregueses (no edifício da Direcção da Manutenção Militar) e Casa do Vinho (900) e Casa do Azeite (1640), ambas com património industrial a ser preservado e destinadas a promover este património gastronómico. E ainda o Cineteatro, de 500 lugares. Como diz Sá Fernandes, "aqui cabe toda a gente".

Rua do Grilo, 84 (Beato). Sáb-Dom (23-24 Nov) 11.00-17.00 

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