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Cerveja do padre Edgar e programa cultural abrem Igreja do Castelo ao turismo para financiar restauro

Começa a recuperação do património da Igreja de Santa Cruz do Castelo. Será ano e meio de actividades, entre exposições, restauro ao vivo, provas de biscoitos e cerveja artesanal.

Rute Barbedo
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Rute Barbedo
Jornalista
Telas dos monges cartuxos serão restauradas
DRTelas dos monges cartuxos serão restauradas
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"Somos poucos a viver no Castelo, mas à porta desta igreja passam mais de três milhões de pessoas por ano", nota o padre Edgar Clara, referindo-se a "uma coisa de que às vezes falamos muito mal", mas que tem o poder de financiar "a recuperação do património": o turismo. É nele que a Igreja de Santa Cruz do Castelo, junto ao Castelo de São Jorge, deposita as esperanças para custear o seu projecto de conservação e restauro, apresentado a 16 de Maio e que envolve um conjunto de acções durante o próximo ano e meio a dois anos, com vista a aproximar a comunidade e visitantes do espaço. 

Quem ouve o responsável da Igreja desde o altar-mor consegue detectar, à volta, fragilidades estruturais e necessidades várias de intervenção. O altar onde está Nossa Senhora do Rosário, que "será o primeiro a ser restaurado", por exemplo, tem madeiras em estado periclitante. E as 50 telas com pinturas de monges cartuxos também pedem instrumentos de restauro e conservação. É no restauro, aliás, que tudo começa. Esta semana, um técnico subirá a um andaime para fazer o seu trabalho e a Igreja de Santa Cruz do Castelo continuará de portas abertas, permitindo que se assista ao vivo ao "passo-a-passo" da recuperação. Esta é, assim, a segunda fase de revitalização deste património na antiga freguesia do Castelo. A primeira decorreu até 2018, ano em que a igreja voltou a acolher visitantes, depois de 30 anos apenas a abrir ao sábado, para celebrar a missa semanal.

Mas há mais, como conta o padre Edgar Clara: "Daqui a um mês, vamos oferecer a todos uma cerveja que estive a fazer [na zona de Fátima, conduzido por entendidos na matéria]. É uma cerveja de cardamomo e medronho." A cerveja, nomeada Santa Cruz, será uma das bebidas disponíveis para os visitantes da Torre da Igreja, torre sineira e antiga capela mortuária que é desde 2018 um espaço cultural e turístico, acessível mediante a passagem pela bilheteira (com acesso a exposições e ao miradouro, e oferta de uma bebida, os adultos pagam 5 euros e as crianças dos 4 aos 12 anos 2,50 euros). Mais tarde, também surgirão biscoitos artesanais, como detalhou Edgar Clara, lembrando que, numa acção semelhante levada a cabo na Igreja de São Cristóvão, a paróquia conseguiu angariar "10 mil euros com biscoitos". Sem anúncio de datas, ficou igualmente prometida uma exposição fotográfica e, a partir de Novembro, será possível assistir ao restauro de 50 telas com as pinturas de monges cartuxos. À programação juntam-se, ainda, visitas interpretativas, actividades para crianças e simpósios históricos sobre o Castelo. 

"Abrir a igreja ao turismo"

Para o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, que esteve presente na apresentação da iniciativa, este é um projecto que visa "abrir a igreja ao turismo", levado a cabo por um "homem de acção" (o padre Edgar Clara) que já havia dado provas de "um milagre" (nas palavras do autarca agnóstico) no processo de recuperação da Igreja de São Cristóvão, na mesma freguesia, que envolveu a estrutura exterior mas também o acervo. 

O projecto resulta de uma parceria com uma empresa privada, a mesma que esteve à frente do processo na Igreja de São Cristóvão e que está envolvida na recuperação do claustro da Sé de Lisboa (cuja reabertura ao público está prevista para o último trimestre deste ano). Como explica o coordenador do projecto, Luís Aguiar Campos, "a ideia é que se possa proporcionar aqui uma experiência diferente, abrindo mais a igreja à cultura e a vários públicos". "Na Igreja de São Cristóvão conseguimos, inclusive, ter lá um bailado", conta.

Para o projecto em curso na Igreja de Santa Cruz do Castelo, a instituição tem já um fundo de 35 mil euros, que lhe permite arrancar de imediato com a intervenção. O objectivo é alcançar os 200 mil euros, verba que a igreja espera conseguir através de donativos e da bilheteira da Torre da Igreja.

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