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Com passadiços e miradouros, avança o novo Parque Ecológico da Adraga-Praia Grande

Primeira fase deverá estar concluída até 31 de Julho. Recuperação de espécies nativas e protecção de zona para onde chegou a estar previsto resort são dois dos objectivos.

Rute Barbedo
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Rute Barbedo
Jornalista
Praia Grande
Duarte Drago | | Praia Grande
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A vontade de criar um parque ecológico na extensão entre a Praia Grande e a Adraga vem de 2021, quando a Câmara Municipal de Sintra (CMS) comprou 54,6 hectares de terreno à falida Cintra – Urbanizações Turismo e Construções. Mas apenas agora se dão os primeiros passos para a sua concretização, com a aprovação, a 28 de Janeiro, de um protocolo entre a autarquia, a Fundação Aga Khan e organismos públicos da área do Ambiente, avançou a agência Lusa.

A conclusão da primeira fase do projecto, que visa a limpeza de 35% da área e a construção de três quilómetros de trilhos sinalizados, está prevista para 31 de Julho. Até ao final de 2027, completa-se a limpeza do território, serão instalados miradouros e um centro de interpretação ambiental. A ideia dos itinerários não é de seguir uma moda, mas de impedir que as pessoas se tornem "uma ameaça para a vegetação", explicou ao Públicodirector-geral do Fundo Aga Khan para a Cultura, Luis Monreal.

Pegadas de dinossauros e biodiversidade

O grande objectivo do Parque Ecológico da Adraga-Praia Grande é a recuperação paisagística de toda aquela área, singular quanto ao património natural e histórico. Além das espécies endémicas, no eixo de mais de 50 quilómetros existem locais como o Calhau do Corvo, uma formação rochosa que, seguindo pela falésia pelos 339 degraus até à praia, permite descobrir pegadas de dinossauros com mais de 110 milhões de anos.

A urgência de fazer nascer esta figura de protecção para aquela zona prende-se, também, com a "presença significativa de espécies invasoras", com consequências para os ecossistemas locais. "Promover a biodiversidade nativa" é, assim, um dos grandes fins do parque.

Praia da Adraga
Duarte DragoPraia da Adraga

No futuro, o parque ecológico poderá vir a ser ampliado, com a inclusão de novas áreas a adquirir pelo município ou em domínio público marítimo, com o objectivo de "abranger o Fojo da Adraga", de acordo com o avançado por um técnico da autarquia à agência Lusa. O presidente da CMS, Basílio Horta, mostrou-se mais ambicioso, tendo adiantado ao Público que o parque poderá atingir os 100 hectares, perante o investimento acrescido de um milhão de euros (o valor de compra da actual parcela em projecto terá sido de 500 mil euros) por parte da autarquia. “Há uns terrenos privados que se encontram na área [próxima] e a Câmara tem intenção de os comprar. Se for necessário gastar mais, não se deixa de gastar”, acrescentou o autarca, lembrando que esta "é das zonas ambientais mais sensíveis do país", para onde chegou a estar prevista a construção de um resort hoteleiro.

Passadiços vão aumentar a pressão sobre a zona?

No domingo a seguir à assinatura do protocolo, 2 de Fevereiro, associação cívica de defesa do património QSintra, manifestava-se positivamente quanto à criação do parque, mas deixava algumas chamadas de atenção. Se a construção do centro interpretativo implica a "impermeabilização do solo, abertura de acessos, colocação de sinalética, guardas, etc.", a criação passadiços e miradouros artificiais trará uma "alteração da leitura de costa". "Os passadiços são estruturas com elevados custos de construção e de manutenção e com maior impacto, dada a atracção que constituem e o consequente aumento da pressão sobre a natureza. Em nossa opinião, a autarquia e restantes entidades envolvidas deviam resistir à moda dos passadiços e promover pedagogicamente um turismo de natureza sustentável, optando pela limpeza dos trilhos já existentes", propõem.

A associação receia, ainda, o alheamento da sociedade civil em relação ao andamento do processo. "É de esperar que esta comissão se dote da transparência que a importância deste projecto para a comunidade exige", pedem.

Embora o parque possa ser visitado em breve, espera-se que a regeneração dos solos e do ecossistema apenas esteja completa daqui a dez anos.

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