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Politicamente Correto, de João Quadros, quer afirmar-se como um novo programa de humor "para um público exigente e esclarecido". O episódio-piloto – uma retrospectiva de 2018 – inclui uma interpretação herética de Nuno Lopes: Deus. Falta saber qual será a periodicidade.
João Quadros foi argumentista de muitos programas humorísticos de renome, de Herman Enciclopédia a Os Contemporâneos. Escreve para televisão, teatro, cinema, rádio e jornais. Sempre presente nos bastidores, tem estado na ribalta sobretudo nas redes sociais, onde também deu a conhecer o seu novo projecto. Politicamente Correto, que se estreou a 27 de Dezembro, em site próprio e no Youtube, é uma adaptação de formatos americanos, como o The Daily Show de Jon Stewart e o Last Week Tonight de John Oliver, à realidade nacional. Por enquanto, há um episódio-piloto e vontade de que o programa regresse semanalmente. Mas não há datas.
A realização está a cargo de Alexandre Montenegro, da Show Off Films, co-produtora do programa em parceria com a Mola Filmes. Trabalhar com João Quadros era um desejo adiado de Montenegro, que queria aventurar-se para lá dos filmes publicitários. O primeiro episódio está a servir para testar o formato, que mantém João Quadros a escrever sobre a actualidade política, económica e social portuguesa, tal como tem acontecido na última década com regularidade diária – para os programas com Bruno Nogueira, Mata-Bicho e Tubo de Ensaio, e em crónicas semanais, no Jornal de Negócios e agora no Jornal de Notícias.
“Um programa de humor deste género tem a vantagem de permitir associar vídeos e imagens e de chegar a um público mais abrangente", explica à Time Out Raquel da Silva, produtora e assistente de realização. "Suspeitávamos que estávamos a trabalhar para uma faixa etária entre os 25 e os 65 anos, um espectro muito alargado, e foi com enorme satisfação que verificámos que existe essa amplitude."
A transmissão é feita a partir de um cenário de bunker, simbolicamente alheio a qualquer tipo de pressão ou censura. A edição é intencionalmente alargada, de 46 minutos, mas o formato final rondará os 20. “Como temos várias rubricas, poderá oscilar, mas essa será a duração normal. Nós sabemos que a duração do piloto é excessiva aos olhos do público mais jovem, mas não para o público de faixas etárias superiores. Quando agora lançamos as partes mais curtas, o consumo é muito mais rápido.”
Para o projecto, foram convocados vários talentos, incluindo Paulo Furtado (The Legendary Tigerman) para a banda sonora original, e o actor Nuno Lopes, que “uma vez por mês, se estiver disponível”, é o protagonista da rubrica Entrevista com Deus". A actriz Joana Brandão também participa como intérprete intensa de "Língua Gestual com Pés".
Não há, contudo, data para o próximo episódio, estando a equipa focada em angariar parcerias com entidades e marcas que possam assegurar a estabilidade do projecto. “Enquanto produtora, a minha única intenção por enquanto é garantir que a total liberdade inerente a este formato se mantém. Hoje em dia, nas estações televisivas, é muito difícil de conseguir, porque há sempre um patrocinador que diz que afinal não dá muito jeito falar sobre aquilo. Nós não queremos sentir esse constrangimento criativo”, afirma Raquel da Silva. “Mas não colocamos de parte estar em plataformas como a Netflix, que investe já em conteúdos feitos e obedecemos às directrizes técnicas caso queiram conversar connosco um dia. Para já ainda não temos perspectivas futuras. A nossa premissa é ter um canal que as pessoas podem aceder onde quer que estejam.” A produtora garante, no entanto, que o projecto terá continuidade, ainda que com uma periodicidade mais espaçada.
Título do artigo foi alterado às 20.15