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Quem entra no número 58 A da Rua Maria da Fonte, na zona dos Anjos, mas já a caminho da Penha de França, nunca diria que até há pouco tempo aquilo era uma churrasqueira. Talvez o longo balcão, rodeado por bancos altos, que cerca um bar apetrechado com boas garrafas seja uma relíquia desses tempos – mas foi recauchutado e trazido para o presente. O ambiente do actual Baras Darbas não pesa, as cores e a decoração exponenciam a leveza; há espaço para estar de pé e meia dúzia de mesas onde descansar as pernas.
As escadas do rés-do-chão para a cave, no entanto, transportam-nos para outro lado. Também se chama Baras Darbas, mas este club escuro não tem nada a ver com o bar da moda do andar de cima. De um lado há mais algumas mesas, no meio as casas-de-banho, e uma pequena todavia agitada pista de dança. “O sistema de som foi construído à medida para termos uma experiência de clubbing”, mas com menos decibéis, começa a explicar Orlando Rodriguez, que dá a cara pelo projecto. “O desafio é educar as pessoas para consumirem música de outra maneira.”
Ele gosta de imaginar como é que seria o Baras Darbas se tivesse apenas um piso. “Fazer a fusão destes dois mundos – diferentes – deve ser interessante”, admite. “Mas trabalhar em dois pisos também é interessante. Porque há pessoas que entram, dizem olá ao bar e vão directamente para baixo. Estão só de passagem para o club. E outras que se ficam pelo primeiro piso e nunca descem”, observa. “Gosta dessa dualidade.”
Apesar de ser Orlando quem hoje fala pelo Baras Darbas, ele não esteve envolvido no projecto desde o início. A ideia partiu de Tadas Vaitkus, DJ lituano também conhecido por Tadas Quazar, que durante dez anos “foi residente do Opium, que seria o correspondente ao Lux em Vilnius”, segundo o nosso interlocutor. “Ele mudou-se para Portugal há dois anos e meio, quase três, e conhecemo-nos passado meio ano de ele cá chegar. No início, estava a pensar em fazer um restaurante, porque ele também tinha um izakaya em Vilnius.” No entanto, a meio das obras de reconfiguração e restauração do espaço, que se prolongaram por quase um ano, apercebeu-se do potencial da cave e quis tentar fazer um “mini-club”.
“Entretanto, ele disse-me que estava à procura de pessoas para fazer a identidade gráfica, e como sabia que eu fazia design gráfico, pediu-me para lhe mostrar o meu portefólio”, continua. “A partir daí, ficámos mais amigos e começámos a falar cada vez mais do projecto. Por alguma casualidade, tinha trabalho em vários bares de vinhos naturais nos últimos cinco anos, ou com música. Como o Vago, a Lisa e alguns projectos em Berlim, onde vivi. Também estive no Lux, no bar de vinhos, há talvez seis anos”, detalha. “Depois começámos a falar bastante de comunicação, de booking, a aprofundar tudo mais entre mim e o Tadas. A dada altura, como estava a desempenhar tantas tarefas, ele acabou por me oferecer partnership.”
Um bar “experimental”
Desde que abriu, na Páscoa, o Baras Darbas tem vindo lentamente a transformar-se no que pretende ser: “Um bar que é uma sala de estar confortável, onde acontecem coisas, com bom gosto e alguns produtos interessantes. Para onde se pode sair durante a semana para beber um copo e voltar cedo”, descreve. “Ou mais tarde”, acrescenta. Ou mesmo para onde sair ao domingo, as noites mais fortes da casa. A ideia, é no Outono – ou o mais tardar no Inverno – este espaço “bastante versátil e experimental” estar a funcionar a todo o gás. E ser, finalmente, a melhor versão de si.
A mais recente adição à oferta do espaço foi a abertura da cozinha. “A ideia é servir small plates, tapas, pratos para partilhar.” Actualmente, no menu, encontram-se azeitonas (4€), um cesto pão de pão acompanhado por manteigas de anchova, de tomate seco com chouriço, e de alho e endro (6,5€), uma selecção de charcutarias, queijos e azeitonas (11€), uma sopa fria de beterraba, típica da Lituânia (5,5€), arenque em brioche (11€), um par de sandes de rosbife (8,5€ e 10€) e um cheesecake basco de chocolate (5,5€).
Outra novidade são os cocktails da casa, desenvolvidos em parceria com Constança Cordeiro, da Toca da Raposa. “Temos quatro cocktails diferentes, pre-batched. Não vai haver shakers e terminamos só com uma folha de laranja ou uma folha de menta”, exemplifica Orlando. Além disso, há uma selecção de cervejas internacionais, vinhos naturais e outras bebidas alcoólicas e sem álcool.
“Queremos um bocado jogar nesta dicotomia entre ser um pub e um tasco, com um serviço honesto, sem ser muito requintado”, remata Orlando Rodriguez. “Mas depois com um grande cuidado na selecção e curadoria das coisas, com gosto.”
Baras Darbas. Rua Maria da Fonte, 58 A. Ter-Dom 19.00-01.00.
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