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Continua a ser movimento o que vemos a partir de um ecrã que não se mexe? Os criadores do festival InShadow acreditam que sim e, por isso, apostaram, há 14 anos, numa linguagem pouco usual em Portugal: a vídeo-dança, acompanhada de todas as artes multi e transdisciplinares que mantenham a capacidade de nos movermos — essa basilar forma de expressão — ao centro, seja ela transmitido em vídeo, instalação, fotografia ou performance. Se a disciplina é incomum, o InShadow também “não é muito fácil de explicar”, admite Pedro Sena Nunes, co-fundador do festival, que vai na sua 15.ª edição. Mas a forma mais sucinta de o fazer é esta: trata-se de um evento que cruza a representação do corpo com o universo das imagens, através de competições e mostras de curtas-metragens, espectáculos ao vivo, instalações e exposições.
Ao todo, de 9 de Novembro a 15 de Dezembro, o InShadow conta com duas competições internacionais — de 60 criações na área da vídeo-dança e de 12 documentários—, quatro performances, exposições de fotografia, instalações, workshops e masterclasses, em onze espaços da cidade, do Chiado ao Lumiar.
O arranque, a 9 de Novembro, faz-se no Museu da Marioneta, com a peça infantil Somatati, em que quatro personagens interagem à volta de uma caixa de memórias e falam de super-poderes. “Não são super-heróis, mas sim os nossos poderes, a nossa força natural, o poder da descoberta que todos temos”, explica Sena Nunes. Já na recta final do festival, destaca-se a performance-conferência Ghost Dance (2 de Dezembro, no Teatro do Bairro), resultado de uma primeira fase de um projecto de investigação da Universidade Lusófona sobre a realidade virtual, que posiciona performers e avatares numa coreografia partilhada. São “novos modos de interacção corporal, gerando inúmeras possibilidades ainda por explorar”, mas também muitas dúvidas sobre o que nos acontece a nós, seres dançantes, perante a perda de dimensões como o peso, a temperatura ou o tacto, na entrada do virtual em campo. No final do espectáculo, haverá uma conversa com o público para discutir o assunto.
Os momentos de palco incluem, ainda, Raio de Ti, a performance “muito pessoal” de Rita Vilhena (24 de Novembro, Biblioteca de Alcântara); a masterclass e performance Listen and be the space, com Renata Espinheira Gomes (25 de Novembro, galeria Note); e o espectáculo da companhia Inestética She’s Lost Control, uma celebração da música em geral e do pós-punk em particular (3 de Dezembro, no espaço artístico Safra). Em todos os espectáculos marca presença a componente audiovisual, seja através de ecrãs dispostos no cenário ou da presença de avatares, levando o diálogo entre o vídeo e o movimento para diferentes patamares.
Já as competições de curtas-metragens, que estão na origem do festival organizado pela Vo’arte, dividem-se entre as categorias de animação (14 e 15 de Novembro, no Museu da Marioneta), vídeo-dança e documentário (de 28 de Novembro a 2 de Dezembro, no Teatro do Bairro). “Este ano vamos ter seis sessões com dez a doze curtas cada”, detalha Pedro Sena Nunes, que viu, com a equipa, mais de 400 filmes para chegar a esta selecção e que destaca o facto de Portugal ser o segundo país (entre cerca de 40) com maior produção na competição, apenas atrás dos Estados Unidos. “Parece querer dizer que, apesar de todas as dificuldades conhecidas no meio e nas artes em geral, continuamos com uma grande força de criação”, afirma o responsável.
Além das curtas, estão programadas, ainda, exposições e instalações na Fnac Chiado, na galeria de arquitectura Note, no Espaço Cultural Mercês, no Espaço Santa Catarina e na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Temas da actualidade como as alterações climáticas ou os conflitos armados, mas também assuntos ligados ao estudo intemporal do movimento, como a relação do corpo com a natureza, com a arquitectura contemporânea ou com o universo da água estão representados nas diferentes frentes do festival.
Vários locais. 9 Nov-15 Dez. Vários preços
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