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Cinema Império perde uso cultural, prevendo-se obras na fachada e interior

Câmara Municipal de Lisboa converte uso do edifício icónico da Alameda, onde em 1992 se instalou a IURD. Foram também aprovadas obras de alteração.

Rute Barbedo
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Rute Barbedo
Jornalista
Cinema Império
João CarvalhoCinema Império
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Foi Cassiano Branco que o desenhou e, a partir de 1952, o Cinema Império tornou-se um lugar incontornável da cultura lisboeta. Na esquina entre a Avenida Almirante Reis e a Alameda Dom Afonso Henriques, a sala deixou de exibir cinema em 1983 para, nove anos depois, ali se instalar a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Passaram mais de 30 anos desde que os bifes e as cerimónias religiosas marcaram o lugar, mas apenas agora o seu uso passou de cultural a religioso, por decisão da Câmara Municipal de Lisboa (CML), noticia o Público

Além desta mudança, na quarta-feira, 4 de Dezembro, foi aprovado em reunião da Câmara o projecto de arquitectura para obras de alteração, com ampliação do edifício. "Na verdade, parte dos trabalhos até já decorreu, sobretudo na fachada, e a aprovação da intervenção foi a confirmação desse acto. Há, contudo, alterações relevantes planeadas para o interior, obrigando a demolições de vários elementos arquitectónicos. E que motivaram até um primeiro parecer negativo por parte da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), em Novembro de 2023. Uma objecção depois contornada pela entidade que, entretanto, lhe sucedeu, a Património Cultural, Instituto Público (PC)", escreve o mesmo jornal.

A queda do uso cultural, com os votos contra do Bloco de Esquerda e do PCP, permite ainda outras valências como a criação de serviços de administração, salas de actividades para crianças e jovens, salas de formação e reunião e dormitórios para receber funcionários residentes e estudantes, o que pode significar o aumento da área construtiva e da volumetria do edifício. A intervenção, continua o Público, "resultará num aumento da superfície de pavimento em 718 metros quadrados, passando dos actuais 4605 para os 5323 metros quadrados", considerando-se por isso uma operação urbanística de "impacto relevante".

Tanto o palco como a área envidraçada voltada para a rua poderão sofrer alterações. No primeiro caso, o que estava previsto e que não foi aceite pela DGPC terá sido o aproveitamento da caixa de palco para a construção de pisos onde seriam criadas salas de formação e residências. Agora, há algumas condições impostas pela PC, como a conservação das pinturas murais ou a recolocação da palavra "Império" na fachada. 

Sobre o caso, as palavras da vereadora comunista Ana Jara não foram leves. “Não estamos a falar de um edifício qualquer, este tem uma qualidade e um interesse público especiais, por ser um dos últimos exemplares de uma determinada época. Sendo um edifício classificado de interesse público, a Câmara deveria ter refreado a intervenção. Um edifício não é só a sua fachada. Tememos que seja o início de uma nova vaga de destruição do património”, comentou, citada pelo Público.

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