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Num bairro cheio de tradição alfacinha, ainda que com cada vez mais visitantes, eis que nasce uma loja-restaurante que é um convite a viajar por outras paragens. As empanadas Mbq, uma sigla que se traduz em mi Buenos Aires querido, não são desconhecidas em Lisboa – já tinham um cantinho nos centros comerciais Colombo e Vasco da Gama e uma fábrica (com opção de take-away) em Campolide –, mas chegam agora à Graça para uma experiência argentina mais completa. Portuguesa e argentina, aliás.
“Esta é a nossa primeira loja de rua. Eu também sou português, por causa da minha avó”, começa por esclarecer o argentino Gaston Costa, um dos responsáveis a par da mulher, Carolina Cifuentes. “Em 1929, quando a minha bisavó migrou para ali [Argentina], a minha avó tinha 6 anos. Elas começaram a ter contacto com a cultura argentina e aos domingos faziam empanadas. Eram empanadas argentinas, mas com mãos portuguesas. Por isso dizemos que são empanadas argentinas com herança portuguesa”, continua.
Essa mesma receita foi passada de geração em geração até chegar a Gaston. “Na Argentina, as empanadas são muito comuns, como o bacalhau aqui. Mas em cada casa o bacalhau é preparado de uma maneira diferente. Esta massa tem algo particular, não é feita com a clássica receita argentina”, aclara Carolina. E foi, na verdade, por causa desta massa que tudo começou. “As pessoas iam a nossa casa e diziam ‘ay, qué rico’", lembra Carolina. Por isso, ainda do lado de lá, começaram a fazer empanadas para festas de aniversário e outras festividades.
Questionado sobre os ingredientes desta afamada massa, Gaston fecha-se a sete chaves. O segredo é a alma do negócio, mas sobre os recheios somos livres de falar. De momento há opções como a caprese, com mozzarella e tomate; cogumelos e queijo; maçã e queijo azul; frango; carne de vitela piri-piri; carne doce; e até a tradicional empanada argentina, também com carne. A de banana e nutella fica para a sobremesa (2,5€ a unidade; 10€ um pack de cinco). “Temos muitos sabores clássicos argentinos, mas agora estamos a experimentar alguns sabores locais. Queremos unir estas duas culturas”, garante Carolina. É de esperar, portanto, novos recheios num futuro próximo.
Com o que podemos sempre contar é com as bebidas. A cerveja Quilmes (3€) e o vinho San Telmo (10€ a garrafa), ambos argentinos, são estrelas no menu, mas também há Musa para os menos aventureiros. O chá de erva-mate é outra bebida típica na Argentina, e pode ser comprado para levar para casa como, de resto, toda a comida e bebida. Também não falta o doce de leite, os alfajores, e demais doçaria. “É uma comida muito prática. Tanto dá para levar para todo o lado, como ficar aqui a comer”, explica a responsável.
Sem estereótipos decorativos da sua pátria, quando entramos na Mbq, o primeiro indício de que estamos num espaço argentino são uns sapatos desenhados no chão – passos de Tango. O seguinte são dois relógios aparafusados à parede: um que marca a hora de Lisboa, outro de Buenos Aires. As duas mesas redondas sentam 20 pessoas. “As mesas são para partilhar. Foram feitas por nós”, comenta Gaston. Para o futuro têm várias ideias. “Queremos fazer mais coisas. Estamos a começar agora, mas queremos ter um pedaço de Buenos Aires aqui, ser um clássico argentino. Vamos ter tertúlia de tango às quintas”, remata Carolina.
Rua da Graça 67B (Graça). Seg-Dom 10.00-21.00
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