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A associação CICLODA propõe “que o plano de expansão da rede ciclável, que deverá atingir os 200 quilómetros em 2021, seja posto em prática imediatamente, através de ciclovias instantâneas”. O objectivo é seguir o exemplo de cidades que têm recorrido a este modelo para reduzir aglomerações nos transportes públicos.
E se as vias de circulação automóvel fossem convertidas para uso exclusivo de velocípedes e veículos equiparáveis? A proposta é da CICLODA – Associação Oficina da Ciclomobilidade, que enviou na quarta-feira, 8 de Abril, uma carta aberta à Câmara de Lisboa, endereçada ao presidente da autarquia e ao vereador da mobilidade. Mentora da Cicloficina dos Anjos, uma oficina de reparação gratuita de bicicletas a funcionar há nove anos em Arroios, a associação sem fins lucrativos apela à criação de ciclovias instantâneas e dá exemplos de várias cidades do mundo que já estão a ocupar o espaço deixado livre pelo tráfego automóvel devido à actual pandemia.
“Em linha com outras organizações de âmbito nacional e internacional, vemos na bicicleta um meio de transporte cuja utilização deve ser incentivada como alternativa viável aos transportes colectivos, que neste momento apresentam riscos de contágio”, lê-se na carta aberta da CICLODA. A associação chama a atenção para o “aumento da velocidade média praticada na cidade” devido ao menor volume de tráfego automóvel, que “coloca em risco acrescido peões e ciclistas numa altura em que os serviços de emergência médica devem concentrar esforços no combate à pandemia”.
“Várias cidades no mundo adoptaram já medidas de contenção que aproveitam as vantagens da bicicleta e reconhecem o seu papel no sistema de transportes no contexto de emergência actual”, acrescenta na mesma nota Miguel Carvalho, da direcção, dando exemplos como Bogotá, que anunciou no Twitter a implementação de 22 quilómetros de ciclovias temporárias. Esta medida foi entretanto alargada para 117 quilómetros.
Noutras cidades também já se constroem ciclovias a partir de módulos encaixáveis feitos de plástico reciclado. A ideia é da Zicla, uma empresa especialista em serviços e produtos para cidades mais sustentáveis, e permite uma separação mais efectiva entre os carros e os ciclistas. A vantagem, contudo, é muito maior. Como a infraestrutura não é permanente e é tão fácil de montar como de desmontar, é possível testar o melhor local para colocar uma ciclovia sem custos adicionais. San Jose, na Califórnia, Bellevue, no estado americano de Washington, e Toronto, no Canadá, são apenas três das muitas cidades a usufruir actualmente deste sistema.
Além do apelo à criação da “ciclovias instantâneas e com prioridade aos principais eixos urbanos”, para “testar e ajustar a rede planeada, como ensaio para uma rede definitiva”, a CICLODA sugere ainda a extensão da gratuitidade da utilização da rede GIRA a todos os profissionais no activo, voluntários e prestadores de serviços de entrega de refeições e medicamentos, “tal como se fez nos sistemas de bicicletas partilhadas de Nova Iorque, Moscovo e Glasgow”. “Sugerimos ainda que a CML divulgue a lista de oficinas de reparação de bicicletas que estão em funcionamento desde que esta actividade foi permitida pelo decreto do Estado de Emergência, incluindo informação sobre horário, contactos e modo de funcionamento.”
A Cicloficina dos Anjos, que adoptou de medidas de segurança através de atendimento à porta e reparações feitas apenas pelos voluntários, está em funcionamento durante o Estado de Emergência todas as quartas-feiras, das 16.00 às 19.00, e noutros dias sob marcação através de e-mail.