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Não era para ter sido assim, mas o espaço fez a ocasião. “A base de tudo isto é um laboratório de ramen. By the way, temos aqui uma ramen station acoplada”, resume António Carvalhão, que com João Azevedo Ferreira, acabou a escolher precisamente esse nome para a nova marca, irmã do Ajitama. Ao contrário dos restaurantes da Avenida Duque de Loulé e na Rua do Alecrim, no Ramen Station o serviço é rápido e menos personalizado e o menu é curto, tal como acontece numa estação de comboios japoneses. Neste caso, é em Benfica que tudo acontece – e tudo é muita coisa, mesmo que possa não parecer.
“Nós queremos chegar a mais pessoas, a mais momentos de consumo, a mais locais da cidade e a outras cidades, e com a marca Ajitama só é mais difícil de fazer isso do que se tivermos duas marcas diferentes, cada uma com uma proposta diferente”, explica António, revelando que Benfica surgiu, na verdade, da necessidade de aprimorar o Ajitama, nascido em 2017 num supper club que rapidamente se tornou num fenómeno e que ganhou forma de restaurante dois anos mais tarde. “Este laboratório de ramen não foi feito a pensar no Ramen Station porque há quatro anos ele não existia, foi feito a pensar no Ajitama, também para alicerçar o crescimento”, conta. “Nós já estamos aqui há três anos, mas só agora conseguimos concluir este laboratório por ser um projecto muito ambicioso”, acrescenta, apontando a necessidade de a dupla ter um sítio onde possa “dar continuidade à criação e ao processo de inovação” sem que seja importunada com a operação do dia a dia. “Como o espaço que arrendámos tem uma área bastante considerável, porque não aproveitar e abrir ao público?”
É isso que acontece desde o final de Setembro e, para surpresa de António e João, a resposta não podia ter sido melhor. “Tem sido uma muito agradável surpresa”, afirma António. Se é verdade que o ritmo no bairro nada tem a ver com o de uma estação de Tóquio, de onde vem a inspiração, é igualmente verdade que “não havia ramen”. “Estamos a inovar completamente neste bairro, não há concorrência num raio de alguns quilómetros, e as pessoas agradecem-nos genuinamente por trazermos algo novo”, conta o responsável, destacando o carácter mais tradicional da zona. “Faltam conceitos novos. Fomos muito bem recebidos, não só pela população local, como pela própria junta de freguesia.”
Para João Azevedo Ferreira, o que tem sido mais curioso tem sido assistir às pessoas que provam ramen pela primeira vez. “Isso aconteceu-nos há cinco anos quando abrimos o Ajitama, em que praticamente criámos a categoria, e está a ser super interessante ver isso acontecer outra vez”, diz. “E o mais engraçado é que há muitas pessoas que vieram pela primeira vez e já voltaram duas e três vezes. O nosso papel aqui é um bocadinho explicar os ramens e explicar o que temos no Ajitama, que é mais completo e uma experiência diferente.”
Apesar de bastante distintos, quer no menu, quer na decoração – em tons de branco e amarelo, o Ramen Station dá ares de uma ordenada carruagem, enquanto o(s) Ajitama(s) são restaurantes autênticos –, tanto António como João frisam a qualidade igual em ambos. Qualidade, essa, que hoje está melhor por existir este espaço de criação e inovação. A começar, desde logo, pela máquina importada do Japão e que permite a produção diária de noodles frescos. Das duas mesas comunitárias onde se sentam cerca de dez pessoas em cada é possível, aliás, observar essa produção, uma vez que a máquina obriga a condições muito específicas, como estar numa sala climatizada e que, no caso, funciona quase como um aquário.
“Esta máquina permite-nos ter um produto fresco, com mais qualidade, mais frescura. Temos uma receita própria e podemos ter vários tipos de noodles para cada tipo de ramen”, adianta António. “Inclusivamente isto vai permitir que lancemos outras subcategorias dentro do mundo do ramen, que até agora não eram possíveis de fazer, pelo menos fazer como deve ser.” E exemplifica com o “mazemen”, uma espécie de ramen sem caldo, ou o “tsukemen, em que basicamente, os noodles estão feitos também fora do caldo/molho hiper concentrado e as pessoas fazem um dipping”. “É este tipo de infraestruturas que temos aqui que nos permite fazer tudo exactamente como se faz no Japão, que é o que sempre quisemos respeitar”, reforça. “Se já fazíamos isto, em esforço, nas nossas cozinhas, que eram pequenas demais e não estavam preparadas, agora fazemos com outras condições, fazemos melhor. Portanto, o Ajitama vai ser melhorado, não que não fosse bom já, mas o Ramen Station começa logo num nível máximo.”
Numa marca e outra, não há ramens iguais. “São receitas diferentes, mas a qualidade é a mesma. O que distingue, na essência, é a experiência de serviço. Ou seja, no Ajitama, temos um serviço altamente completo e a pessoa passa uma hora e meia a duas horas a desfrutar do momento. O Ramen Station, na verdade, reflecte muito mais a realidade do Japão no que toca ao serviço”, diferencia António, recordando algumas das suas viagens ao Japão. “Neste tipo de sítios, o serviço é rápido, a experiência é muito simplificada, as pessoas têm uma máquina para escolher o que querem, pagam, sentam-se num balcão com oito a dez lugares e a pessoa que lhe dá o prato é a mesma que lava a louça, é a que encomenda os fornecedores, é tudo muito optimizado, muito eficiente”, explica. “Isso fascina-nos e quisemos trazer isto para Portugal, foi a forma que encontramos para dar vida à nossa pretensão de ter um ramen que fosse mais rápido de servir, mais simples e mais acessível.”
O que se poupa no serviço à mesa e numa carta mais curta é o que permite manter os preços mais baixos. Há duas entradas apenas: uma combinação de gyozas (2,90€/três ou 4,60€/cinco) e edamame (2,80€). Nos ramens, são três as opções: o mais simples shio (9,90€), a pensar nos principiantes e o miso (11,50€), mais intenso e com níveis de picante que podem ser adicionados, além do vegan (11,50€). Para sobremesa, a frescura dos mochis (1,95€).
“O caminho obviamente é ter mais localizações e isso não seria viável com a marca Ajitama. Com o Ramen Station, conseguimos de facto ter várias pequenas estações, espalhadas pela cidade”, acredita António, anunciando que há já uma segunda morada com abertura prevista até ao final do ano na zona do Campo Pequeno. “Temos a ideia romântica, que não é realista, de ter uma estação de ramen por bairro. Já o Ajitama, queremos ter um por cidade.”
Travessa Vintém das Escolas 1a (Benfica). Qui 12.00-15.00/19.00-22.00, Sex-Sáb 12.00-15.00/19.00-22.30, Dom 12.00-15.00/19.00-22.00
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