[title]
O gracejar perspicaz – e quase sempre em torno de temas bem sérios – de Clara Não já lhe valeu 179 mil seguidores no Instagram, um rico histórico de exposições individuais e colectivas e, mais recentemente, um espaço fixo de opinião num dos jornais mais lidos do país. A Clara Silva, nome que vem no Cartão de Cidadão, só faltava mesmo aventurar-se no mundo da moda. No final deste ano, lançou a Não Não, uma marca de roupa e acessórios que veiculam as mensagens que, há anos, a artista grita aos quatro ventos.
O objectivo é essencialmente um: criar um "clube de impertinentes, que vá para além da ilustração". "É o merchandising da impertinência, do quebrar do padrão de género nocivo, que é tão nocivo para homens como para mulheres e ainda mais para quem não encaixa nessa lógica binária", começa por explicar a artista. Clara percebeu que, depois dos prints e publicações de Instagram, os seus seguidores queriam mais qualquer coisa.
Os bonés e t-shirts foram os primeiros a ser postos à venda. Com uma pequena produção, os stocks são geridos em função da procura para minimizar o mais possível o excedente. Para as costas das t-shirts (38€), adaptou duas frases publicadas nas redes sociais: "vou só ali gritar e já venho" e "liberdade para ser quem sou e não quem me dizem para ser". Nos bonés (30€), um deles já esgotado, pode ler-se: "menos" e "esqueci-me da palavra-passe", um flagelo universal agora bordado para toda a gente ver.
A ligação de Clara Não ao têxtil já vem de trás. Já ilustrou sobre tecido e colaborou com marcas portuguesas, o que lhe facilitou e muito arrancar com uma etiqueta só sua. O mais recente lançamento é um casaco puffer (280€) feito em parceria com a portuense Daily Day, onde as palavras estampadas, tal como nas restantes peças, foi desenhadas à mão pela autora, a tinta-da-china. Um trabalho minucioso que alia manualidade e produção industrial.
"Já tenho outras parcerias em marcha, mas estou muito atenta ao que as pessoas me dizem – se preferem isto ou aquilo. Acho que há duas maneiras de trabalhar: criamos uma necessidade que ainda não existe no mercado, que é uma coisa que não me interessa tanto, ou vamos à comunidade perceber o que é que falta. E essa parte interessa-me muito mais porque é dar às pessoas o que elas já querem", resume.
Atenta aos seguidores, Clara já planeia os primeiros lançamentos do próximo ano. Fora da Não Não, a artista prepara-se para editar um livro, além de uma nova exposição agendada para o final de 2025. Quanto a novas propostas de guarda-roupa, o objectivo é continuar a "criar colaborações com outras pessoas" e, nesse campeonato, já está em conversações para criar as primeiras peças de joalharia, além de novidades também no que toca à roupa, que em breve passará a ser produzida toda na mesma fábrica. "O objectivo é ir alargando a marca a mais vertentes, sem nunca desvirtuar este conceito da impertinência, porque o conceito é mesmo: empoderar e transformar esta impertinência – o facto de, especialmente as mulheres, serem informadas, publicamente activas, terem espaço de opinião – em algo pertinente."
🎄Milagre de Natal – uma festa com TUDO à discrição
🏃 O último é um ovo podre: cruze a meta no Facebook, no Instagram e no WhatsApp