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Depois de tentar fixar a Cavalariça em Lisboa, Bruno Caseiro mudou os planos, aproveitando a boleia da entrada dos novos sócios, com Bruno Contreras, do grupo hoteleiro Harvest Cotton Tale, à cabeça. A Cavalariça mantém-se de pedra e cal na Comporta, onde tudo começou, e em Évora, aonde chegou no ano passado, mas em Lisboa transforma-se noutra coisa, num restaurante ainda mais descontraído, à imagem da zona onde está, o Cais do Sodré. Chama-se Cav 86 e tem Marcelo Oliveira a comandar a cozinha.
Até o espaço está diferente, mais colorido, com o azul e o amarelo a destacarem-se, ao contrário dos tons mais sóbrios de antigamente. O unicórnio, herdado do anterior restaurante, também desapareceu. É uma vida nova. “Não faz sentido querer reproduzir uma outra Cavalariça, que já foi feita no passado e não deu tão certo. Então a gente está tentando agora fazer um novo projecto”, começa por explicar Marcelo, que até pode não ser uma cara conhecida, mas já não é estranho ao meio. Só no último ano passou por dois restaurantes badalados – Casa Reîa e Tasca Pete. “A gente está tentando colocar esse restaurante dentro do lugar onde a gente está, que é o Cais do Sodré, a Rua da Boavista, lugares um pouquinho mais informais. Pertence à Cavalariça, mas a gente está tentando fazer um outro molde dentro do grupo”, continua o chef brasileiro.
Em Lisboa, onde a Cavalariça começou como um pop-up até se fixar na Rua da Boavista (chegando até a ter um espaço maior em vista no Chiado), o restaurante estava fechado há meses. Apesar de querer contar uma história nova, na Cav 86 há uma assinatura que não se perde e que se nota no arrojo do menu e na escolha dos melhores produtos da época, traço inconfundível de Bruno Caseiro, sendo ainda assim bastante evidente a influência de Marcelo.
“Está sendo muito engrandecedor para mim tentar colocar toda a minha criatividade dentro do menu e eles terem-me dado toda essa confiança, para eu estar realmente liderando, é muito bom”, contextualiza Marcelo. A carta foi desenhada a várias mãos, entre Marcelo, Bruno Caseiro e Bruno Contreras, francês que conta no currículo com várias passagens por restaurantes com estrelas Michelin. “Fomos os três, mas esse último menu fui mais eu do que eles, porque eu estou mais aqui. Afinal a proposta é realmente eu ter essa liberdade, expondo para eles as minhas ideias”, diz. “Eles estão ali mais como um filtro dentro da empresa, para também não ficar tão discrepante”, justifica.
Entre as propostas da carta, todas pensadas para serem partilhadas, Marcelo destaca o pão de queijo e costela de vaca com molho de francesinha (6€), as pataniscas vegan, feitas com cogumelos, aioli e vinagrete de flores (6€), e a costela mendinha de vaca fumada, com chimichurri (19,50€/200gr). Há ainda, por exemplo, um coração de burrata com funcho, pistáchios e pickles de morangos verdes (9€), ou uma cavala na brasa com tomate fresco e confitado e pão grelhado (10€). “E coloquei também no menu essa semana um especial, que é o crudo de garoupa com leite de tigre de meloa e physalis [9€]”, alerta o chef. É assim que acontece quando é a oferta e a estação a ditar o menu. Hoje há certo prato, amanhã pode não haver.
Para acompanhar, a carta de vinhos (25€-84€) é eclética, entre espumante, tinto, branco e rosé, e bem composta, apostando-se também nos cocktails (12€-15€). Aos finais de tarde, há uma happy hour com ostras e vinho, em que duas ostras e um copo de vinho ficam por 10€.
Em breve, as paredes da Cav 86 servirão também para artistas emergentes exporem os seus trabalhos. “E todo mês a gente vai ter uma exposição de um artista. Pode ser amador, pode ser profissional”, revela Marcelo, com o objectivo de “tornar a Cav um pouco mais bonita e chamativa para os clientes”. “Quem quiser pode vir só para tirar foto, quem quiser pode comprar”, acrescenta.
Rua da Boavista 86 (Cais do Sodré). 21 346 0629. Ter-Sáb 13.00-00.00
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