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Cansei de Ser Sexy: “As nossas vidas cresceram para além da banda”

Dez anos depois de se terem separado, as CSS estão prestes a voltar a Portugal. Mas os concertos deste fim-de-semana podem ser os últimos, avisa LoveFoxxx.

Luís Filipe Rodrigues
Editor
CSS, Cansei de Ser Sexy
Gleeson PaulinoCSS
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LoveFoxxx gosta de perguntar quem está a ver CSS pela primeira vez. “Tenho essa curiosidade. Por isso, peço a quem nos está a ver pela primeira vez para levantar as mãos. Normalmente, parece-me que mais de metade das pessoas nunca nos tinha visto”, conta. “Algumas porque eram muito novas quando nós tocávamos. Mas também há casos em que a mãe ouvia Cansei de Ser Sexy e a filha cresceu a ouvir-nos. E estão as duas no show, a filha na frente e a mãe assistindo no fundo da sala.”

Não há maneira de saber quantas mães e filhas vão estar a ver os concertos – nem sequer a idade do público – de sábado, 6 de Julho, no Lisboa Ao Vivo, e de domingo, 7, no Hard Club (Porto), no entanto a resposta de Luísa Matsushita, a cantora que conhecemos como LoveFoxxx, tem pouco ou nada de surpreendente. Recentemente, a estética indie sleaze da segunda metade dos anos zero – quando a banda estava perfeitamente alinhada com o zeitgeist – tem sido recuperada; e a época revista com as lentes cor-de-rosa da nostalgia. Frequentemente, por quem não a viveu.

Desde 2022 que publicações históricas como a Harper's Bazaar falam no regresso do indie sleaze e antes disso já a canadiana Olivia V. partilhava fotografias da altura na conta @indiesleaze, com quase 200 mil seguidores no Instagram – LoveFoxxx aparece em várias. Não obstante, nunca se escreveu tanto sobre o assunto como nos últimos meses, na Vice, na Vogue, na GQ, agora na Time Out, em todo o lado. Há qualquer coisa a acontecer aqui e sociólogos de bancada prontos para aventarem explicações. Luísa prefere não avançar com uma teoria, porém. Confessa-se surpresa. “Não esperava ter tanta gente a ver-nos pela primeira vez”, diz. “Nem eu, nem ninguém.”

Estamos a falar de outro assunto quando volta atrás. “Acho que temos espírito de pessoas no começo da vida. Mais o espírito, a atitude, do que a sonoridade. Sempre fomos despretensiosas e isso ressoa junto dos jovens”, acredita. “Se calhar também tem a ver com sermos uma banda queer. Desde o início, com uma presença gay muito grande. E falávamos sobre isso numa época em que a heteronormatividade era maior. Ser heteronormativo hoje [parece] mal, mas antigamente não era. Penso que isso também diz muito a esse público Gen Z [nascido entre 1997 e 2010].”

Uma festa, talvez a última

Não foi a pensar nestes novos fãs, contudo, que se reuniram. “Tínhamos muitas saudades umas das outras”, começa a explicar a vocalista. “E um promotor inglês escreveu para a Ana [Rezende, guitarrista e teclista do quarteto], no ano passado, a dizer que íamos fazer 20 anos de carreira e a perguntar se não queríamos fazer uma tournée para comemorar. E dissemos que sim. Mas nem estávamos lembradas disso. Na minha cabeça tinham passado apenas uns sete anos desde o começo da banda.”

É possível que esteja a exagerar. Afinal, seria difícil condensar tantas histórias em apenas sete anos. E antes da actual digressão pelos Estados Unidos e pela Europa, e do regresso aos palcos em Dezembro de 2023, durante o Primavera Sound de São Paulo, já tinha havido outra reunião, há quatro anos.  Deram apenas um concerto, no final de 2019, no festival paulistano Popload, porém tinham pensado fazer mais. “Havia planos de fazer uma tournée”, recorda. “E perto do concerto no Popload começámos a fazer umas demos.” Até que “a pandemia desanimou o mundo inteiro”.

“Estava escutando essas demos novamente, e elas são muito legais. Só que temos preguiça de achar um selo, de lançar independente ou de promover isso. Não podemos simplesmente colocá-las nas plataformas. Temos que promovê-las. Por isso, sinto muito dizê-lo, mas talvez a gente simplesmente deixe essas demos guardadas no drive”, considera. “Não sei se existe o tempo ou a disponibilidade. Porque nesses anos de pausa as nossas vidas profissionais, pessoais, cresceram para além de Cansei de Ser Sexy. E acredito que essa tour realmente possa ser a nossa última.”

Na hora da despedida, vão revisitar os quatro álbuns lançados entre 2005 e 2013 e enfatizar o primeiro, homónimo, onde se encontram os êxitos – como “Meeting Paris Hilton” ou “Let's Make Love and Listen to Death from Above” – que todo o mundo quer ouvir. “É uma setlist que flui muito bem. E é muito gostoso passar por essa viagem entre os quatro discos.” LoveFoxxx espera que velhos e novos fãs se juntem a ela. Pode não haver outra chance.

Lisboa Ao Vivo. 6 Jul (Sáb). 21.00. 35€

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