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Nasceu em 2011 no Channel 4 britânico, foi cancelada por falta de orçamento, mas encontrou o seu lugar no catálogo da Netflix, à terceira temporada. Criada por Charlie Brooker, também conhecido como o Sr. Distopia, Black Mirror é uma série antológica que já nos deu 22 episódios, distribuídos de forma heterogénea pelas várias temporadas. A sexta, com estreia marcada para 15 de Junho, tem cinco capítulos que, como sempre, podem ser vistos pela ordem que o espectador quiser. Em comum, têm o tema dos futuros distópicos alimentados pelo desenvolvimento tecnológico, que no mundo real está a acelerar como nunca.
A quinta temporada, com apenas três episódios, estreou em 2019 e há uma justificação para os fãs terem esperado quatro anos para uma nova ronda. Em plena pandemia, Brooker, em entrevista à britânica Radio Times, disse não ter a certeza se as audiências estariam preparadas para mais uma temporada. “Neste momento, não sei que estômago haveria para histórias sobre sociedades a desmoronar, por isso não estou a trabalhar em nenhuma delas. Estou ansioso para revisitar o meu conjunto de competências humorísticas, ando a escrever argumentos com o objectivo de me fazer rir.” Esta é, de resto, uma competência que os britânicos conhecem bem, já que Brooker é o criador do programa Weekly Wipe (2013-2015), emitido pela BBC e uma espécie de Isto é Gozar Com Quem Trabalha para lá do Canal da Mancha. Desse programa saiu a personagem Philomena Cunk, interpretada pela comediante Diane Morgan, que teve direito a spin offs, também da autoria do criador de Black Mirror, como Cunk on Britain (2016–2018) e Cunk on Earth (2022), por cá também disponível na Netflix. Mas vamos a coisas bastante mais sérias.
“Imponderável, indescritível e inesperada” são os três adjectivos seleccionados para a nova temporada de Black Mirror, composta por cinco histórias, em episódios que também se encaixam na categoria telefilmes. Filmados entre Espanha e o Reino Unido, todos voltam a imaginar o lado mais negro do desenvolvimento tecnológico. E o próprio streaming, em que estreia a série, não foge à crítica subjacente ao argumento. Logo no primeiro episódio, vemos uma mulher comum a escolher o que ver no serviço Streamberry, quando fica estupefacta por descobrir uma série baseada na sua própria vida. “Joan is Awful" – o nome do episódio e da tal série – é protagonizada por Salma Hayek (Frida), num elenco que conta ainda com Michael Cera (Juno), Annie Murphy (Schitt's Creek), Ben Barnes (Westworld), Himesh Patel (Yesterday) e Rob Delaney (O Poder). O segundo episódio, “Loch Henry”, leva-nos até à Escócia, mais concretamente a uma pacata aldeia para onde viaja um jovem casal, com a ideia de trabalhar num documentário sobre natureza. Lá chegados, são aliciados a divulgar uma história local, com detalhes horrorosos e ao mesmo tempo, ouve-se no trailer, “irresistíveis”. Daniel Portman (A Guerra dos Tronos), John Hannah (Quatro Casamentos e Um Funeral), Monica Dolan (A Very English Scandal), Myha’la Herrold (Industry) e Samuel Blenkin (The Witcher: Blood Origin) são os actores.
“Beyond The Sea” é o terceiro capítulo que em vez de avançar no tempo, recua. Passa-se em 1969, numa realidade alternativa, e acompanha dois homens que parecem navegar no espaço há dois anos, numa missão perigosa e desafiadora, durante a qual, diz a sinopse, se debatem “com as consequências de uma tragédia inimaginável”. Com Aaron Paul (Breaking Bad), Auden Thornton (This Is Us), Josh Hartnett (Penny Dreadful), Kate Mara (House of Cards) e Rory Culkin (Em Nome do Céu). Segue-se “Mazey Day”, que acompanha uma estrela perseguida por paparazzis que competem por uma valiosa fotografia, após a actriz ser expulsa de umas filmagens, enquanto está a braços com um incidente de atropelamento e fuga. No elenco encontramos Clara Rugaard (The Rising), Danny Ramirez (Top Gun: Maverick) e Zazie Beetz (Atlanta). Por último, “Demónio 79”. Tem nome de filme de terror e no trailer parece de facto assustador. É mais uma história cuja acção não acontece no futuro, mas sim em 1979, altura em que uma assistente comercial recebe ordens para desencadear uma série de assassinatos, mas de forma a evitar uma possível tragédia. Em destaque, estão os actores Anjana Vasan (Killing Eve) e Paapa Essiedu (Gangs of London).
“Sempre senti que Black Mirror deveria apresentar histórias totalmente distintas umas das outras e continuar a surpreender as pessoas – e a mim mesmo –, senão qual é o objectivo? Deve ser uma série que não pode ser facilmente definida e que pode continuar a reinventar-se”, disse Brooker, citado no início deste mês pela Tudum, a plataforma de conteúdos para utilizadores da Netflix. Isto significa que nesta temporada foram ampliados os parâmetros do que é um “episódio Black Mirror” e os espectadores podem esperar “mudanças malucas e mais variedade do que nunca”.
Netflix. Estreia a 15 de Junho (T6)
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