Notícias

“Chorei mais com a morte do Mufasa do que com familiares meus”

‘Mufasa: O Rei Leão’ volta atrás no tempo e volta também a mexer com os sentimentos do público. Antes da estreia, ouvimos Lin-Manuel Miranda e falámos com dois dos intérpretes portugueses: Dino d’Santiago e Matay.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
MUFASA: THE LION KING
©Cortesia Disney Enterprises Inc.O pequeno Mufasa
Publicidade

Cinco anos após o remake de O Rei Leão com recurso a técnicas de filmagem em live-action, com imagens geradas por computador (CGI) fotorealistas, a Disney repete a fórmula, mas com uma nova história: a de Mufasa, pai de Simba, cujo destino no primeiro filme comoveu, e marcou, toda uma geração. Mufasa: O Rei Leão estreia nas salas de cinema portuguesas a 18 de Dezembro. Levem os lenços de papel.

Lançado há precisamente 30 anos, a longa-metragem animada O Rei Leão ficou para a história como um virar de página nas produções com o selo Walt Disney, uma vez que foi esse o primeiro filme animado original não adaptado. A história do leãozinho órfão que encontra uma nova família, cujos membros incluem os populares Timon e Pumba, é ainda hoje uma das produções mais acarinhadas da Disney e também uma das mais comoventes, muito por culpa da morte de Mufasa, que desencadeia o resto do enredo. E é ele que volta ao grande ecrã, numa história que acompanha a sua vida desde pequeno até se tornar o Rei Leão que conhecemos há muitas décadas.

E quem nos vai narrando a vida de Mufasa é outro personagem que também já conhecemos: Rafiki, o mandril xamã das Terras do Reino, que conta a lenda de Mufasa a Kiara, a pequena filha de Simba e Nala, e também a Timon e Pumba, que não podiam faltar no rol de personagens, mesmo que não façam parte do passado deste rei. O filme é narrado com recurso a flashbacks, nos quais se destaca outro personagem: Taka, herdeiro de uma linhagem real e filho dos pais adoptivos de Mufasa. E não é segredo: Taka é o verdadeiro nome de Scar, o irmão de Mufasa e o responsável pela grande tragédia do primeiro filme. O que este novo filme nos conta é, essencialmente, a história destes dois irmãos e de como o destino acabou por os separar. Mas a música agora é outra.

MUFASA: THE LION KING
©Cortesia Disney Enterprises Inc.Pumba e Timon, em 'Mufasa: O Rei Leão'

A banda sonora de O Rei Leão (1994), assinada por Hans Zimmer e complementada por temas de Elton John (música) e Tim Rice (letra), é inesquecível e oscarizada. Desta vez, a batata quente ficou nas mãos de Lin-Manuel Miranda, compositor que se destacou nas bandas sonoras de Vaiana e Encanto, nomeadas aos Óscares. Numa conferência de imprensa virtual em que a Time Out esteve presente, Miranda descreveu a banda sonora original como “imortal” e revelou que, se só houvesse este universo ficcional tivesse só esse filme, se teria sentido bastante intimidado nestas funções. “Mas existe um mundo inteiro de música de O Rei Leão. Existe o incrível musical da Broadway, há o álbum de Beyoncé, The Gift [com músicas inspiradas no filme], que de certa forma expandiu o vocabulário do que uma música de O Rei Leão poderia soar. Depois a minha arma secreta foi Lebo M, que é a primeira voz que se ouve no filme original [...]. Eu sabia que os seus arranjos corais e o seu incrível coro iriam levar o que quer que eu escrevesse para o próximo nível”, defende.

Curiosamente, na versão portuguesa há dois músicos portugueses, de origem africana, que fazem a dobragem de dois dos personagens (e cantam um bocadinho): Dino d’Santiago e Matay interpretam dois personagens secundários. Dino é Chigaru, membro do bando de Obasi, pai adoptivo de Mufasa. “Ele é um leão muito antiquado, muito diferente de mim, quer na forma como ele coloca a voz, de uma forma muito austera, muito rezingão, muito velhaco. E está sempre a reprimir a desobediência boa que Mufasa transporta na sua infância”, explica Dino d’Santiago à Time Out, numa conversa que decorreu em Lisboa, no restaurante Selllva. No mesmo local, também estivémos à conversa com Matay, que empresta a voz a Masego, o pai biológico de Simba. "A melhor forma de o descrever é este sentido de protecção, esta coisa do cuidar que ele tem, que transporta para a minha vida também”, diz Matay.

MUFASA: THE LION KING
©Cortesia Disney Enterprises Inc.Rafiki, em 'Mufasa: O Rei Leão'

Ambos os músicos são fãs confessos de O Rei Leão e sim, verteram lágrimas ao ver o primeiro filme. Dino confessa: “O Rei Leão fez-me chorar horrores, a morte do Mufasa foi… agora olha o simbolismo, estar a viver o Mufasa antes da morte. Chorei mais com a morte do Mufasa do que com familiares meus [...], aquilo mexeu muito comigo. Mas depois também tens esperança, quando vês o Simba a crescer segundo os valores do pai”. Matay recorda que diz também chorou “muitas vezes”, acrescentando: “uma lágrima fácil, até é perigoso”.

Sobre a importância da banda sonora, Matay – que “adoraria” fazer uma – defende que “é aquele veículo que nos transporta para o filme sem que ele esteja a acontecer num momento”, em particular a de O Rei Leão. “Ponham a banda sonora a tocar e eu acho que o mundo irá parar para ouvir. E quando pára para ouvir há uma viagem. Ainda por cima quem tenha um bocadinho mais de idade, há uma viagem natural à infância, onde vamos reviver essas histórias que O Rei Leão tão bem nos contou”. Dino, que compôs a banda sonora do filme português O Vento Assobiando Nas Gruas (2023), de Jeanne Waltz, diz que seria capaz de fazer disto a sua vida. “É incrível narrar, através da música e do som e dos silêncios, a envolvência de uma trilha sonora para um filme. Eu sou mesmo fã de cinema. Aliás, a sétima arte conquistou-me mais rápido do que todas as outras artes”. Mesmo a música.

Na versão original, as principais vozes são de Aaron Pierre, o primeiro Mufasa pós James Earl Jones, que morreu em Setembro passado e a quem este novo filme é dedicado; Kelvin Harrison Jr. como Taka (Scar já teve a voz de Jeremy Irons e Chiwetel Ejiofor); Seth Rogen e Billy Eichner como Timon e Pumba, papel que lhes coube na mais recente adaptação de O Rei Leão (papel no passado interpretado pelos actores Nathan Lane e Ernie Sabella). A realização é de Barry Jenkins (Moonlight) que na conferência de imprensa virtual defendeu que é a “clareza de emoção e clareza de propósito” a razão pela qual as pessoas se apaixonam pelas histórias de O Rei Leão. Em particular agora, que são expandidas e nos é dada a oportunidade de conhecer a sua “profundidade”. “Mas simplesmente não havia espaço para as suas histórias serem contadas na totalidade, para que pudessem mostrar o seu verdadeiro eu. Quando vi toda essa clareza de intenção, clareza de propósito, honestidade de emoção, quer tenhas quatro ou 104 anos, há algo em O Rei Leão para ti”.

Mufasa: O Rei Leão. Estreia a 18 de Dezembro

🎄Natal para todos – leia grátis a nova edição da Time Out Portugal

🏃 O último é um ovo podre: cruze a meta no Facebook, no Instagram e no Whatsapp

Últimas notícias

    Publicidade