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Chambão de vaca e cozido de grão fingido, cabeça de porco à Bairrada, truta de Boticas com salada de Verão, corvina fumada com açorda de algas, muamba de ginguba vegetariana, escabeche de coco, couve flor assada e romã. Em comum o fogo com que são confeccionados, presente nas mais diversas formas. Ou não fosse esse o mote do Chefs on Fire, a caminho da sua quinta edição, marcada para 8, 9 e 10 de Setembro na Fiartil, no Estoril. Alexandre Silva (LOCO) – é dele o chambão –, João Rodrigues (Residência), Marlene Vieira (Marlene,) e Vasco Coelho Santos (Euskalduna Studio) – é dele a truta –, encabeçam o cartaz, que contará também com a participação de chefs espanhóis, ainda não anunciados, num novo palco internacional. Na música, destacam-se Pedro Mafama, Cláudia Pascoal e Deixem o Pimba em Paz.
O Chefs on Fire apareceu de mansinho em 2018, apesar de já na altura ter juntado nomes grandes da gastronomia no cartaz, e em menos de nada tornou-se num festival onde todos querem estar. Começou por ter apenas um dia, ganhou um segundo e este ano apresenta-se com três dias cheios. À quinta edição, o festival gastronómico dedicado à cozinha de fogo continua a crescer, até em termos de espaço, mas Gonçalo Castel-Branco acredita que este continua a ser um “encontro de amigos um bocadinho maior do que os jantares lá em casa”.
É precisamente num encontro de amigos, que já parece uma família, que acontece a reunião de preparação para o festival. Faltam ainda umas quantas semanas e uma edição pop-up (que aconteceu entretanto este mês em Aveiro), mas há recados que precisam de ser dados, dúvidas que têm de ser tiradas e pratos que precisam de ser fotografados. Num almoço descontraído a um domingo, grande parte dos chefs juntou-se na House of Hope And Dreams, também de Gonçalo Castel-Branco, no Restelo, como se de um dever não se tratasse.
Todos, ou quase todos, já sabem ao que vão. Ainda assim, Gonçalo faz questão de apresentar o festival como se fosse a primeira vez. Em poucas palavras, resume o Chefs on Fire: “Chefs muito talentosos a cozinharem em fogo e pessoas a comer bem, ouvir boa música e a terem uma experiência que é confortável.” Mesmo que o festival continue a crescer. No ano passado, o recinto já tinha sofrido alterações, com o palco a aparecer numa nova zona, para lá dos portões da Fiartil. Agora, a ideia é “continuar a crescer para fora”, aproveitando todo o espaço até ao Centro de Congressos, mudando de sítio também a zona destinada às crianças, até agora no final do recinto. “Estamos a duplicar o número de miúdos que temos no festival todos os anos”, revela Gonçalo, antecipando uma pequena quinta pedagógica, onde os mais pequenos vão poder preparar as suas próprias refeições, enquanto os pais podem aproveitar o Chefs on Fire descansados.
“O festival está mais maduro. Eu costumo dizer que é um segredo muito bem guardado. As pessoas que conhecem o festival são fãs acérrimas e vêm todos os anos, e as pessoas que descobrem pela primeira vez pensam ‘como é que eu não sabia que isto existia?’. É um festival que inspira um conceito quase de tribo, não só entre nós, como com os próprios clientes e músicos”, defende o homem do leme.
No briefing dado aos chefs, Gonçalo insiste na importância de se fazer um festival cada vez mais sustentável, assumindo “um programa de sustentabilidade muito agressivo”. “O objectivo é estarmos certificados como o festival gastronómico mais sustentável da Europa no fim deste ano”, confessa, ditando as regras para os chefs e sabendo que é preciso que todos estejam alinhados.
Mas foquemo-nos no programa do festival, que agora tem acção também à sexta-feira. Neste primeiro dia, cozinham pratos de carne Alexandre Silva (uma estrela Michelin no LOCO e chef também do FOGO); Bruno Caseiro (Cavalariça), com uma codorniz, “slaw” e nectarina; e Vítor Adão (Plano e Planto), com uma costela fumada, batata de Chaves e sunomono de couve. João Magalhães (Tricky’s) e Tiago Penão (Kappo e Izakaya) ficam com o peixe, com o primeiro a preparar uma espetada de polvo e o segundo unagui (enguia) e porco. Já nos vegetarianos, João Rodrigues terá um prato de abóbora, mel, pinhões e alho, e David Jesus (Seiva) apostará num arroz no wok com cogumelos em tempura. As sobremesas serão da responsabilidade da chef pasteleira Andreia Moutinho, que planeou um marmelo braseado com framboesa e limão. Ruben Trindade e Francisca Dias, da Casa do Gadanha, em Estremoz, completam o dia, na categoria de “rising star”, uma distinção que pretende dar palco a quem começa a dar nas vistas. Actuam neste dia D’Alva, Moullinex com GPU Panic e Velhote do Carmo, além de Pedro Mafama.
No dia 9, sábado, André Magalhães (Taberna da Rua das Flores), Gil Fernandes (do estrelado Fortaleza do Guincho) e Hugo Candeias (Ofício) cozinham, respectivamente, sandes de vitela de Mirandela, frango do campo em curanto e milho doce, e tortilla de pato assado e mole. No peixe, é da chef Marta Figueiredo (Estrela da Bica) a corvina fumada com açorda de algas mencionada logo no início, enquanto Ricardo Ferreira (Elemento) vai preparar um prato com camarão da costa. João Sá (SÁLA) e Tiago Feio (Tia tia) assumem os pratos vegetarianos com uma muamba de ginguba e um escabeche de coco, couve flor assada e romã. Zé Paulo Rocha do Velho Eurico é a estrela em ascensão do dia e cozinhará a tal cabeça de porco à Bairrada. Nos doces, Fábio Quiraz (Bela Vista Hotel & Spa) leva um durum de ananás, aipo e tucupi. A música fica por conta de A Garota Não, Cláudia Pascoal e Mirror People.
Para a despedida, o cartaz não perde fogo. Pelo contrário: António Loureiro (A Cozinha), Carlos Teixeira (uma estrela Michelin e outra verde na Herdade do Esporão) e Marlene Vieira ficam responsáveis pela carne, ao mesmo tempo que Paulo Alves (uma estrela Michelin no Kabuki) e Vasco Coelho Santos (uma estrela Michelin no Euskalduna Studio) preparam os pratos de peixe; e Diogo Formiga (uma estrela Michelin no Encanto) e António Galapito (Prado) assumem a área vegetariana. Quanto aos pratos, haverá de tudo, do borrego alentejano assado e beringela de Carlos ao pato assado e arroz de enchidos de Marlene, do maguro estrelado picante de Paulo ao alho francês com soro de cabra, marron e sementes de girassol de António. Nas sobremesas, Natalie Castro (Isco – Padaria e Bistro) apresenta-se com uma torrada de figo assado, nata azeda, óleo de folha de figueira e praliné de pão. Catarina Nascimento, do 83 Gastrobar, em Chaves, é a rising star e levará para o Estoril uma tosta de barriga de porco, com kimchi e karashi. Ao projecto humorístico e musical de Bruno Nogueira e Manuela Azevedo, Deixem o Pimba em Paz, juntam-se Beatriz Pessoa e Benjamim com Samuel Úria.
Os bilhetes para o festival já estão à venda e também aí há novidades. Há um passe de três dias que custa 200€ e que inclui 15 doses de comida e dez bebidas e um bilhete diário com o preço de 75€ com cinco doses de comida e duas bebidas, além obviamente do acesso aos concertos. Para as crianças, entre os seis e os 12, a entrada tem o custo de 20€ com acesso à zona kids onde poderão comer livremente. Que se prepare o lume.
Fiartil – Feira de Artesanato do Estoril, Avenida Amaral (Cascais). 8, 9 e 10 de Setembro, 12.00-00.00. 75€-200€
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