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Câmara de Lisboa lança programa anual de 200 mil euros para apoiar media

Com 20 prémios de 10 mil euros, ‘Lisboa, Cultura e Media’ dirige-se directamente a jornalistas e produtores de conteúdos digitais. MEC é o presidente do júri.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
Jornalista
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Photograph: Shutterstock
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A intenção de lançar um programa de apoio aos media foi avançada por Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), em Janeiro, num artigo de opinião no jornal Público, e reiterada em Julho num encontro com jornalistas, nos Paços do Concelho. Agora, com Gonçalo Reis, administrador não-executivo da Lisboa Cultura (antiga EGEAC), a apresentar o programa 'Lisboa, Cultura e Media', Carlos Moedas oficializa a ideia que tem como objectivo "salvaguardar a liberdade de imprensa".

Com uma dotação anual de 200 mil euros, o programa divide-se em duas categorias – jornalismo e conteúdos digitais (o que pode incluir desde podcasts a produção para redes sociais) e destina-se directamente aos autores de novos projectos em áreas relacionadas com o município de Lisboa e a cultura. No caso do jornalismo, os candidatos devem ser portadores de carteira profissional, mas "podem ou não ter vínculo com o meio de comunicação social", especifica Gonçalo Reis. Já na categoria digital, "não há praticamente restrições". Cada categoria tem destinados 10 prémios de 10 mil euros, sendo que os trabalhos serão avaliados por um júri presidido por Miguel Esteves Cardoso e completado por Paula Moura Pinheiro, Pedro Boucherie Mendes e Rosália Amorim. 

O período de candidaturas já está aberto e prolonga-se até ao final de Outubro, estando o anúncio dos primeiros vencedores previsto para Janeiro.

"As autarquias têm de estar na linha frente desta luta"

Na Sala do Arquivo, onde se juntaram diversos agentes da cultura, artistas, jornalistas e administradores de media, não faltou a referência de Carlos Moedas à proximidade com a área do jornalismo, pelo facto de ter crescido com o pai a escrever para o extinto Diário do Alentejo. "Os que me conhecem sabem que cresci dentro do jornalismo", descreveu o autarca, qualificando o sector como "um parceiro indispensável da democracia" e chamando a atenção para a crise actual e a responsabilidade do poder local em tentar combatê-la. "As autarquias têm de estar na linha da frente desta luta", defendeu Moedas.

O programa apoia directamente jornalistas e produtores de conteúdos e não empresas de media, já que o objectivo, segundo o autarca, é "dizer aos jornalistas para escreverem o que quiserem, para investigarem o que quiserem". "A razão deste programa é única, é valorizar o jornalismo através dos jornalistas. Este programa é mais do que um prémio, é um ponto essencial no momento em que vivemos da defesa da liberdade", sublinhou Carlos Moedas. Sobre o apoio específico a conteúdos digitais fora do quadro do jornalismo, Carlos Moedas justificou a opção com a necessidade de "aprofundar a qualidade do conteúdo" publicado em diferentes plataformas. No seu conjunto, o programa, acredita o autarca, insere-se num "esforço pela liberdade de pensamento".

Nas palavras de Gonçalo Reis, da Lisboa Cultura, empresa municipal para a qual o investimento financeiro neste programa representa "menos de 1% do orçamento total", a iniciativa foi desenhada "para que haja novos talentos, ideias e projectos". Foi, ainda, sublinhada a salvaguarda do carácter independente do programa. "Não queremos ter meios preferidos nem promover reportagens simpáticas ou fofinhas", disse o administrador.

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