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Cá em cima, é um café vegano. Lá em baixo, uma livraria independente

A Inquieta nasceu em Campolide, com uma vasta oferta literária e com um café vegano, que vende bebidas quentes e pastelaria. Há ainda planos para ter uma agenda cultural diversa.

Beatriz Magalhães
Escrito por
Beatriz Magalhães
Jornalista
Inquieta
© Guilherme CostaInquieta
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O letreiro diz livraria e cafetaria, mas à primeira vista não parece ser mais do que um pequeno café. Quando entramos, há um balcão do lado esquerdo e uma mesa com duas cadeiras do lado direito. Nada mais. Só depois é que reparamos nas escadas e no papel que diz livraria com uma seta a apontar para baixo. Ao contrário do primeiro piso, o rés-do-chão é mais amplo e as paredes estão cobertas de estantes com livros. Esta é a Inquieta, um novo espaço em Campolide onde dá para lanchar ou comprar livros, ou então os dois. Em breve, vai contar com uma programação cultural mensal. 

Hugo Lourenço, de 32 anos, licenciou-se em Tradução e fez uma pós-gradução em Escrita Criativa. Chegou a fazer alguns trabalhos como tradutor e também escreveu um livro, mas nos últimos anos tem trabalhado como livreiro. Sempre gostou de estar rodeado de livros e, no ano passado, decidiu então abrir uma livraria. A razão prendeu-se com a sua vontade de trabalhar num sítio onde pudesse recomendar o tipo de livros de que gosta. “Sempre senti algumas amarras, não só em termos da selecção dos livros que tinha nos espaços, como no próprio discurso que tinha de ter com o cliente – o que é que podia ou não recomendar. E daí ter um espaço independente onde possa desenvolver a minha própria linguagem com pessoas que partilham as mesmas ideias”, conta Hugo, em conversa com a Time Out.

Inquieta
DR

A Inquieta, que deve o seu nome ao verso de José Mário Branco, abriu portas no passado mês de Novembro, no 94B da Rua de Campolide, onde antes existia uma barbearia. Antes de começar a procura por um espaço, Hugo conduziu um estudo de mercado para perceber se faria sentido abrir a livraria na zona onde vive – Odivelas. Depressa percebeu que não e lá chegou a Campolide. “É um bairro que ultimamente tem vindo a desenvolver algumas coisas a nível cultural. Tens aqui uma associação, a Cosmos, que acolhe concertos e outros eventos. Há pouco tempo, abriu um atelier, ou seja, parece que está a crescer um certo movimento cultural e faltava aqui uma livraria que, no nosso caso, vende livros novos.” 

Inquieta
© Guilherme Costa

Juntar um café à equação deveu-se também ao estudo de mercado, que atingiu melhores resultados assim que a Inquieta deixou de ser apenas uma livraria. A oferta é essencialmente vegana, não só porque o proprietário também o é, mas também devido à falta de oferta de cafés do género na cidade. “Ainda ontem tive clientes que vieram de Setúbal de propósito para cá. Não acontece todos os dias, mas vai acontecendo”, realça. Além de bebidas à base de café, chá e chocolate quente, há bolo de banana, pastelaria variada e opções salgadas, como quiche, kibe e mini pizzas. “Tal como na parte da livraria, tentamos ser criteriosos e apostar na qualidade e recorremos a pequenos fornecedores.”

Inquieta
© Guilherme Costa

No piso de baixo, os títulos vão a quase todos os géneros, mas inserem-se principalmente na ficção literária, nas ciências sociais e humanas e na ficção infanto-juvenil. Aos poucos, a poesia e a novela gráfica também vão ocupando lugar nas estantes. Há uma pequena secção de livros em inglês e uma outra de livros usados, bem como uma caixa de madeira, na qual os clientes são convidados a deixar os livros que já não querem e, em troca, levar um. “Tentamos trabalhar mais com pequenas editoras e aproveitar o que de bom têm os grandes grupos a nível de oferta editorial. E tentamos escolher os livros um a um e não ir necessariamente pelas tendências, mas por aquilo que consideramos ter qualidade”, explica o proprietário.

Inquieta
© Guilherme Costa

Junto à zona dos livros, há ainda uma área que, decorada com dois murais pintados por Daniela Guerreiro, contempla mais mesas e poltronas e, num futuro próximo, irá servir para dinamizar uma agenda cultural que incluirá sessões de conto e workshops de artes para crianças, apresentações de livros e sessões de autógrafos e debates e mesas redondas, que abordarão temas como a saúde mental e a arte-terapia. Até lá, as portas estão abertas, ora para ir comprar um livro ou apenas para tomar um café.

Rua de Campolide, 94B (Campolide). 21 408 3073. Ter-Sex 10.00-19.00, Sáb 10.00-18.00 e Dom 10.00-17.00

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