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Da realidade à ficção: 'Operação Maré Negra' está de volta

A segunda temporada da série galaico-portuguesa abandona o modo “inspirado numa história real”. A estreia está marcada para 10 de Fevereiro, com caras novas, incluindo a do protagonista. Falámos com o novo Nando – e também com Soraia Chaves e Pêpê Rapazote.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
Jorge López
©Manu SuarezJorge López interpreta Nando nesta segunda temporada
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Um ano depois da estreia da primeira temporada desta co-produção luso-espanhola, chega a 10 de Fevereiro à Amazon Prime Video e à RTP1 (em simultâneo) a continuação da história de Nando, um jovem galego pescador, e campeão amador de boxe, que se envolve com uma rede de narcotraficantes. Mas se a primeira temporada era inspirada numa história real, a que se avizinha segue em estilo livre, ou seja, é totalmente ficção. E expande o olhar sobre o narcotráfico entre as américas e a Europa, através dos olhos do mesmo personagem, mas cuja pele pertence agora a outro actor.

Uma maré negra é um derramamento de petróleo no oceano. Mas nesta operação, o único corpo estranho que vimos nas águas da primeira temporada foi um narco-submarino artesanal que atravessou o Atlântico carregado com toneladas de cocaína e três traficantes a bordo. Se ainda não viu os quatro episódios da primeira temporada, disponíveis na Amazon Prime Video e também na RTP Play, faça uma pausa neste texto e regresse mais tarde. Já está? Prossigamos.

Na segunda temporada, avançamos dois anos e vemos Nando a cumprir pena numa prisão galega. Mas não o reconhecemos imediatamente. Interpretado pelo espanhol Álex González na primeira temporada, é o chileno Jorge López (Elite) que assume o personagem ao longo dos cinco episódios da continuação de Operação Maré Negra. Com a saída dos actores portugueses Lúcia Moniz, que interpretava a inspectora Carmo, e Nuno Lopes, no papel de Sérgio, amigo de Nando que embarca na mesma missão suicida, entram Soraia Chaves, no papel da inspectora Dani, e Pêpê Rapazote, o criminoso Boza que protege Nando na prisão. Nota ainda para a participação de João Craveiro e Luís Esparteiro, num elenco que conta ainda com os espanhóis Oscar Jaenada (Hernán), Esther Acebo (La Casa de Papel), Nerea Barros (Terras Pantanosas) e Luis Zahera (El Reino) ou os brasileiros Bruno Gagliasso (Marighella) e Leandro Firmino (Cidade de Deus).

Operação Maré Negra junta a produtora espanhola Ficción Producciones e a portuguesa Ukbar Filmes, com o apoio da RTP e também da Televisión de Galicia, entre outras emissoras espanholas. E se na primeira leva de episódios construíram de raiz três submarinos, para emprestar realismo à produção, na segunda temporada foi a prisão que mereceu maior investimento, num cenário construído quase do zero numa antiga fábrica de armamento galega. Para perceber os meandros da produção, vale a pena espreitar o making-of Destino: Operação Maré Negra, também disponível na Prime, que faz a ligação entre as duas temporadas, com a ajuda de depoimentos de realizadores e protagonistas. Entres eles, Jorge López, o chileno que se transforma em galego. O que pode ser um choque inicial para os fãs do primeiro Nando, depressa se esvai graças ao talento do novo actor, que à Time Out explica que trabalhou o personagem de raiz. “É 100% novo. Fiz um trabalho próprio, honesto e sincero com o meu processo criativo que é a minha missão como actor. Gosto de fazer coisas diferentes, de apostar, de me jogar no vazio. Para mim este projeto foi um risco que poderia ter corrido mal. Mas não, correu bem, parece ou não sei…”, diz, com alguma modéstia à mistura. Nando é de facto um personagem “complexo e desgastante”, nas palavras de López, “um pouco uma vítima das suas más decisões”. Decisões que o levaram à cadeia, o tal mega cenário que envolveu alguns dos actores desta operação. Mas não foi apenas o cenário que conferiu realismo à situação. “Alguns figurantes eram ex-presidiários. E a experiência foi muito enriquecedora, geramos um diálogo muito bonito e honesto. Eles contavam-me as suas vidas, as suas histórias e claro, tudo é material para mim, para eu construir. Aprendi muito com estas pessoas, espero vê-los na prisão novamente se houver uma terceira temporada [ri-se].”

Soraia Chaves e Xosé Barato
©DRSoraia Chaves e Xosé Barato

Quem também não descarta uma participação numa terceira temporada são os actores portugueses Soraia Chaves e Pêpê Rapazote, com quem também nos sentámos a conversar e pedimos para nos contarem a história que não é contada sobre os seus personagens. “A Dani é uma inspetora judiciária portuguesa muito ambiciosa e que tem como foco principal na sua vida a sua profissão. É muito obstinada e vai fazer o que for preciso para conseguir o seu objetivo, porque não é capaz de fazer outra coisa. Posso imaginar muitas coisas para o seu passado, mas consigo adivinhar um desprendimento do que seria esperado para para a vida de uma mulher, como o casamento ou a família. O seu objetivo maior é desmantelar a rede de narcotráfico”, conta Soraia Chaves.

Pêpê Rapazote e Miguel de Lira
©DRPêpê Rapazote e Miguel de Lira

Pêpê Rapazote, que interpreta Boza, também conta mais sobre o seu presidiário: “O Boza é português, do Porto. Conheci muitos malandros do Porto parecidos com o Boza que trabalhavam em feiras, que depois se metem negócios automóveis de segunda mão, de peças de automóveis roubados, desmanchados. E de certeza que havia negócios como há muitos entre Minho, Trás-os-Montes e a Galiza. Toda a gente vai a Vigo e a Ponte de Pedra fazer negócios obscuros – e este não terá sido diferente.” Falada em portugês, galego e espanhol, a Operação Maré Negra é uma produção multicultural, sublinha Soraia Chaves. “Nesta segunda temporada,que passou a ser uma história ficcionada, entraram imensos personagens novos e há uma multiculturalidade que torna a história ainda mais interessante”, defende a actriz portuguesa. Mas apesar de ser considerada uma produção internacional, Pêpê Rapazote, filho de transmontanos, sentiu-se em casa. "Estamos a fazer na Coruña, com galegos. É a sensação que não saí de casa para fazer esta produção. Ainda por cima a minha personagem fala português. E é óptimo também esse sentido de pertença.", confessa o actor que não vê uma fronteira muito particular. “A Galiza é uma extensão de Portugal. Toda a música celta de um lado e do outro, toda a aproximação linguística. Se há fronteira na Península Ibérica que não existe é esta de Minho e Trás-os-Montes com a Galiza.”

Prime Video, RTP1 e RTP Play. Estreia a 10 de Fevereiro (T2)

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