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Bernardo Agrela quer recuperar “a magia da sanduíche” no West Mambo

Depois de ter fechado por causa da pandemia, o chef voltou a abrir o pequeno restaurante das Avenidas Novas. O nome mudou de latitude e os kebabs deram lugar a sandes que pretendem homenagear a tradição portuguesa.

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
East Mambo
Ricardo LopesSandes de pernil
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O menu é curto, não tem nada que saber. Há cinco sandes, entre as quais uma vegan, e o preço é igual para todas: 8,50€. Acompanhamentos há três, com preço único também (3,50€). E as sobremesas são duas. Pouco, mas bom e certeiro. Bernardo Agrela voltou ao pequeno restaurante que abriu em 2019, e trocou-lhe as coordenadas. O East Mambo, onde da cozinha só saíam kebabs, chama-se agora West Mambo. “A ideia é ter as melhores sandes de Lisboa.”

As palavras confiantes são de Bernardo Agrela, chef que tem tanto bicho-carpinteiro que a sua pegada vai deixando marca na cidade. Hoje está no Povo, no Cais do Sodré, no Verão acumula a cozinha da Casa do Capitão, no Beato, e faz ainda parte do colectivo gastronómico New Kids On The Block. O East Mambo acabou por ser sol de pouca dura devido à pandemia, mas Agrela nunca deixou o espaço. “A ideia sempre foi manter, era uma questão de tempo. Eu gosto muito deste sítio porque é muito perto de minha casa e é o meu primeiro restaurante. Mesmo que eu faça outras coisas e ganhe dinheiro de outra maneira, este é sempre o meu espaço”, diz à Time Out. “É uma espécie de atelier para experimentar conceitos.”

East Mambo
Ricardo LopesSandes de borrego

Os kebabs foram precisamente fruto disso. A covid até pode ter fechado o East Mambo, mas nem por isso Bernardo Agrela deixou de fazer kebabs. “De facto, isto esteve a trabalhar oito meses e fechou. Mas depois houve dois anos de [Casa do] Capitão onde se venderam quilos de kebabs”, conta, admitindo também por isso algum cansaço. “Agora quis fazer uma cena diferente. O título do rei do kebab já é meu portanto já não há mais luta”, brinca. “Se fico só a fazer uma coisa rotulam-me que só faço uma cena. Fico preso a isso e honestamente já só o cheiro dos kebabs…”

Mesmo assim, há uma sandes no menu a saber a kebab. “É a transição para as pessoas que vêm cá e ficam bué tristes porque já não há kebabs. Pelo menos há uma sandes. É o mais parecido com hambúrguer também”, explica o chef, que quer com o West Mambo recuperar “a magia da sanduíche”. “Tudo se mete dentro de um pão e comecei a ficar triste, com a gentrificação de Lisboa, de ver que isso começa a desaparecer.”

East Mambo
Ricardo LopesSandes de camarão

Em miúdo, lembra-se de chegar ao café em frente à escola e pedir sandes de tudo e mais alguma coisa. Todas as combinações eram possíveis, até mesmo sandes de croquetes ou rissóis. Hoje já não é bem assim. “Ainda não vamos na carcaça porque eu acho que este pão é melhor, mas a ideia é não deixar morrer as sandes.”

O pão a que se refere, feito em casa, é de mandioca. E além da sandes de borrego, há uma de pernil, com a carne desfiada e cozinhada no ponto, outra de frango e uma de camarão que Agrela diz ser uma homenagem à clássica sandes de omelete. A opção vegan, que leva o nome de “pernil vegan”, é feita com jaca.

East Mambo
Ricardo LopesOs três acompanhamentos

E nem os acompanhamentos são óbvios: chips de couve kale, banana pão, e mil folhas de batata (é dizer, batata frita em várias camadas finas). Para petiscar antes das sandes, há um trio de entradas (3,50€), com três dips (espinafre e requeijão; feijão manteiga; e humus de ervilha com pesto de alho francês) e crackers feitas a partir do pão de mandioca. 

East Mambo
Ricardo LopesAs entradas

Na sobremesa, há doces que aqueles que conheciam a casa anteriormente ou que passaram em algum momento pela Casa do Capitão poderão conhecer: o bolo da Sílvia (4,50€), que é um petit gateau de caramelo salgado e que acompanha com gelado; e o John’s Parfait (4,50€), uma junção surpreendente de ruibarbo, aipo, fava tonka e estrelitas – sim, os cereais infantis.

East Mambo
Ricardo LopesAs sobremesas

“Acho que as combinações podem ter de mudar um bocadinho, mas a ideia é ser sempre street food. Isto é um sítio onde comes com as mãos”, atira Agrela, que não está sozinho na cozinha. Da Casa do Capitão trouxe Camila Amaral e é ela que assegura a cozinha a tempo inteiro – se assim não fosse não conseguiria conciliar tudo o que faz. “Isto tem a dinâmica de um restaurante pequenino, aqui tens a liberdade para fazer coisas que num restaurante normal não tens”, afirma. “Aqui não há pressão de facturar, facturar. Tem de facturar, mas a comida está boa? Está-se bem.”

A liberdade é tal que Bernardo Agrela não põe de lado a hipótese de volta e meia poderem voltar os kebabs. “Os kebabs estão só em pausa. Hão-de voltar, não sei bem ainda em que modelo. Agora estamos na temporada West. Às vezes pode ser East. Havemos de rodar.”

Rua Latino Coelho, 87A (São Sebastião). Seg-Sáb 11.30-15.00/19.30-22.00

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