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De Abril a Julho, o LU.CA afina a voz com festas e cantorias

A festa do quinto aniversário celebra-se em Junho com uma ópera para crianças. Até lá, há muitas outras cantorias para as famílias.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
LU.CA – Teatro Luís de Camões
Ilustração de Bernardo CarvalhoAinda Mais Alto!, concerto de Afonso Cabral, Francisca Cortesão, Inês Sousa, Isabel Minhós Martins e Sérgio Nascimento
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Os próximos três meses do LU.CA vão ser uma animação. Desde as comemorações do 25 de Abril, com leituras encenadas e concertos para nos fazermos ouvir, até mini-gabinetes de curiosidades marinhas, não há razão nenhuma para deixar os miúdos de rabo no sofá e olhos postos em ecrãs, em vez de irem ao Teatro Luís de Camões. Até porque, confessamos, estamos todos ansiosos pelo 5.º aniversário do espaço, que se faz com uma nova ópera para crianças. Até lá, é aproveitar tudo o que há para fazer, ver e ouvir na Calçada da Ajuda.

Abril é revolução e cravos na mão

Comecemos pelo mês da Revolução dos Cravos. A programação arranca a 1 de Abril, com uma “Playlist em forma de revolução”, para ouvir no Spotify, e uma leitura encenada a partir de Era uma vez um cravo, um livro em forma de poema, com versos de José Jorge Letria, que se repete nos dias 2, 15 e 16, sempre às 11.30, no entrepiso do teatro. A encenação é da Plataforma285, mas é André Loubet quem dá voz aos encontros de uma flor com uma florista, um militar e muitos outros cidadãos de um Portugal que acordou em liberdade na manhã do dia 25 de Abril de 1974.

Já nos dias 16 e 23 de Abril, às 16.30, e 15 e 22, às 16.30 e 18.30, o LU.CA convida as famílias a antecipar o Dia da Liberdade e a cantar “Ainda Mais Alto!”, com a segunda temporada do concerto criado por Afonso Cabral, Francisca Cortesão, Inês Sousa, Isabel Minhós Martins e Sérgio Nascimento. Segue-se, para fechar as celebrações de Abril em grande, a estreia do projecto 23 por 3, que reúne duas escolas lisboetas – a Escola Artística António Arroio e a Escola Secundária Gil Vicente –, para uma performance teatral evocativa do poder da memória e da transformação, a partir de uma selecção de poemas escritos durante o Estado Novo e pós-Revolução do Cravos. As apresentações de entrada livre estão marcadas para os dias 28, 29 e 30.

Maio é para despertar, sair fora da caixa

Beatriz Brás, Francisco Lourenço e Martim Sousa Tavares estrearam Uma Outra Bela Adormecida em Janeiro. Correu tão bem que estão de volta, entre os dias 4 e 7 de Maio, com a reposição da peça que criaram juntos a partir de um texto de Agustina Bessa-Luís. Com projecção de vídeo e música ao vivo, interpretada pela Orquestra Sem Fronteiras, esta reposição contará ainda com a participação de elementos da Orquestra de Cordas da Casa Pia de Lisboa. O desafio é, para quem ainda não teve oportunidade de ver o espectáculo, reflectir sobre como, a dormir ou bem despertos, podemos (e devemos) experimentar ser quem quisermos.

Uma Outra Bela Adormecida
© Enric Vives-RubioUma Outra Bela Adormecida, de Beatriz Brás, Martim Sousa Tavares e Francisco Lourenço

Ainda no mês de Maio, além de “Oito colheres de sono”, uma exposição em vídeo para ver no entrepiso do LU.CA (4-11 Mai), e de histórias para famílias com crianças a partir dos três anos (6-7 Mai), o LU.CA volta a acolher o Festival Play, com um programa “Fora da Caixa” (13-14 Mai), cheiinho de curtas-metragens sobre o que acontece quando se pensa de forma diferente. O Teatro Luís de Camões é ainda palco do muito aguardado Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas, com duas propostas que exploram o mundo mágico das sombras e da luz. Llum, da companhia Nyash, e A Sombra das Coisas, dos TANGRAM Kolektiv, são os espectáculos que o FIMFA traz à Calçada da Ajuda entre os dias 18 e 28.

Esperem, esperem, não virem já a página do calendário. É que Maio ainda não chegou ao fim. Nos dias 13 e 14, Joana Bértholo e Mariana Magalhães apresentam-nos uma princesa muito, muito cansada. Com apenas 25 minutos, A Bela Não Adormecia é um espectáculo curto mas intenso de tarefas, compromissos e outras maldições. É para ver no entrepiso, com um pé no passado e outro no futuro, enquanto pensamos cá para nós: “Ai o calor que aí vem!”

Junho é só festa, festarola

Em Junho, entre os dias 1 e 4, temos a ópera A Menina, O Caçador e O Lobo para cantar os parabéns ao LU.CA, que celebra os seus cinco anos. Com encenação de Inne Goris, música de Vasco Mendonça e libreto de Gonçalo M. Tavares, trata-se de uma revisão musical tragicómica de contos tradicionais infantis contada a partir da perspectiva do lobo mau. Através dos seus olhos, aprendemos que, em vez de desejar mal aos porquinhos ou ao Capuchinho Vermelho, ele foi apenas alvo de preconceito, de uma série de coincidências infelizes e engraçadas, e de graves mal-entendidos.

A Menina, O Caçador e O Lobo
© José CaldeiraA Menina, O Caçador e O Lobo, de Vasco Mendonça e Gonçalo M. Tavares, no LU.CA

No início do mês, o teatro inaugura ainda o “Pequeno Museu da Mão”, uma exposição sobre “estas coisas estranhas que temos na ponta dos braços”. Assinada pelo colectivo Lavandaria e Luís Leal Miranda, fica patente no entrepiso até dia 25 de Junho, e é de entrada livre. Para acompanhar, de 3 a 6, a Lavandaria propõe a cereja no topo da mostra: uma oficina de serigrafia para crianças dos 7 aos 10 anos.

Entre 17 e 18 de Junho, há leituras encenadas, por um lado, e a exibição do live-action brasileiro A Turma da Mónica, por outro. Segue-se, nos dias 24 e 25, o concerto da banda Gato Pintor, um projecto da autoria de João Monge (letra) e Manuel Paulo (música), que promete levar a palco 14 canções inéditas sobre a vida de qualquer criança. Inês Sousa (voz e cavaquinho), Mariana Júdice (voz e guitarra), Sebastião Santos (voz e bateria) e Sofia Neide (voz e contrabaixo) interpretam.

Julho é metade descanso, metade contemplação

Com o Verão, chega a vontade de enterrar os pés na areia, dar mergulhos fresquinhos e nadar à sereia. O LU.CA sabe disso e não leva a mal: até já preparou uma “Playlist para ir para a Praia”, com curadoria de Tomás Wallenstein, que ficará disponível no Spotify logo no dia 1. Ainda assim, se as famílias conseguirem arranjar um tempinho, a agenda inclui um espectáculo da Escola Superior de Dança, o Ciclo 6, nos dias 6 e 7; sessões de cinema acessíveis (com legendas, interpretação em Língua Gestual Portuguesa e audiodescrição), nos dias 8 e 9; e ainda mini-gabinetes de curiosidades marinhas, entre os dias 15 e 23. Esta última proposta é da bióloga Ana Pêgo, que irá mostrar aos mais novos a sua colecção de objectos encontrados em praias, desvendar como uma ida à praia pode ser uma expedição e dar a conhecer uma nova espécie, a perigosa Plasticus maritimus.

LU.CA – Teatro Luís de Camões (Lisboa). Abr-Jul, vários horários. Desde 1€

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