Notícias

‘Cidade de Deus: A Luta Não Pára’, uma série entre a criminalidade e a esperança

Vinte anos depois de ‘Cidade de Deus’, as câmaras voltaram a entrar na favela do Rio de Janeiro para filmar uma série. Estreia a 26 de Agosto na Max.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
Cidade de Deus: A Luta Não Pára
©DRAlexandre Rodrigues, em 'Cidade de Deus: A Luta Não Pára'
Publicidade

Adaptado do livro de Paulo Lins, o filme Cidade de Deus marcou a história do cinema brasileiro e colocou no mapa a favela que lhe deu nome. Realizada por Fernando Meirelles, a longa-metragem coleccionou dezenas de prémios por todo o mundo e esteve nomeada aos Óscares, nas categorias de Realização, Argumento Adaptado, Fotografia e Edição. Meirelles é agora um dos produtores da série Cidade de Deus: A Luta Não Pára, a continuação da conhecida história, realizada por Aly Muritiba (Cangaço Novo) que marca o regresso de vários actores aos mesmos papéis da longa-metragem de 2002. Estreia a 26 de Agosto no streaming da Max (onde também é possível ver o filme), um dia após a estreia no Brasil.

A história original arranca em finais da década de 1960, numa Cidade de Deus ainda a dar os primeiros passos e onde percebemos o quase inevitável destino de um grupo de jovens e crianças que acredita só ter um caminho para o sucesso: a criminalidade. Mas todas as regras têm uma excepção: Buscapé (alcunha de Wilson), o personagem principal e narrador de todo o enredo, numa acção que rapidamente avança para os anos 80. Buscapé acaba por alcançar o sonho de ser fotojornalista, fintando o triste destino que lhe parecia estar traçado.

No entanto, se o livro e o filme nos mostram o pior lado da Cidade de Deus, num mundo dominado apenas pelo crime, a série promete alguma esperança, focando-se numa comunidade que não está apenas determinada em sair da Cidade de Deus, mas em ficar e mudá-la para melhor. Uma importante alteração de postura, que vai no sentido oposto do ditado brasileiro citado no filme: "Se ficar o bicho pega, se correr o bicho morde". A nova produção conta ainda com a ajuda de conhecidas personagens femininas que agora ganham um novo protagonismo, libertando-se de papéis que serviam mais como alicerces para os personagens masculinos.

Cidade de Deus: A Luta Não Pára é uma espécie de acerto de contas com o passado, mostrando o que aconteceu depois da cena final do filme, em que vemos os pequenos criminosos do gangue Caixa Baixa a virar a esquina, deixando no ar a ideia de que a luta por uma comunidade melhor não terminava com o fim dos criminosos que o filme acompanhou desde crianças. Ou seja, a história completa 360º, acabando com um novo grupo de miúdos que irá tomar conta do negócio. O enredo desenrola-se no início dos anos 2000, quando um traficante da favela sai da prisão após seis anos de pena. Ao mesmo tempo, os moradores da Cidade de Deus têm de lidar não só com traficantes de droga, mas também com autoridades públicas e as recém-criadas milícias, uma situação que acaba por unir a comunidade.
Ora, o traficante em causa é Braddock (conhecido como Lampião), antigo membro dos Caixa Baixa, pequenos arruaceiros que passaram a dominar o crime na favela depois da morte de Zé Pequeno. E não é o único actor que está de regresso. Alexandre Rodrigues volta a assumir as rédeas no elenco no papel de Buscapé, ao lado de outros personagens conhecidos, como Berenice (Roberta Rodrigues), antiga namorada de Cabeleira que agora é uma empreendedora da comunidade; Cinthia (Sabrina Rosa), que era apenas conhecida como a namorada do Mané Galinha e agora é a coordenadora do Centro Cultural Cidade de Deus; Barbantinho (Edson Oliveira), o melhor amigo de Buscapé que se torna um líder comunitário e sonha ser vereador; e o polícia Cabeção/Reginaldo (Kiko Marques) que se tornou Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro.
Thiago Martins e Andréia Horta
©DRThiago Martins (Bradock) e Andréia Horta (Jerusa)

Ao longo dos seis episódios, a série apresenta excertos do filme, servindo como flashbacks que reconstroem memórias dos velhos protagonistas, aos quais se juntam novos membros. É o caso de Jerusa (Andréia Horta) que ajuda a tirar Braddock da cadeia e conquista o seu coração; a jornalista Lígia (Elia Pereira) que está a fazer uma reportagem sobre os donos do tráfico da Cidade de Deus; ou Curió (Marcos Palmeira), o novo senhor do crime, mas também um homem de família.

Max. Estreia a 26 de Agosto

Leia a edição de Verão da Time Out, já à venda

+ De ‘Emily in Paris’ a ‘Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder’, as séries para ver em Agosto

Últimas notícias

    Publicidade