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Encerrado desde Julho passado, o Miradouro de Santa Catarina voltou a abrir na noite de 31 de Dezembro, ainda que ilegalmente. A vedação foi entretanto reposta.
A questão do Miradouro de Santa Catarina continua na agenda em 2019. O Adamastor, como é conhecido pelos lisboetas, voltou a estar acessível, durante dois dias, a quem quisesse desfrutar da sua vista sobre o Tejo. Não foi a autarquia a antecipar a reabertura, prevista para Março: a vedação foi cortada de forma ilegal na noite de 31 de Dezembro, ainda a tempo das festividades pirotécnicas do fim do ano.
As primeiras fotografias da vedação vandalizada começaram a ser partilhadas nas redes sociais pouco antes da meia-noite. No dia seguinte, chegaram ao grupo que a plataforma Libertem o Adamastor mantém no Facebook. Em algumas horas, as imagens já mostravam um miradouro reocupado por alfacinhas e turistas, que aproveitaram ao longo de quase dois dias o acesso o espaço anteriormente interditado. As autoridades só voltaram a vedar o miradouro nesta quarta-feira, 2 de Janeiro, pelas 14.00.
"A CML [Câmara Municipal de Lisboa] já tratou de reparar a abertura que permitia passar pela Grade da Vergonha", escreveu então Rosa Silva Ramos, uma das administradoras da plataforma Libertem o Adamastor, documentando o momento como fotografias. A activista questionava também as "prioridades sobre a política e a manutenção dos espaços da cidade", ainda a recuperar do Ano Novo: "será que já recolheram todo o lixo amontoado que conspurcava as ruas e praças, um pouco por toda a cidade, hoje pela manhã?"
A Time Out encontrou Rosa Silva Ramos, ao final da tarde, no habitual encontro que a plataforma Libertem o Adamastor promove às quartas-feiras à entrada do miradouro ("como forma de protesto e de pressão mas também porque muitos de nós nos conhecemos aqui e vínhamos praticamente todos os dias"). A activista mostrou-se feliz pela iniciativa mas nega responsabilidades: "Posso garantir-te que não cortámos rede, aconteceu por vontade das pessoas. Mas que fiquei feliz por ter o Adamastor aberto outra vez, isso fiquei".
O grupo Libertem o Adamastor – fundado por Pedro Schacht, professor na Universidade de Ohio, e que tem quase 7600 membros no Facebook – tem sido uma das vozes mais activas na reivindicação da reabertura do Miradouro de Santa Catarina sem restrições, sendo presença assídua nas reuniões de discussão do projecto e tendo avançado com uma petição na Assembleia Municipal de Lisboa.
O local está encerrado desde o final de Julho. A autarquia decidiu avançar com obras de "recuperação do espaço público", num projecto cujo aspecto mais polémico é o levantamento de "uma vedação de protecção” a delimitar o miradouro. A cerca deverá ter dois metros de altura e o acesso ficará condicionado por um horário de funcionamento, o que não acontecia até ao início da obra. A segurança, a limpeza e a manutenção dos espaços verdes são apontadas pela câmara como motivos para esta intervenção, que apesar da sonora oposição com que tem sido recebida tem o apoio de alguns moradores da zona.