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Os Ferro Gaita, embaixadores do funaná, são a alma do Carnaval do B.Leza esta segunda-feira. Falámos com o manager da mítica banda cabo-verdiana que vai pôr a cidade a dançar.
Por estes tempos, a cidade do Mindelo, em São Vicente, transforma-se num “Brasilinho”, como costumam dizer. “Um Brasil em ponto pequeno”, reforça Augusto Veiga, manager dos Ferro Gaita desde que a banda foi criada, há quase 23 anos.
O nome do grupo que se tornou sinónimo de funaná pelo mundo inteiro junta os dois elementos fundamentais do género de música cabo-verdiana: o ferro, “o ferrinho”, e a gaita, “nome que aqui chamamos ao acordeão”, explica Augusto. “[Os Ferro Gaita] voltaram a trazer os instrumentos tradicionais para a ribalta e isso serviu para que outros grupos cabo-verdianos se motivassem.”
A banda, um grupo de amigos do arquipélago, juntou-se em 1996 na cidade da Praia, Santiago, e começou a tocar com uma faca, um pedaço de metal e uma espécie de acordeão. Pouco tempo depois lançavam Fundu Baxu, o primeiro disco, que se tornaria o mais vendido de 1997 em Cabo Verde. Desde então, nunca mais pararam e na segunda rumam a Lisboa para se estrearem na mais recente morada do B.Leza, em frente ao rio – “até agora só tinham tocado no B.Leza antigo”.
Depois de um mais recente e concorrido concerto num palco secundário do Rock in Rio, no Verão passado, e de outros míticos na Praça Sony da Expo 98 ou no Festival Delta Tejo, os “embaixadores do funaná”, como são conhecidos, regressam a Lisboa numa “data muito forte”, na noite de Carnaval. “Vamo-nos tentar integrar no espírito do Carnaval de Cabo Verde, com alguns temas que se tocam aqui [lá]”, diz o manager.
Esta segunda-feira, não irão faltar êxitos de funaná da banda como “E Si Propi” ou “Rei di Tabanka”, mas também novos singles que lançaram nos últimos meses. “Preferimos esta estratégia de ir lançando singles no mercado enquanto não temos um novo trabalho completo”, diz.
Na Praia, em Santiago, na sala de ensaios da banda, funciona há dez anos uma escola de música para miúdos, um projecto com cariz social de onde já nasceu uma banda, os Gaita Ferro, e de onde já saíram músicos que às vezes substituem membros originais do Ferro Gaita que não podem tocar. “[Na escola] têm acesso a instrumentos tradicionais e também a professores que os ensinam a ler as pautas. Um problema que temos aqui em Cabo Verde é não haver muitas escolas de música.”
O funaná continua forte e não só continuam a surgir novos artistas como grupos míticos começam a renascer. “É o caso dos Bulimundo, uma banda mítica de Cabo Verde que trouxe o funaná do campo para a cidade e que regressaram há dois anos, e que o ano passado encerraram o Festival [Músicas do Mundo] de Sines”.
No B.Leza, os Ferro Gaita vêm mostrar o verdadeiro sucesso da sua longevidade: “A sua energia em palco. Muitas vezes as pessoas nem percebem as letras mas deixam-se contagiar pela música”, continua Augusto. No B.Leza, as portas abrem às 22.30 e a festa dura a noite toda com um DJ set de Mar & Sol Soundsystem.
Segunda, a partir das 22.30, no B.Leza. Cais do Gás, 1 (Cais do Sodré). 20€