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Bárbara Faden e Rita Paisana querem pôr o Teatro Romano a chorar

A dupla de artistas apresenta “Lacrimosa”, uma instalação que explora o choro e a ideia de transbordo emocional. A entrada é livre.

Beatriz Magalhães
Escrito por
Beatriz Magalhães
Jornalista
Lacrimosa
DRLacrimosa
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Estávamos no século I d. C. quando, em Felicitas Iulia Olisipo, se inaugurava um teatro. Eram os tempos das lutas de gladiadores, das corridas de cavalos, dos bacanais, das celebrações aos deuses. Ao teatro, circular e construído em pedra, ia-se ver, claro está, peças de teatro. Hoje, estamos em Lisboa, já não há lutas de gladiadores (só se for nos ecrãs de cinema), os bacanais estão, naturalmente, diferentes e os teatros são outros. No Teatro Romano, nem sempre se apresentam novas cenas, mas expõem-se vestígios arqueológicos que contam a história deste lugar e de um império. A partir desta quinta-feira, 8 de Agosto, há ainda mais para ver por lá. Nas ruínas do antigo teatro, correm as lágrimas de “Lacrimosa”, instalação artística de Bárbara Faden e Rita Paisana. 

Amigas desde que frequentaram o curso de pintura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, Bárbara e Rita, de 25 anos, juntam-se de novo para uma exposição. Entre Abril e Maio deste ano, foi na Salto Lisboa que a dupla apresentou “Suspiro”, que incluía peças individuais de cada uma, numa celebração da amizade. Desta vez, a convite do Museu de Lisboa – Teatro Romano, desenvolveram uma instalação composta por cerca de 20 peças em forma de lágrima que se encontram suspensas do tecto das ruínas do teatro. “É mais sobre o transbordo emocional e sobre as lágrimas, sobre toda esta coisa muito portuguesa à volta do choro”, explica Bárbara, em conversa por telefone, no dia anterior à inauguração. 

Lacrimosa
JOSE AVELAR

De diferentes dimensões e de aspecto irregular, as peças, em esferovite esculpido revestido com uma camada de fibra de vidro, tinta e verniz, foram todas feitas pelas duas artistas. Começaram a trabalhar no final de Abril e o processo durou cerca de três meses. “Estamos extra contentes com o resultado porque foi-nos difícil projectar uma coisa tão grande. Apesar de termos feito maquetes e até termos trabalhado num sítio grande, até ao momento de montagem não sabíamos bem como é que ia ficar e, felizmente, ficou super bem.” Presas por fios de nylon a um aro de ferro no tecto, as lágrimas não foram fáceis de produzir, até porque “era uma escala fora da nossa zona de conforto”, confessa Bárbara.

A inspiração para a peça veio da cultura portuguesa. Teve como ponto de referência a Rua da Saudade, próxima do Teatro Romano, e ainda o fado, ligado a um imaginário emotivo. Por outro lado, também dialoga com o segundo acto da ópera L’elisir d’amore, composta por Gaetano Donizetti. “Como aquele espaço era um teatro, nós quisemos ter uma referência relacionada com algum espectáculo. Essa ópera faz referência a todas essas histórias da lágrima e nós estivemos a explorar um bocadinho a ideia da lágrima e chegámos aí.”

“Lacrimosa” vai estar exposta no Teatro Romano até 6 de Outubro, mas Bárbara diz que há a possibilidade de ficar mais tempo. Pode ser vista entre as 10.00 e as 18.00 e a entrada é livre. 

Teatro Romano – Museu de Lisboa. 8 Ago-6 Out. Ter-Dom 10.00-18.00. Entrada livre

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