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O projecto escolhido para o anunciado alargamento dos jardins da Gulbenkian vai criar duas novas palas junto ao edifício da Colecção Moderna. O arquitecto japonês Kengo Kuma, vencedor de um concurso de ideias internacional, desenhou estas estruturas para que servissem simultaneamente como espaço de estadia e como elemento de transição para a nova parcela do jardim, a sul, onde será aberta uma nova entrada (haverá uma outra nova entrada, a poente). Será ainda criado um espaço expositivo adicional, também no edifício da Colecção Moderna, e novos percursos verdes pelo jardim.
Desenhado pelos arquitectos paisagistas Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto, o jardim, concluído em 1969, foi erguido no local do antigo Parque de Santa Gertrudes. Esses terrenos eram propriedade do filantropo Vasco Maria Eugénio de Almeida, que em 1957 vendeu à Gulbenkian seis sétimas partes da sua área total, ficando apenas com a parcela onde se ergue a Casa de Santa Gertrudes, aquele edifício que lembra um castelo e que na verdade funcionou como cavalariças do antigo parque. Em 2005, a Gulbenkian comprou parte do terreno junto a essa casa à viúva de Vasco Maria, Maria Teresa Eugénio de Almeida, que manteve o usufruto do espaço até à sua morte, em 2017. A casa e o respectivo logradouro permanecem na posse da Fundação Eugénio de Almeida.
No ano passado, a Gulbenkian lançou um concurso de ideias internacional de arquitectura e de paisagismo, para o qual convidou 12 ateliês de arquitetura. E foram quatro os grandes objectivos que pediam mentes brilhantes: o alargamento do Jardim Gulbenkian; a definição de uma nova entrada, a sul; a criação de uma área de jardim que estivesse integrada com o desenho paisagístico de Viana Barreto e Ribeiro Telles; uma solução de acesso deste novo espaço ao edifício da Colecção Moderna e restantes espaços da fundação; e a ampliação da própria área da colecção. Por unanimidade – num júri composto pelos arquitectos Emilio Tuñón, Gonçalo Byrne, Luís Ribeiro (paisagista) e dois administradores da fundação – foi escolhida a proposta apresentada pelo arquiteto Kengo Kuma, associado ao arquitecto paisagista Vladimir Djurovic.
Segundo informação que a Fundação Calouste Gulbenkian fez chegar à Time Out, e partindo da visão de Kuma, "a nova parcela de jardim deve retomar a linguagem do Jardim Gulbenkian na sua forma actual, já madura, conservando as espécies existentes e sendo densificado com novas plantações, com espécies autóctones". O objectivo é que esteja tudo pronto já em 2021, altura em que a contígua Praça de Espanha já deve estar, ela própria, transformada num enorme e romântico parque verde.
A primeira vez que os leigos em arquitectura portugueses ouviram falar de Kengo Kuma, o assunto era o Matadouro de Campanhã, um projecto que tem dado que falar no Porto. Mas vale a pena explorar o seu portefólio pelo mundo, como o Estádio Nacional de Tóquio, o Portland Japanese Garden Cultural Village, em Portland, ou o Besançon Art Center and Cité de la Musique, em França, só para dar alguns exemplos. A acompanhá-lo neste projecto está o libanês Vladimir Djurovic, autor da proposta de exteriores para o MAAT e sede da EDP e galardoado com o prémio Aga Khan pelo projecto Aga Khan Park, em Toronto.
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