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“Rua do Carmo, Rua do Carmo, lojas bonitas”, bem que a mítica canção dos UHF podia ter lojas na sua letra, seria apropriado aos tempos – mais ainda com a abertura da nova Claus Porto. A histórica marca portuense de perfumes e sabonetes abriu uma nova casa na Baixa lisboeta para ocupar o espaço que pertencia à também icónica Livraria Aillaud & Lellos – uma Loja Com História que encerrou no final de 2017. E, sim, cheira bem, cheira a Claus Porto.
Caíram as monarquias e as repúblicas, instauraram-se ditaduras e fizeram-se revoluções. Tudo mudou, menos a Claus Porto, a marca portuense que se manteve e mantém firme, de pedra e cal, ao longo de mais de 130 anos. A nova loja em Lisboa vem reforçar a presença da marca no mercado nacional, e junta-se à primeira loja na Rua da Misericórdia – tendo a da Rua da Madalena encerrado – e à flagship store na Rua das Flores, no Porto.
Se há coisa a que a Claus Porto tem vindo a habituar os clientes fiéis, e mesmo os recém-chegados, isto já há mais de um século, é que não faz a coisa por menos, e a nova abertura é prova disso. A loja vem devolver à cidade e aos lisboetas um espaço mítico da capital datado dos anos 30, fruto de um projecto do engenheiro António José Ávila do Amaral, colaborador de Cassiano Branco.
“É o nosso dever continuar a contar esta história e acrescentar-lhe novos capítulos. 134 anos depois, a abertura desta nova loja, no coração de Lisboa, cumpre o duplo propósito de apresentar a marca num cenário privilegiado, e de devolver à cidade um espaço único”, explica em comunicado Francisco Neto, CEO da Claus Porto.
A história reescreve-se agora, não com as palavras de antigamente, mas com as fragrâncias de sempre e a delicadeza artesanal de cada referência Claus Porto. A antiga Livraria Aillaud & Lellos foi alvo de uma intervenção do ateliê Nuno Nascimento Arquitectos, numa parceria com a directora criativa da marca, Anne Margreet Honing. Mas há coisas que ficam, porque o que tem história tem de viver.
A fachada mítica daquele espaço, considerado objecto de interesse público em 2012, mantém-se intacta – ainda brilha o mármore de Estremoz e as famosas lombadas de livros gravadas com nomes de autores portugueses como Eça de Queirós, Teófilo Braga ou Camilo Castelo Branco, tendo a marca guardado para expor no seu interior algumas primeiras edições desses livros. O letreiro, esse deixou de ser o de antes e passou a dizer Claus Porto, mantendo a estética Art Déco.
Depois da montra impactante, é inevitável bater de frente com o móvel central, uma estante circular iluminada no topo, que era uma das imagens de marca da livraria e que agora expõe as fragrâncias da casa portuense, criadas pela perfumista britânica Lyn Harris, levando cada cliente numa autêntica viagem olfactiva.
O resto é história e uma vida centenária de criações que marcam gerações. As colecções Deco e Classico dispõem-se em redor dessa estante central, juntamente com os livros, e douram as prateleiras com sabonetes de todos os aromas da marca.
Há um neón avermelhado que marca a passagem para a área de grooming onde a estrela que mais brilha é, claro, a colecção Musgo Real, com especial destaque para o último lançamento desta gama, o Musgo Real Black Edition.
Ao lado, numa salinha interior da loja, ergue-se ao centro um lavatório monumental, também em mármore de Estremoz, para cumprir o ritual de limpeza já habitual das lojas Claus Porto – ou não se lesse no vidro da montra “Adoramos lavar as mãos”. É nessa mesma sala que se encontram os difusores para a casa, e os produtos de corpo e banho.
A viagem termina com aquilo a que a marca chama de “caixas-museu”, que guardam objectos e fotografias que fazem parte da história que a Claus Porto construiu até hoje. E que história.
Rua do Carmo, 82 (Chiado). Seg-Dom 10.00-20.00. 91 015 4046.