[title]
As solicitações abundam e a agenda de Carlos Moedas não está de feição. Ainda assim, exactamente um mês após a tomada de posse, o novo presidente da Câmara de Lisboa recebeu a Time Out no seu gabinete, nos Paços do Concelho, para a primeira grande entrevista desde a inesperada vitória nas eleições autárquicas. Duas condições à partida: 45 minutos contados (mais 15 para as fotografias); e uma conversa concentrada em Lisboa, que a vontade não é de comentar a crise política nacional.
Na entrevista, que chega às bancas esta sexta-feira, 26 de Novembro, com a nova edição da Time Out Lisboa trimestral, Carlos Moedas não põe datas em nada. Quer é “coisas bem feitas”. Não põe datas no orçamento, nem nos passes grátis, nem no fim da ciclovia na Almirante Reis. Pede a suspensão da construção da linha circular do Metropolitano e explica como ainda se vai a tempo de rever o projecto; reconhece que há uma percepção pública de corrupção associada ao urbanismo e admite fazer auditorias nessa área; e defende que o programa de rendas acessíveis tem de dar prioridade a quem é de Lisboa.
“Como toda a gente tem acesso a candidatar-se à renda acessível, aquilo acaba por ser um totoloto. Temos de mudar algumas regras, e essa é uma delas: a renda acessível tem de ser só para pessoas que vivem ou viveram em Lisboa, imagine, dez anos, e depois foram obrigados a sair porque já não tinham dinheiro para pagar renda aqui. Esses deviam ter prioridade no concurso”, afirma Moedas. “Eu sou presidente da Câmara Municipal de Lisboa e acho que alguém que está noutra ponta do país e decide concorrer não pode estar em pé de igualdade com alguém que teve a sua história familiar em Lisboa e quer continuar em Lisboa. A renda acessível não pode continuar a ser um totoloto. E se dez milhões de portugueses podem concorrer, será sempre um totoloto.”
A ideia é para avançar já. Hoje, o jornal Público escreve que a vereadora da Habitação a levará já nesta sexta-feira a reunião de câmara. “A nossa ideia é ajudar as pessoas que estão em Lisboa a ficarem cá. As famílias precisam deste sinal”, diz Filipa Roseta. “Queremos primeiro fixar e depois atrair.” A vereadora diz àquele jornal que, tal como estão, as regras do Programa de Renda Acessível podem ter um efeito perverso e agravar o problema de habitação para quem já mora em Lisboa, dando lugar a quem vem de fora da cidade e levando as pessoas que estão agora na cidade a procurar alternativas fora.
Na entrevista à Time Out Lisboa, Carlos Moedas reconhece que criar critérios para quem vive ou viveu, para quem é de cá, pode ser um problema para uma cidade multicultural, que todos os dias está a receber gente de fora. “Claro. Mas temos de começar por algum lado e devemos começar pelos lisboetas que são obrigados a sair de Lisboa. É o primeiro passo. Muitas das pessoas que vêm de fora são talentos e, felizmente para eles, não necessitam de renda acessível porque têm uma capacidade económica superior à média lisboeta”, diz.
O autarca acredita ainda que trazer gente para o centro da cidade “não é uma batalha perdida”. “Essa é aliás uma parte do meu programa que é muito progressista, como se diz agora na Europa. Estamos a trabalhar com a vereadora [da Habitação, Filipa Roseta], a tentar ir buscar edifícios devolutos, trabalhar com a renda acessível, cooperativas de jovens, tudo isso, estamos nesse trabalho constante”, adianta. “Temos de acelerar os concursos para jovens arquitectos, para transformarem os imóveis devolutos e criarem mais renda acessível. Mas sem promessas, porque o pior aqui é a pessoa estar a dizer que vai fazer não sei quantos mil fogos e depois não chegar lá. Vamos fazer o mais rápido possível.”
A entrevista completa a Carlos Moedas, de oito páginas, pode ser lida na íntegra na Time Out Lisboa que chega esta sexta-feira, 26 de Novembro, às bancas.
+ Estes são vereadores com pelouros da Câmara de Lisboa
+ Carlos Moedas: “Lisboa merece estar na Liga dos Campeões das cidades europeias”