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Lisboa – Fé, Esperança e Caridade
Lisboa, Rua da Fé e Rua da Esperança, Esperança do Cardal e Rua da Caridade. Eu moro na Rua da Fé, o meu pai cresceu na Rua da Esperança. Santo António e Madragoa. Como poderia não ter fé em Lisboa?
Nos meus passeios, vou do Príncipe Real ao Campo Santana, às vezes mesmo até à Mouraria, passo na Rua Marquês de Ponte de Lima (ao Largo da Rosa), uma das ruas mais bonitas de Lisboa, vou até à Casa da Achada, depois compro legumes na mercearia do Prado, numa nova Lisboa, que também tem coisas para nós, os lisboetas. E vejo como agora, quando subo ao Campo Santana empurrando a custo um carrinho de bebé, mais pesado do que eu gostaria, os lisboetas fazem o que nunca os tinha visto fazerem, muito menos no Campo Santana: aproveitam o sol e o jardim!
No Campo Santana (ou Mártires da Pátria, cada um lhe chama o que quer), onde talvez poucos saibam que já existiu uma Praça de Touros (perigosíssima, por ser toda em madeira), onde também já funcionou a Faculdade de Letras, mesmo ao lado do Torel, que também já foi esquadra de polícia (aprendi eu ontem, no Pátio das Cantigas!), passeiam-se agora ao fim do dia, jovens pais (eu já não o sou, estou a destoar) que mostram os patos aos filhos e compram gelados para os mais crescidos, que andam de bicicletas e triciclos. Dobrando o charco (acho que não se pode chamar àquilo um lago), estão os mais velhos sentados nas mesas a jogar às cartas, máscara quase no queixo. Ao fim de semana, há mesmo picnics a rigor no Campo Santana, com vinho, comida, toalha aos quadrados. O Covid trouxe coisas más, mas o Campo Santana só ganhou com ele, porque o medo dos espaços fechados trouxe-lhe as pessoas de volta.
- Camané, músico